Pedalar pela Serra da Canastra tem tudo que é necessário em grande aventura: pouca estrutura, belas paisagens, celular sem sinal, lugares inóspitos e fartura de cultura local. Os vales imensos separam serras com subidas intermináveis, cachoeiras, chapadas, tudo preservado dentro de um parque nacional, onde nasce um dos mais importantes rios do Brasil, o São Francisco. Aliando isso às vantagens de se viajar de bicicleta, este roteiro de 250 quilômetros torna-se uma grande pedida para a sociedade dos amantes de programas de índio.
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1° dia
Saindo de Delfinópolis, siga no sentido de Sacramento por uma estrada principal de terra que vai margeando a represa do Peixoto, até o início da subida da serra das Sete Voltas. São 7 quilômetros de piramba até o vilarejo (último ponto de reabastecimento do dia).
Continue na via principal passando pelo triste reflorestamento da Votorantim até chegar a um entroncamento em T, onde é preciso virar à direita (siga a placa “Fazenda Portal da Canastra”). Nessa estradinha, pedale por mais 20 quilômetros até a portaria 3 do parque (não esqueça de levar algum documento + R$ 3 por pessoa para a entrada). Cruze por dentro do parque por mais 35 quilômetros até a portaria 2 por um trecho plano.
Chegando a São João Batista da Serra da Canastra, procure o Ricardo na Pousada da Serra, um grande ciclista conhecedor da região que irá recebê-lo tão bem quanto o Sr. Vicente, conhecido por todos no lugar, por oferecer um jantar de comida caseira no fogão à lenha.
2° dia
Volte para o parque e siga no sentido de São Roque de Minas. Após 8 quilômetros, vire a direita para a Garagem de Pedra, um lugar fantástico, que merece uma caminhada até a beira da montanha, para curtir o visual.
Ao lado da casa, tem início o downhill para o Vão dos Cândidos, em um trecho muito difícil onde às vezes é preciso descer da bike. Siga sentido ao Morro do Carvão, onde no topo fica o bar do Edmar (único ponto de reabastecimento). Lá é possível escolher entre seguir direto para a Babilônia ou descer para o outro lado, em uma piramba que leva para a primeira queda do velho Chico, a cachoeira da Casca d’anta. Altamente recomendado! A vista é linda, mas na volta paga-se o preço com 6 quilômetros de montanha pra subir.
De volta ao mirante desça para o vale e depois suba para o Chapadão da Babilônia e aproveite o alucinante downhill da Serra Branca para chegar no Vale da Babilônia. Ali, procure a “Pousada da Vanda” para passar a noite, em uma fazendinha mineira, com direito a comida feita no fogão a lenha e o melhor doce de leite do mundo, certamente uma recompensa merecida após pedalar pela Serra da Canastra o dia todo.
3° dia
Saindo do sítio da Vanda, pergunte o caminho até a Casa de Oração, um ponto de referência para os locais. Siga por 5 quilômetros e na bifurcação pegue a esquerda. Daí para frente, curta a belíssima paisagem e prepare-se para a temida “Caminho do Céu”, nome melhor impossível para essa subida. No topo, você vai entender que o paraíso está bem perto, mas é preciso pagar todos seus pecados pra chegar lá.
Após a escalada começa um interminável tobogã pela crista da serra, entre os vales da Bateinha e do Gurita, que leva até o vilarejo de Olhos D’água (um ótimo lugar para reabastecimento). O último trecho são 22 quilômetros de estrada de terra até o ponto de partida, Delfinópolis.
Nível: ****
Dica: Neste roteiro, peso é vida. Como os trechos têm muita subida, quanto menos carga, melhor. Leve somente o necessário mesmo. Uma roupa para o pedal e uma pra dormir, anorak, kit conserto bike e iluminação (nos dois primeiros dias pedala-se à noite). O reabastecimento de comida durante os deslocamentos é quase inexistente, portanto leve tudo o que for consumir e aproveite bem os jantares e cafés-da-manhã. Como toda viagem de bike faça uma revisão completa na magrela.
Vai nessa: a partir de São Paulo, deve-se seguir até Campinas e de lá pegar a SP-340 até Casa Branca e de lá seguir até Mococa. Passar por Arceburgo e dali seguir em direção a São Sebastião do Paraíso e depois Passos. Entre S.S. do Paraíso e Itaú de Minas, seguir sentido Cassia e dali pegar a balsa até Delfinópolis.