Se você enrola, faz listas enormes do que fazer e se perde, e na última hora acaba resolvendo tudo, provavelmente você é um procrastinador. O hábito de procrastinar traz fortes sentimentos de culpa, mas talvez você tenha sua redenção agora. Há fortes evidências de que os insights criativos precisam de tempo para se infiltrar – e que a quantidade certa de distração pode ser a chave para a inovação.
Muitos estudos têm indicado que insights criativos têm muito mais probabilidade de ocorrer após um período de “incubação” – no qual você se concentra em algo totalmente diferente do trabalho em questão (a.k.a procrastinar), enquanto seu cérebro trabalha nos bastidores. Isso pode incluir dar um passeio, fazer tarefas domésticas ou tomar um banho. Até dar uma olhada no Facebook ou ver vídeos engraçados no YouTube pode ser útil para a solução de nossos problemas.
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Existem muitas razões pelas quais um período de incubação pode levar a percepções novas e inventivas. De acordo com uma das principais teorias, depende do poder da mente inconsciente: quando deixamos nossa tarefa, o cérebro continua a procurar soluções em paralelo, até que uma solução surja.
O foco excessivo em um problema pode levar a soluções óbvias. Procrastinar cria uma distância psicológica que permite novas perspectivas. O ambiente ideal para isso acontecer parece ser tarefas envolvente, mas relativamente fáceis, que não consumam a atenção completamente, de modo que tenha espaço suficiente para vagar.
Essa é uma boa notícia para os procrastinadores, uma vez que muitas de nossas atividades “perdedoras de tempo” podem oferecer o nível ideal de distração para uma maior criatividade. A chave é usar a distração com moderação, como evidenciado por um novo estudo dos professores de administração americanos Jihae Shin e Adam Grant.
Os pesquisadores primeiro pediram aos participantes que pensassem nas melhores maneiras pelas quais um estudante empreendedor poderia gastar US$ 10.000 para iniciar uma nova empresa, que eles teriam que transformar em uma proposta de negócios. Para tentar a procrastinação, os participantes também receberam links para vídeos engraçados do YouTube, que eles poderiam acessar facilmente durante o exercício. Os pesquisadores então compararam o quanto eles procrastinaram com a originalidade de suas propostas.
O gráfico resultante parecia um ‘U’ de cabeça para baixo. As pessoas que fizeram alguns intervalos curtos para assistir aos clipes tendiam a ter ideias muito mais criativas do que os procrastinadores baixos e altos – apoiando a ideia de que níveis moderados de distração podem desencadear pensamentos inovadores.
Testando o princípio em um ambiente de trabalho, Grant e Shin questionaram os funcionários e seus supervisores de uma empresa de design sul-coreana sobre seus hábitos de trabalho e desempenho criativo. De acordo com os resultados do experimento de laboratório, os procrastinadores moderados surgiram com ideias mais originais do que seus colegas, que permaneceram firmemente focados nas tarefas do dia.
Se seu trabalho exige criatividade, é bom ter em mente esses resultados. Diante de um prazo iminente, a tendência é tentar ficar o mais focado possível. Mas pode ser mais produtivo permitir um fluxo de concentração mais flexível, se permitindo procrastinar um pouquinho, para ideias novas terem espaço.
Inclusive, isso pode ser incorporado na rotina de trabalho. Os pesquisadores de Stanford Marily Oppezzo e Daniel Schwartz descobriram que caminhar estimula o pensamento divergente, fornecendo novas perspectivas sobre quaisquer questões que estejam ocupando a mente de alguém. Curiosamente, os efeitos da caminhada que induzem a criatividade são semelhantes, quer ocorra em ambientes fechados ou ao ar livre. Os líderes podem, portanto, projetar um espaço de trabalho que estimule os funcionários a fazer mais caminhadas (já voltou de uma trilha com a cabeça recheada de novas ideias?).
Há boas evidências de que períodos curtos de sono também podem aumentar a criatividade quando você está refletindo sobre um problema, da mesma forma que procrastinação ao acordar.) Portanto, substitua a culpa por bom senso e abrace sua procrastinação. Ela pode acabar sendo a melhor amiga da sua produtividade.