Sua próxima casa dos sonhos é uma cabana sustentável

Pare de querer uma mansão “elefante branco” de frente para a praia e entre para a nova onda do "menos é muito mais" (o planeta agradece)

casa2casais20
Casa dos Casais, em Campos do Jordão (SP) (Foto: cabana.arq.br)

Por Mario Mele

“NADA PODE SER MAIS EXCLUSIVO do que um refúgio integrado à natureza”, garante o arquiteto Estêvão Menegaz, um dos sócios do escritório Cabana, com base em São Paulo. Hoje, uma construção que leva menos em conta a quantidade de área construída para privilegiar a máxima interação com seu entorno é algo que, automaticamente, entra na lista de desejos de qualquer pessoa – principalmente se a área externa for uma montanha ou uma praia paradisíaca.

Fora que espaços modestos em tamanho podem ser compensados com atitudes desmedidas de bom senso. “Por via de regra, uma boa arquitetura é uma arquitetura sustentável, desenvolvida de acordo com o contexto social, a posição do sol, a direção dos ventos”, explica Estêvão. Em outras palavras, uma casa construída em uma região desértica não pode ser igual a uma habitação dos Alpes.

Para André Eisenlohr, outro sócio-arquiteto do Cabana, uma arquitetura sustentável aliada ao uso de materiais que respeitam as normas ambientais, como madeira de reflorestamento, só colabora para que o usuário se sinta confortável da forma mais natural possível. “A ideia de minimizar o uso de equipamentos artificiais, como ar-condicionado, deixa a relação com a casa bem mais íntima.”

E, mesmo que você não aguente mais ouvir o termo “sustentabilidade” empregado na construção civil, saiba que há milênios a arquitetura se baseia nesse conceito. “Claro que novas tecnologias e maneiras de enxergar o mundo elevaram a ‘sustentabilidade’ a outro patamar, mas isso não me tira a convicção de que a boa arquitetura é simples”, defende Estêvão.

Na prática, a obra que mais desafiou a criatividade dos profissionais do Cabana foi a Casa dos Casais, erguida sobre um terreno de declive acentuado em Campos do Jordão (SP). “Além da inclinação, o espaço é cheio de araucárias nativas, que deveriam ser incorporadas ao projeto”, explica André. A saída foi dividir a morada em dois módulos, cada um com 30 m², e com uma suíte completa. A cozinha é integrada, com janelas amplas que deixam a luz entrar à vontade e possibilitam uma linda vista para um parque florestal. Um deck une os dois ambientes e permite que as araucárias fiquem livres, ao mesmo tempo que também interagem com a construção. Outro desafio foi “camuflar” a casa na natureza. “Acabamos optando por revestir as paredes com taubilhas de pínus, que normalmente são utilizadas em telhados”, diz André.

Também foram aplicados inteligentes conceitos funcionais. A estrutura “flutuante”, com pilares de eucalipto fincados em sapatas de concreto, por exemplo, mantém a cabana longe da umidade do solo, além de mantê-la constantemente imune da ação dos ventos e da chuva. O sistema de fossa biodigestora produz adubo orgânico líquido, que é aproveitado no pomar. Nem a água dos chuveiros e torneiras é desperdiçada. Através de uma vala de evapotranspiração, o líquido que vai para o ralo é posteriormente filtrado por plantas que crescem em áreas molhadas. Além de todos esses recursos, a casa é linda. (cabana.arq.br)

Reportagem publicada originalmente na revista Go Outside de abril/2016 (ed. 128)







Acompanhe o Rocky Mountain Games Pedra Grande 2024 ao vivo