ONG dos EUA defende uso de restos humanos na compostagem

Uso de restos humanos em processos de compostagem ajudaria a preservar o planeta
Uso de restos humanos em processos de compostagem ajudaria a preservar o planeta

Sob o argumento de que os seres humanos são responsáveis pela mudanças climáticas e níveis de poluição durante a vida, e continuam a fazer isso depois da morte – usando o processo de cremação como exemplo principal – a ONG Recompose está travando uma batalha com os legisladores da Califórnia para tornar legal o uso de restos humanos de forma ecológica e sustentável: na compostagem.

+ Como construir uma casa sustentável com menos impacto no planeta

+ Cinco atitudes pelo meio ambiente que você pode adotar na sua rotina

+ Aquecimento global: Países nórdicos atingem recordes históricos de calor

+ Como a crise climática está afetando os maiores lagos do mundo

Essa é a alternativa sugerida pela organização comandada por Katrina Spade, que é uma das fundadoras da Recompose e garante que o processo de reutilização dos restos mortais de apenas uma pessoa ‘rendem’ cerca de dois carrinhos de mão de solo, significando uma economia de uma tonelada métrica de dióxido de carbono.

A chamada ‘compostagem humana’ vem sendo debatida nos Estados Unidos já ha algum tempo, e já é legalizada em alguns estados. Washington legalizou a redução orgânica natural em 2020, permitindo que o solo humano fosse usado na floresta e também doado às famílias agricultoras.

O Colorado e o Oregon promulgaram legislação semelhante – restringindo o uso do solo para o cultivo de safras de alimentos. Delaware, Havaí e Vermont também estão considerando projetos de redução de orgânicos naturais.

A Recompose está por trás dessa estratégia: com sede em Seattle, foi a primeira empresa nos Estados Unidos a entrar no negócio de compostagem humana, e quer atuar, agora, na Califórnia. Uma petição online está no ar, no site oficial da ONG, para pressionar as autoridades locais, via participação popular, a aprovar o projeto.

O argumento principal é o de que as opções tradicionais de pós-morte, como sepultamento e cremação, podem ser duras para o meio ambiente, ocupando terras que poderiam ser produtivas, emitindo elementos químicos no solo e utilizando combustíveis fósseis e gás.

“A redução orgânica natural permite um retorno literal à terra”, disse Anna Swenson, uma das gerentes de divulgação da Recompose, ao The Guardian. “Algumas pessoas gostam da ideia de estar na floresta quando morrem. Isso é o que eu escolhi para mim.”, completa.

O processo desenvolvido pela Recompose, como explica a Popular Science, envolve a colocação de restos mortais em um recinto fechado e a utilização de ar quente e materiais orgânicos como aparas de madeira, alfafa e palha, que permitem a entrada de micróbios e microrganismos que auxiliam na transformação.

Os corpos são colocados em um cilindro de aço, e materiais não orgânicos, como obturações de metal, marca-passos e articulações artificiais, são removidos.

Ao longo de cerca de 30 dias, o corpo, até mesmo ossos e dentes, se decompõe em solo, criando cerca de um metro cúbico de solo: o suficiente para encher dois carrinhos de mão.

O processo economizaria cerca de uma tonelada de gás carbônico por pessoa, de acordo com a Recompose – o equivalente a cerca de 40 tanques de propano. , disse Swenson.

Embora ecologicamente eficiente, a medida gera polêmica, principalmente entre setores religiosos, como a Igreja Católica, que argumenta que a prática não mostra respeito pelo falecido. A Conferência Católica da Califórnia se opôs ao projeto de lei no estado.

Ainda assim, a Recompose espera que a prática se expanda a outros estados, incluindo a Califórnia, que deve considerar a criação de uma legislação que permitiria a compostagem humana, ou a redução orgânica natural de restos humanos ao solo, seguindo outros estados norte-americanos.