O rei sem coroa

Aos 23 anos, o havaiano John John Florence é chamado de “o melhor surfista do mundo” até por Kelly Slater

Aos 23 anos, o havaiano John John Florence é chamado de “o melhor surfista do mundo” até por Kelly Slater. Só que ele nunca ganhou um campeonato mundial – será que isso realmente importa para o garoto-prodígio?

Por Mike Sager

O HAVAIANO JOHN JOHN FLORENCE está sentado em sua varanda de frente para o mar, com um dos irmãos e alguns amigos, checando se há algum sinal de um swell no tranquilo oceano Pacífico.

“Não dá para imaginar que amanhã o mar vai estar grande como dizendo”, diz, observando as ondas do North Shore de Oahu. Uma coroa de cachos dourados emoldura seu rosto. Olhos de um azul celeste e o nariz rosado são resquícios das fotos de bebê que a mãe gosta de postar no Instagram. Aos 23 anos, John John é considerado hoje o melhor surfista do mundo, até mesmo pelo norte-americano Kelly Slater – o maior atleta da história desse esporte.

“Nem parece que tem energia suficiente lá fora na água”, diz Koa Rothman, surfista profissional local, que cresceu ali perto.

“De jeito nenhum”, concorda John John, balançando a cabeça com descrença.

De acordo com as histórias da família, John John começou a surfar aos seis meses de idade, com uma prancha de bodyboard. Aos 6 anos, já era patrocinado pela marca de surf O’Neill. Aos 13, com apenas um metro e meio de altura, ele se tornou o surfista mais jovem a competir no badalado Vans Triple Crown.

Atualmente ele tem 1,88 metro e pesa 77 quilos. O corpo é longilíneo, com tórax forte. A mandíbula quadrada em seu rosto angelical lhe dá uma aparência de força silenciosa. Seu contrato com a marca Hurley, que dizem valer US$ 4 milhões de dólares, lhe coloca entre os 1% dos atletas mais bem pagos do surf mundial. Ele mora em um bairro elegante, em um terreno de frente para o mar, onde ficam os frutos de seu talento: um belo chalé reformado e uma casa de hóspedes. Há ainda uma coleção de “brinquedos” de verão, como um catamarã, um jet ski e uma dúzia de pranchas de surf. Um grupo de amigos e assistentes de confiança garante a realização de todos os seus desejos.

Ainda assim, para um garoto que tem sido chamado de “o próximo Kelly Slater” desde que estava no jardim da infância, John John está um pouco aquém do esperado. Enquanto Kelly venceu um mundial aos 20 anos, assim como o menino-prodígio brasileiro Gabriel Medina há dois anos, John John ganhou apenas um punhado de competições da Liga Mundial de Surf. Em 2015, terminou o ano em 14º lugar. Entrou para o Tour, a elite do surf, em 2011, e quanto mais tempo ele fica ali, mais urgente se torna a questão: como John John pode ser considerado o melhor surfista do mundo, se nunca conquistou um título mundial?

É FINAL DE INVERNO no Havaí, temporada de ondas grandes e férias dos competidores do WSL, a liga mundial de surf, que viajam para competições pelo mundo, entre março e dezembro. Para lá dos arbustos e da fina areia branca perto da casa de John John, fica um break chamado Log Cabins, parte de um trecho de praias perfeitas e picos históricos ao longo do North Shore. Conhecida como a Seven Mile Miracle, é a Meca dos melhores surfistas do mundo. Dentre os picos, há lugares lendários, como Rockpiles, Off the Wall, Backdoor, Sunset Beach e Pipeline.

Nas raras ocasiões em que as ondas passam dos 15 metros na vizinha baía de Waimea, um painel de juízes pode resolver organizar o torneio Quiksilver em Memória a Eddie Aikau. Surfista de ondas grandes e salva-vidas, Aikau se perdeu no mar durante um resgate, em 1978. O torneio, conhecido como Eddie, aconteceu apenas oito vezes desde 1984. É um evento especial, administrado pela WSL, mas não faz parte do Tour.

Na última edição de Eddie, em 2009, John John tinha 16 anos e não foi considerado bom o suficiente para ser um dos 28 convidados. Durante o Eddie anterior, ele tinha apenas 9 anos. Não é exagero dizer que ele vem esperando sua vida inteira para participar desse torneio, que acontece em um pico a meros três quilômetros da casa onde cresceu.

Em parte devido ao El Niño, que domina o Pacífico, desde a manhã de ontem o Eddie foi confirmado. Desta vez, John John foi convidado. Ele estará na terceira bateria. Por debaixo da mesa, seu joelho chacoalha feito um pistão.

Ao lado dele está Nathan Florence, seu irmão dois anos mais novo (Ivan, o caçula, é quatro anos mais novo). Nathan e Koa também são respeitados surfistas de ondas grandes e foram convidados para serem reservas para o Eddie – a dupla também vem esperando a vida toda pela oportunidade. Devido ao fato de o convite acontecer de última hora, por causa das condições das ondas, os competidores quase sempre vêm de locais distantes. Naturalmente, Nathan e Koa estão torcendo para alguém não conseguir chegar.

“Qual é seu número?”, John John pergunta ao irmão.

“Estou perto, mas não o suficiente”, responde, olhando para as ondas. Ele claramente não tem muitas esperanças. Nenhum surfista convidado perde a oportunidade de integrar um Eddie, a não ser que seja totalmente impossível chegar até lá.

“Sou o quarto reserva”, diz Koa, cuja mãe é havaiana. Seu irmão, Makua, é campeão mundial de ondas grandes. O pai deles é Eddie Rothman, conhecido por ser o fundador de um clube de militância para havaianos nativos nos anos 70, chamado Da Hui, cuja função principal era manter turistas e outros haoles longe dos picos locais de surf.

“Quem já está fora?”, pergunta John John.

“Albee provalelmente está preso no Oregon, e não tem mais vôos”, diz um esperançoso Nathan, falando de Albee Layer, surfista havaiano de Maui.

“Ele pode tentar voar até São Francisco ou Los Angeles”, afirma John John.

Nathan arregala os olhos. “Não conta pra ele!”

“Não fala nada!”, ri Koa.

Os garotos ficam ali sentados por um tempo em silêncio, observando as ondas. Tendo crescido como primogênito de uma mãe solteira, John John frequentemente fez papel de pai para os irmãos mais novos. Ele percebe que Nathan está decepcionado. “O que você acha de irmos surfar amanhã antes do Eddie?”, propõe John John.

“Com certeza deveríamos”, diz Koa.

“Claro!”, responde Nathan, mais animado.

ÀS OITO DA MANHÃ seguinte, o Eddie é cancelado. O swell previsto, que traria ondas colossais, não se materializou.

Na residência dos Florence, atrás de uma parede de rocha de lava, há uma sensação de estranheza, como estar em uma festa de um casamento que não aconteceu, com os convidados vagando pelo local, a maioria de pé desde as quatro da manhã, todos cansados e sem saber o que fazer.

“Acho que estamos todos brochados por causa do Eddie,” brinca Jon Pyzel, shaper das pranchas de John John.

Pyzel topou com John John pela primeira vez há 18 anos, quando olhou para fora da janela da loja de surf onde trabalhava e viu – segundo suas palavras – uma mãe linda e loira com três moleques chegando ao estacionamento em um carro enferrujado.

Seu nome era Alex Florence. Os três moleques loirinhos tinham 5, 3 e 1 ano. Pyzel achou seu pedido um pouco excêntrico: a moça queria uma prancha de surf sob medida para seu filho de 5 anos.

Ela insistiu. Pyzel concordou. Ele fez para o menino uma prancha de alta performance com rabeta squash triquilha, miniaturizada para 4’6”. O custo dos materiais foi US$ 200. A mão de obra foi grátis.

Pulamos três anos adiante. Pyzel encontrou com a família em um point chamado Gas Chambers, para encontrar com os meninos. O surfista veterano ficou espantado com o que viu. “John John pegou uma onda e, bum!, mandou um aéreo e desceu perfeito, depois continuou surfando. Eu pirei. Ele tinha 8 anos! Naquele tempo, nem os top do mundo faziam manobras como aquelas.”

Como se soubesse que era sua vez de entrar em cena, Alex Florence aparece no quintal de shortinhos e chapéu. Com ela estavam Nathan, Ivan e Herbie Fletcher, produtor de filmes de surf e ex-surfista profissional.

Alex cresceu em Ocean Grove, em Nova Jersey, e frequentou uma escola católica. Durante as férias, ela surfava, andava de skate e assistia a filmes de surf. Aos 16 anos, largou a escola e foi para Honolulu, no Havaí. Enquanto viajava, pegou carona com uma jovem que lhe ofereceu um trabalho como figurante em um filme chamado North Shore, onde o waterman norte-americano Laird Hamilton estrelava como o antagonista – um surfista profissional cuja competitividade acirrada conflitava com a abordagem mais espiritual do herói do filme, que surfava por amor ao esporte.

Aos 22 anos, ela estava viajando pela Europa com o pai de John John, quando ficou grávida. Tocada pela saudação militar desoladora de John F. Kennedy Jr. no dia do funeral de seu pai, ela batizou o filho primogênito em homenagem ao apelido de Kennedy Jr. O casal ficou junto até terem mais dois filhos.

Atualmente John John parece um pouco dividido com relação ao seu nome. O lado positivo é que o nome se tornou sua marca, pelo qual as pessoas do mundo todo o conhecem e pelo qual todo mundo sempre o chamou. E, como diz o próprio, ele não dá a mínima para como as pessoas o chamam.

O lado negativo é que John John é meio infantil, e ele sabe. E tem mais: John Florence é o nome do pai que os abandonou. Florence pai publicou uma curta biografia em um e-book pela Amazon em 2014 chamada F.E.A.R [M.E.D.O., em tradução livre]. As linhas finais explicam que ele não terminou o livro porque estava indo para a cadeia por um ano por delitos de trânsito. “Estou aqui com uma sensação imensa de ruína, enquanto tento encontrar um meio de pagar meu advogado de defesa por dirigir embriagado.”

O relacionamento de Alex com John pai terminou quando Ivan mal começara a andar. Com a ajuda dos amigos, Alex estabeleceu-se em um pequeno chalé na praia de Rocky Point, no North Shore. Ela era garçonete à noite e frequentava a Universidade do Havaí durante o dia. Amigos e vizinhos revezavam-se para olhar as crianças – a comunidade surfista do North Shore era pequena. A maior parte havia chegado de outros lugares em busca de seus sonhos. Era como uma vila, ou uma família, daquele tipo que você escolhe. Para ajudar a fechar a conta no fim do mês, Alex começou a alugar pedaços do chão da sua casa, principalmente para surfistas de fora, por até US$ 350 por mês.

“À noite, a gente acordava para ir ao banheiro e tinha uns dez caras dormindo no chão. Ficávamos pisando em corpos”, diz Nathan sorrindo com a memória.

Em uma época em que muitos surfistas brancos lutavam por respeito e ondas no North Shore – em parte por causa do legado da turma havaiana de Eddie Rothman –, as técnicas absurdas, juventude e o bom humor de John John lhe garantiam certa imunidade. “John John era amigo de todo mundo, e o deixavam surfar. Só ele podia”, lembra a mãe.

Até hoje, John John se mantém cercado de antigos vizinhos e amigos da família: antigos tutores, baby sitters e irmãos mais velhos postiços, que o ajudam e aconselham.

“John John é um puro produto do North Shore. É como se fosse filho de todo mundo”, diz Pyzel, sentado na varanda da casa de hóspedes dos Florence, de onde se tem uma visão perfeita das ondas.

“Sabe como é quando a comunidade tem um time local?”, pergunta, Pyzel. “Ele é nosso time local. Quando ganha uma competição, nós todos ficamos felizes.”

“Desde muito jovem John John já entendia tudo muito bem”, diz o produtor Herbie Fletcher. Sentado ao lado de Alex em outro sofá, ele lembra o ator Dennis Hopper em Apocalypse Now. “Ele sabia exatamente o que estava acontecendo e já parecia adulto quando era muito jovem. Certamente uma alma velha.”

Alex riu. “Ao crescer, foi como se John John tivesse se tornado o chefe da casa. Às vezes parecia que ele era meu pai, sabe?”

Herbie diz que John John “tem uma magia”. “Aqui no North Shore chamamos isso de mana, o espírito. É como se ele pudesse sintonizar e puxar as ondas de dentro d’água. Você vê o John John sentado ali, ninguém está pegando nenhuma onda, daí do nada vem uma onda só para ele. Ele sabe como fazer com que elas venham lá do mar.”

JOHN JOHN ESTÁ na garagem separando e guardando equipamentos na mala. Já refeito da decepção do cancelamento do Eddie, está focado no próximo assunto.

Amanhã de manhã ele vai acordar antes de o sol nascer para pegar um avião até as Ilhas Marshall, no Pacífico central, pois foi convidado pelo dono da agência de aventura Indies Trader para uma viagem VIP de surf. Logo depois disso, começa a World Surf League, com 11 duras etapas ao longo de dez meses, que vão levá-lo à Austrália, Brasil, Fiji, África do Sul, Taiti, Califórnia, França e Portugal.

“É um ano longo de verdade”, diz John John no meio de uma bagunça de pranchas e equipamentos, soando um pouco como um garoto em idade escolar ao final das férias, não muito empolgado em preparar as malas e voltar à labuta das aulas.

Ele conta que desde muito jovem sua vida tem sido ir a competições. “Eu estudava no ensino fundamental durante a semana inteira, e no fim de semana minha mãe nos levava a Kauai ou para a Ilha Grande ou para a Califórnia para os campeonatos. Era muito legal.”

Os anos foram passando e as coisas tornaram-se menos divertidas, pois para entrar no Tour ele tinha que se qualificar – um nível de dedicação totalmente novo. “Daí de repente foi tipo… Peraí, estou aqui competindo com o Kelly Slater e todos aqueles caras que eu cresci vendo competir.”

Mas nem só de dedicação vive um astro. O estilo de John John, com influências do skate, é acrobático e, simultaneamente, agressivo e desencanado. Os estudiosos do surf apontam para suas incríveis habilidades sinápticas, seu dom natural de sentir e se ajustar ao momento. E tem ainda seu comportamento destemido, a forma como ele nunca parece vacilar quando as coisas ficam estranhas na onda. “Parece que a frequência cardíaca dele nunca acelera”, diz Matt Warshaw, autor da Enciclopédia do Surf e antigo editor da revista Surfer. “Ele fica relaxado, como se estivesse andando de skate em uma estrada por quilômetros.”

John John gostaria de ser um super-homem, mas sabe que não é. “Ainda sinto medo”, diz. “Tenho medo de voar, tenho medo na onda, de cair, de tudo. Mas eu cresci com isso, sabe, acho que fiquei um pouco mais confortável nessas situações.”

Quanto à falta de sucesso de John John no circuito profissional, pode ser que ele não seja tão excepcional assim. Os anais do surf estão cheios de grandes surfistas considerados os melhores do mundo em suas épocas, mas que nunca venceram um título mundial – de Phil Edwards nos anos 60 até Buttons Kaluhiokalani nos anos 70 e Dane Reynolds por volta de 2010. Porém todos deixaram sua marca no surf.

O maior entrave de John John é a falta de um forte instinto competitivo, como aquele do paulista Adriano “Mineiro” de Souza, atual campeão mundial. Segundo Matt, “parte disso tem a ver com John John saber que é duas vezes melhor surfista do que Adriano, todo mundo sabe. Não acho que ele veja um claro benefício em ficar entrando em competições só para correr atrás de um troféu”. Talvez seja isso: ele está mais interessado em surfar do que em vencer.

“O título mundial é importante para os surfistas que tentam ganhá-lo”, diz Kelly Slater. “Mas não é a medida definitiva de respeito pelos colegas surfistas. Isso só vem quando você manda bem dia após dia.” John John está claramente dividido. Ao conhecê-lo tem-se a sensação de que ele é o tipo de atleta que consegue fazer o que quer que lhe dê na cabeça. Assim como o problema do nome, é uma questão de identidade: onde ele se encaixa, o que ele quer fazer, quem quer ser.

Por outro lado, John John gosta do circuito profissional. “Você vai a uma competição e é tipo assim: ‘Ok, estou aqui por duas semanas. Toda minha energia, tempo, pensamento, tudo está focado nisso. Tudo que estou fazendo é em função da pontuação no final’.”

Por outro lado, quando ele não está competindo atrás de pontos, pode fazer o que quiser. John John tem paixão por fotografia (assim como meditação, vela e pilotar aviões pequenos). Também gosta de produzir filmes, por sorte, pois para os surfistas profissionais atualmente publicar um bom clipe ou um filme pode ser tão valioso quanto vencer um campeonato. Para isso, John John tem um editor e um videorreporter, além de um estúdio, que chama de Lab, onde guarda suas três câmeras Red e um drone.

No ano passado ele publicou o filme View from a Blue Moon no iTunes, produção de orçamento bem grande, que ele ajudou a dirigir e editar, com narração do ator John C. Reilly. O filme, gravado em resolução de ultradefinição 4K, foi criado em conjunto com uma produtora famosa chamada Brain Farm Cinema, e foi divulgado como o melhor filme de surf já realizado. Poucas semanas depois da estreia, sua taxa de visualização já era mais alta do que qualquer outro filme de surf já produzido na história.

Entretanto dirigir, gravar, surfar e agradar aos patrocinadores causou certo desgaste em John John. No ano passado, enquanto filmava depois de uma competição no Brasil, mandou um aéreo e aterrissou meio torto, rompendo os ligamentos do tornozelo direito. Acabou perdendo duas etapas e estragou as chances de vencer o título mundial. Teve gente se perguntando se John John deveria focar mais.

Nesta temporada, talvez consciente das críticas, ele diz que vai concentrar no Tour. Logo depois da viagem às Ilhas Marshall.

“Algum dia eu vou fazer só o que quiser”, diz, enquanto guarda cartuchos de CO2 nos bolsos do colete inflável, utilizado como precaução em caso de vacas em ondas gigantes.

“Vou ficar perto de casa, surfando e fazendo o que me der na telha. E quando eu souber de um swell legal, tipo no Taiti ou nas Ilhas Marshall, vai ser tipo ‘faz as malas e vamos lá’.”

DUAS SEMANAS depois, no dia 25 de fevereiro, o torneio Eddie está de volta. Kelly Slater, Shane Dorian, Greg Long e outros integrantes da realeza do surf chegam, e desta vez o swell vem.

No fim da tarde, com ondas de 18 metros e uns 30 mil expectadores reunidos no Waimea Beach Park, John John rema descompromissadamente para uma bomba. A prancha inteira desconecta da onda, enquanto ele desce pelo ar em frente à imensa parede. O surfista parece indiferente, relaxado como se a onda estivesse na altura da cintura, quanto uma parede de água branca o joga para baixo. Momentos depois ele reaparece. A pontuação o deixa em primeiro lugar até a buzina final.

Sobre o palco, recebendo seu cheque gigante de US$ 75 mil, ele dá um honesto sorriso de humildade.

“Eu vim na minha bike esta manhã para o campeonato, no escuro, e foi sensacional”, conta para o público. “As pessoas gritavam nas praias… a energia foi uma loucura. Morei aqui minha vida inteira e nunca tinha visto nada assim. Com certeza foi a coisa mais legal da minha vida.”

Se a vitória do Eddie atiçou o fogo competitivo de John John, só o tempo dirá. Será que ele vai se empenhar mais nos campeonatos ou será que continuará a viver do seu jeito, buscando a própria ideia de excelência?

Uma pista possível veio algumas semanas depois, quando liguei para ele na primeira etapa do Tour, o Quiksilver Pro Gold Coast em Queensland, na Austrália, e onde as ondas em Snapper Rocks tinham, no máximo, 80 centímetros.

“Qual é a melhor recordação do seu triunfo no Eddie?”, perguntei.

Naquela manhã, ele disse, antes de começar a competição, John John e o irmão remaram até a baía de Waimea. Enquanto Koa havia sido chamado como reserva no último minuto, Nathan não conseguira entrar.

“Fomos os primeiros a entrar na água”, contou. “Eu e Nathan pegamos uma onda muito boa juntos. Foi muito bacana.”







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