Limpei a gaveta de vegetais ontem à noite e fiz um grande “stir-fry” para o jantar. Alho, gengibre, cenoura, cebola, alguns tipos diferentes de pimentão, brócolis, couve-flor, abobrinha, espinafre, aipo e cebolinha. Foram muitos cortes. 512 para ser exata.
Sim, eu contei. E aqui está o motivo: De acordo com um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Dakota do Norte, se eu estivesse usando uma tábua de corte de plástico, em vez da minha de bambu, eu teria criado entre 1.536 e 7.680 pequenas partículas de plástico, todas aderindo à tábua, à minha faca e, sim, aos meus vegetais.
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Tenho usado tábuas de corte de plástico há anos, então este relatório foi perturbador. Decidi ligar para o autor principal do estudo para aprender mais.
Himani Yadav é uma estudante de doutorado do terceiro ano, assistente de pesquisa e assistente de ensino na Universidade Estadual de Dakota do Norte. Durante seu mestrado, ela queria descobrir maneiras cotidianas pelas quais estamos expostos a microplásticos e mergulhou no mundo dos microplásticos em alimentos cozidos.
Estamos constantemente expostos a microplásticos em nossas vidas diárias. Pesquisas mostram que ele é comumente encontrado em água engarrafada, frutos do mar e no ar que respiramos. Quando aquecemos recipientes de plástico no microondas, ele se desprende em nossa comida.
Um orientador de doutorado sugeriu investigar a liberação de microplásticos das tábuas de corte e “isso me despertou a curiosidade”, diz ela. “Decidimos realizar um estudo preliminar e, à medida que aprofundamos, ficou claro que isso poderia ser uma investigação inovadora, lançando luz sobre o mundo frequentemente ignorado da exposição a microplásticos. Uma vez que o plástico é criado, não há fim para ele. Ele está aqui para ficar, não importa quantas vezes tentemos reciclar ou reutilizar. Ele apenas se decompõe em partículas menores que encontram o caminho para nossos corpos.”
Dentro do teste
Como todos têm técnicas e estilos diferentes de corte, Yadav recrutou cinco pessoas para realizar os testes. Ela encomendou 20 tábuas de corte da Amazon. Tábuas de corte de plástico típicas são feitas de polietileno ou polipropileno, então ela encomendou ambos os tipos para ver se havia diferença. Ela também encomendou tábuas de madeira, que serviram como controle.
Houve três fases de teste. Primeiro, as pessoas foram convidadas a imitar 500 golpes diretamente na tábua de corte de polietileno sem nenhum meio. Para o segundo teste, as pessoas permaneceram, mas as tábuas de corte de polipropileno foram trocadas, para que Yadav pudesse comparar a reação diferente de cada material nas mesmas circunstâncias. (As tábuas de corte de polipropileno liberaram um pouco mais de microplásticos, mas estatisticamente falando, a diferença foi insignificante.) No terceiro teste, cenouras foram adicionadas como meio de corte nas tábuas de corte de polietileno. (Yadav escolheu este material porque, de acordo com sua pesquisa, é o mais comum dos dois.)
Após cada ciclo, Yadav lavou as cenouras e as tábuas em uma bandeja de vidro cheia de água ultra pura. Em seguida, ela passou a água por um filtro de 1 mícron, examinou o filtro sob um microscópio, e contou e pesou os microplásticos capturados.
Deveríamos nos preocupar com os microplásticos?
Se você der uma olhada de perto em sua velha tábua de corte de plástico, verá milhares de marquinhas (veja uma foto da minha acima). Passe o dedo sobre a superfície e você também as sentirá. Cada marca representa uma degradação do material. E esse material tem que ir para algum lugar. Eu nunca imaginei que ele encontraria seu caminho para o meu stir-fry.
“Estimamos a liberação de 1 a 14 microplásticos por corte das tábuas de corte de polietileno e 3 a 15 microplásticos por corte das tábuas de corte de polipropileno”, diz Yadav. “Nosso estudo assume que a pessoa média faz 500 cortes por dia em uma tábua de corte, ou ao longo de um ano, 128 mil cortes. Com base nesses números, a exposição cumulativa a microplásticos varia de 7,4 a 50,7 gramas por ano.”
Para efeito de comparação, um cartão de crédito de plástico pesa cerca de cinco gramas, então a estimativa mais alta dessa exposição equivale a 10 cartões de crédito por ano, liberados em sua tábua e comida.
A próxima pergunta lógica: quão ruim é para nós ingerir microplásticos? Sobre isso, o veredicto ainda não está claro. O estudo de Yadav também incluiu um teste preliminar de toxicidade em células de camundongo (em vez de em seres vivos) para determinar o nível de impacto negativo na função biológica.
Hora de aposentar as tábuas de plástico
“Não encontramos resultados tóxicos ou efeitos do polietileno nas células de camundongo”, diz Yadav. “Mas esta parte de nossos testes foi muito preliminar e não detalhada.” Estudos de toxicidade geralmente duram apenas 24 ou 72 horas, então Yadav não ficou surpresa que não tenham sido observados efeitos agudos nas células de camundongo. “No futuro, faremos estudos de toxicidade mais aprofundados, porque há uma quantidade considerável de pesquisa existente sobre este tópico”, diz ela. “Sabemos que os microplásticos se transferem para os intestinos e a corrente sanguínea e que eles têm efeitos prejudiciais para os seres humanos. Os microplásticos podem estimular a produção de desreguladores endócrinos que estão ligados a vários tipos de câncer e distúrbios do sistema reprodutivo.”
Em outras palavras, não pode ser bom para nós. A opinião de Yadav: “Não podemos ver os efeitos agudos dos microplásticos agora, mas vai se mostrar que eles têm efeitos crônicos porque estão se assimilando em nossos corpos e tecidos.”
Quanto a mim, aposentei minhas tábuas de corte de plástico da cozinha. Elas estão no meu galpão de jardim enquanto tento descobrir o que fazer com elas. Talvez um dia eu me torne criativo com elas. Uma coisa que você NÃO deve fazer com elas: colocá-las na lixeira de reciclagem na calçada. Pelo menos não sem ligar para a instalação para confirmar que eles as aceitarão. (A maioria não aceitará.) E coloque uma bonita tábua de corte de madeira na sua lista de presentes de Natal.
Ou, melhor ainda, faça uma.
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