NOS 15 ANOS em que venho publicando o site sobre ciclismo The Radavist, escrevi análises detalhadas de mais de 30 modelos de mountain bike, incluindo alguns dos melhores que o dinheiro pode comprar. Por isso pode soar como surpresa que meu modelo preferido seja uma modesta hardtail.

Eu me apaixonei pelo equilíbrio entre simplicidade e capacidade que essas bicicletas têm. Pedalar uma dessas me dá uma sensação de orgulho que não experimentei em nenhuma outra bike.

Dito isto, completo: andar de hardtail tem seus desafios. Você não pode simplesmente apontar a bike e deixar que ela siga seu caminho, exatamente como faz com uma full suspension. Você tem que guiá-la pelas linhas mais suaves da trilha e pode fazer uma manobra ou salto aqui e ali.

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A velocidade é sua amiga nas situações difíceis, mas apenas se você estiver conectado – com a magrela, o terreno e seu corpo. Não há como descer preguiçosamente com uma hardtail.

Nenhuma outra máquina de montanha escala as trilhas íngremes e rochosas de Santa Fé (EUA), onde moro, como uma hardtail. Ela dança com eficiência pelas estradinhas da mata e pedala suavemente pela cidade até o início da trilha – você não vai sofrer com a sacudida e terá pouca perda de energia, além de não precisar regular o amortecedor traseiro. Com um pneu gordo, você tem toda a tração que pode desejar.

hardtail
O autor com sua hardtail Moots Womble na Sincere Cycles, em Santa Fé (EUA). Foto: Brad Trone.

A experiência é especialmente libertadora quando você encontra a combinação perfeita entre a geometria do quadro e o terreno. Minha preferência é uma aro 29 de 140 mm de curso com pneus de 2,6 polegadas e canote retrátil de curso longo. Eu pego 15 km de asfalto sem hesitação para chegar à nossa trilha mais popular, a Winsor.

Uma vez que chego no topo, não penso duas vezes para descer as linhas mais pedregosas, porque conheço minhas limitações e as da bike. E se eu quiser ir ainda mais longe de casa, a hardtail também é ótima para isso. No verão passado pedalei 350 km pelo Uncompahgre Plateau, de Telluride (Colorado) a Moab (Utah), pegando trilhas incríveis ao longo do caminho.

Hardtails não são só para ciclistas experientes. Ao longo dos anos, ajudei muitas pessoas a entrar no mountain bike, e muitas vezes recomendo uma dessas como introdução ao esporte. Elas tendem a ser mais acessíveis do que outros tipos (você pode comprar uma boa bike por US$ 2.000, enquanto uma full decente custará ao menos US$ 2.500).

E com um garfo de curso de 120 a 140 mm, praticamente qualquer trilha fica acessível. Você pode aprender as habilidades necessárias para pilotar corretamente uma bicicleta, ajustar sua suspensão e se divertir explorando novas linhas.

Bikes deveriam ser simples. Sem pontos de articulação e rolamentos, uma hardtail requer muito menos manutenção do que uma full. Posso contar nos dedos de uma mão o número de vezes que tive que fazer uma manutenção importante na minha.

Andar de hardtail é uma forma muito genuína de mountain bike que qualquer um pode desfrutar. Ela permite que você se sinta mais sintonizado com o terreno, faz de você um ciclista melhor, requer manutenção mínima e pode ser uma das suas bicicletas mais versáteis – ou, ouso dizer, sua única bicicleta.

*Matéria originalmente publicada na revista Go Outside 175.







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