Em mais um passo para transformar o espaço público e reduzir as emissões de carbono, Paris anunciou no domingo (23) novas restrições ao tráfego de veículos particulares em seu centro após um referendo popular. A prefeitura pretende fechar para carros cerca de 25 ruas em cada um dos 20 distritos da cidade. As informações são da agência DW.
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Atualmente, 220 ruas de Paris já não permitem a circulação de automóveis. Com as 500 ruas adicionais anuncidas no domingo, uma em cada dez ruas de Paris deverá ser de uso exclusivo de pedestres. Os endereços ainda serão definidos posteriormente, em consultas com a população.
A decisão deve implicar ainda na perda de até 10 mil vagas de estacionamento na capital francesa ao longo dos próximos anos. Esse número se soma às outras 10 mil já eliminadas desde 2020.
Nos últimos anos, a administração da prefeita Anne Hidalgo tem promovido uma transformação na paisagem parisiense. Ruas que antes eram dominadas por veículos agora são ciclovias, praças e áreas de lazer.
Desde 2016, a cidade já adicionou mais de 1.000 km de ciclovias e eliminou cerca de 70 mil vagas de estacionamento. O objetivo da nova medida é restringir o tráfego de automóveis não essenciais em uma grande parte do centro da cidade, incluindo áreas icônicas como o Marais e Île de la Cité. Apenas veículos de moradores, serviços essenciais e transporte público terão permissão para circular, enquanto turistas e visitantes precisarão buscar alternativas como bicicletas, metrô ou caminhar.
Essa mudança é parte de um plano maior para reduzir drasticamente a poluição e o ruído, promovendo ao mesmo tempo um estilo de vida mais ativo. Em Paris, cerca de 40% das emissões de gases do efeito estufa vêm do transporte rodoviário. Além disso, estudos indicam que a poluição do ar na cidade causa aproximadamente 2.500 mortes prematuras anualmente, tornando a restrição aos automóveis uma medida urgente de saúde pública.
Críticos argumentam que as mudanças podem prejudicar o comércio local e dificultar a mobilidade de algumas pessoas, mas os resultados das intervenções anteriores sugerem o contrário: bairros mais caminháveis tendem a atrair mais visitantes, impulsionar negócios e valorizar imóveis. Um estudo da Câmara de Comércio de Paris apontou que ruas convertidas em zonas para pedestres tiveram um aumento de até 30% nas vendas do comércio local. Além disso, a ampliação do transporte público e das opções de micromobilidade, como patinetes e bicicletas elétricas, compensa a ausência de veículos individuais.