Paris tem “sofrido” com um problema que muitas cidades gostariam de ter: congestionamento de bikes. Em algumas avenidas da capital francesa, as bicicletas já superam os automóveis nos horários de pico. Longas filas, buzinas e até discussões entre ciclistas já são realidade na cidade.
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“É uma boa dificuldade de se ter, especialmente quando pensamos no que Paris costumava ser”, diz Thibault Quéré, porta-voz da Federação de Usuários de Bicicletas, à agência de notícias Associated Press (AP).
Apesar de ser um “bom problema”, a cidade ainda tem desafios a encarar com o grande crescimento do tráfego de bicicletas. Ainda de acordo com a AP, muitos ciclistas desrepeitam faróis vermelhos e as regras de trânsito.
Nas vésperas de sediar as Olimpíadas de 2024, Paris também realiza inúmeras obras pela cidade, o que dificulta ainda mais a coexistência de carros, bicicletas e pedestres pelas ruas caóticas da cidade luz.
Segundo a prefeitura de Paris, todas as instalações olímpicas da cidade serão acessíveis para bicicletas nos Jogos do ano que vem, em uma rede cicloviária de 60 km.
A evolução das bikes em Paris
A nova era de congestionamento de bikes em Paris acontece após anos de esforço de Anne Hidalgo, prefeita da cidade desde 2014, em fazer da capital francesa, até então uma cidade hostil aos ciclistas, um local onde as bicicletas podem se deslocar com segurança e liberdade. Em 2016, Hidalgo proibiu o tráfego motorizado no centro de Paris.
A capital francesa viveu um “boom” de investimento nas bikes como mobilidade urbana nas últimas décadas. Em 2001, Paris tinha apenas 200 km de ciclovias e ciclorrotas. Agora, já são mais de 1.000 km direcionados aos ciclistas ao longo da cidade, de acordo com a prefeitura.
Mais ao norte da cidade, a ciclovia bidirecional no Boulevard de Sébastopol tornou-se uma das mais movimentadas da Europa desde a sua inauguração em 2019. No início de setembro, o local registrou um recorde: 124 mil ciclistas semanais (média superior a 17 mil ciclistas por dia), de acordo com a contagem do grupo Paris en Selle.
A prefeita cita a poluição como a principal motivação para seu esforço para aumentar o uso de bicicletas, eliminar veículos que geram emissões e fazer “uma Paris que respira”. Reeleita em 2020, o seu segundo “Plano de Bicicleta” de cinco anos direciona 250 milhões de euros (1,3 bilhões de reais) em investimentos adicionais até 2026, de acordo com a AP. São 100 milhões de euros a mais do que o plano do setor do primeiro mandato. A maior parte é destinada a mais ciclovias e estacionamento.