Russo é condenado à prisão por negligência em expedição a vulcão que teve 9 mortes

Por Mary Beth Skylis, da Outside USA

Russo é condenado à prisão por negligência em expedição a vulcão que teve 9 mortes
Expedição aconteceu no vulcão Klyuchevskaya, na Rússia. Foto: Wiki Commons

Um tribunal russo condenou Andrey Stepanov, diretor da agência de aventuras Extreme Time, sediada em Novosibirsk, a quatro anos de prisão por seu papel em uma expedição de 2022 que resultou em nove mortes no vulcão Klyuchevskaya. O tribunal o considerou culpado por oferecer serviços de expedição que não seguiram os requisitos de segurança padronizados.

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O vulcão Klyuchevskaya (4.754m) é um dos vulcões mais ativos na Península de Kamchatka, na Rússia. Também é o vulcão ativo mais alto da Eurásia e um dos mais altos do mundo. Atualmente, este vulcão é um destino extremamente popular para caminhadas e alpinismo não técnico, recebendo regularmente visitantes de todo o mundo.

A escalada do vulcão requer um visto para estrangeiros e uma permissão, já que faz fronteira com uma zona militar. A área é conhecida por ter condições climáticas adversas entre o outono e o início da primavera russos. Mas a parte mais desafiadora do pico está próxima do cume, devido aos gases vulcânicos, mudanças rápidas de temperatura e rochas soltas.

No ano passado, mesmo sem adquirir as permissões necessárias para o vulcão Klyuchevskaya, Stepanov organizou um passeio que levou dez alpinistas e dois guias ao vulcão em setembro, por um custo total de cerca de um milhão de rublos (aproximadamente R$ 55.000). Os clientes do grupo tinham idades entre 28 e 38 anos, e incluíam duas mulheres e oito homens.

Os promotores alegaram que Stepanov contratou dois guias inexperientes para liderar a equipe de alpinistas da expedição até o cume do vulcão e que foi a negligência de Stepanov que resultou em nove mortes perto do cume.

Durante a última etapa da escalada, quatro clientes caíram (possivelmente cinco, os relatos variam), o que resultou em suas mortes imediatas. Foi nesse momento que Mischenko, um dos guias, quebrou a perna. Detalhes sobre o incidente ainda não estão claros.

Após a queda, mais quatro alpinistas e Mischenko ficaram presos acima de 4.000 metros, quando neve, ventos fortes e cinzas do vulcão impediram um helicóptero de pousar perto deles. Os socorristas encorajaram os alpinistas restantes a descer o máximo possível para evitar a hipotermia. As temperaturas no cume chegavam a -14°C.

O segundo guia, Ivan Alabugin, deixou o grupo mais cedo no dia para acompanhar dois alpinistas que não estavam se sentindo bem até uma elevação mais baixa, antes de retornar ao local do acidente. Apesar das tentativas de Alabugin de mover os participantes da expedição restantes montanha abaixo, o grupo ficou preso no vulcão por três dias, resultando nas mortes de Mischenko e dos quatro clientes.

Após a morte de Mischenko, Alabugin voltou ao acampamento base para encontrar os últimos alpinistas sobreviventes. Alabugin e os dois participantes restantes sobreviveram ao incidente depois que um helicóptero foi enviado para 3.300 metros, onde eles se abrigaram em uma caverna no Passo dos Vulcanologistas. Os sobreviventes tinham bastante provisões e combustível quando uma equipe de resgate chegou e os transportou para a cidade próxima de Klyuchi. Alabugin sofreu com congelamento nas mãos e nos pés, enquanto os clientes restantes escaparam relativamente ilesos.

Após o incidente, o escritório do promotor de Kamchatka abriu uma investigação sobre os eventos que levaram à tragédia. Por fim, o tribunal de Petropavlovsk-Kamchatsky determinou que Stepanov não seguiu as regras de segurança envolvidas na escalada na Rússia, especialmente ao contratar dois guias sem a experiência ou credenciais necessárias para liderar uma rota técnica como essa, resultando em negligência que causou a morte de mais de duas pessoas. Além de cumprir uma sentença de quatro anos de prisão, Stepanov deve pagar uma indenização às vítimas no valor total de 11,5 milhões de rublos (cerca de R$ 630.000).

Após a condenação de Stepanov, é possível que o incidente determine como operadores turísticos e guias serão julgados no futuro por negligência em escaladas, estabelecendo o tom para futuras tragédias em cumes.