
Os primeiros cumes de 8.000 metros do ano eram esperados nesta semana no Annapurna, mas o tempo instável, inúmeras fendas expostas e um grave acidente complicaram a missão de sherpas e alpinistas na montanha nepalesa.
Pela segunda vez, a equipe responsável por fixar as cordas teve que recuar — desta vez, a 7.600m. “Nunca vi a montanha em condições tão ruins”, disse o expriente sherpa Mingma G, no último domingo (30).
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O Annapurna costuma ser o primeiro 8.000m da temporada, mas os alpinistas estão encontrando muita dificuldade para chegar ao topo da montanha de 8.091m. Em depoimento enviado para a Go Outside, o brasileiro Roman Romancini relatou a situação diretamente do Campo Base. “O dia já está bem fechado, com bastante vento lá em cima. Tudo nublado, tudo fechado”, descreveu.
Entre os desafios enfrentados, houve um grave acidente com o alpinista francês Vadim Druelle, que caiu em uma greta acima do Campo 3 no último domingo. Felizmente, um grupo formado por sherpas extremamente experientes conseguiu localizá-lo e resgatá-lo até o Campo 3. “Tivemos sorte de ter uma equipe muito heroica lá em cima, que conseguiu encontrá-lo e trazê-lo de volta”, contou Romancini.
Enquanto descia do Campo 2 para o Acampamento Base, Romancini acompanhou toda a movimentação pelo rádio, mas as informações ainda eram incertas. “Não sabíamos exatamente o estado dele, se estava inconsciente, se estava muito machucado”, explicou.
Quando chegou ao Campo Base, um helicóptero pilotado por um experiente suíço já estava tentando se aproximar do local do acidente. “Os ventos estavam muito fortes e incertos, em uma direção perigosa para o helicóptero, mas ele conseguiu retornar ao Campo Base para pegar um ‘lifeline’, uma corda, já que pousar era impossível.” Com a ajuda da força de resgate do Nepal, o alpinista francês foi retirado com sucesso da montanha.
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No Campo Base, Romancini e outros alpinistas experientes prestaram os primeiros socorros a Druelle. “Eu, junto com Jorge, um alpinista espanhol muito experiente, e a médica italiana Donatella Barbera, conseguimos levá-lo para a barraca cozinha, que era um pouco mais quente”, disse. O francês estava muito machucado, com queimaduras e congelamento severo. “Tratamos ele para evitar a perda dos dedos, com água e massagens.”
Felizmente, a equipe conseguiu enviá-lo rapidamente para Katmandu, onde ele já está no hospital, medicado e sendo tratado. “O mais importante é que ele está bem e não vai perder nenhum dedo”, afirmou Romancini.
Agora, o clima no Campo Base é de certa tristeza e apreensão após o acidente, mas Romancini segue focado no objetivo. “Precisamos descansar e esperar a montanha abrir para seguirmos com a expedição”, concluiu o brasileiro.
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