Outubro Rosa: conheça a história da lendária Rell Sunn

Por Alexandra Iarussi

Rell Sunn em Haleiwa. Foto: Jeff Divine.

Relembramos nesse Outubro Rosa uma primeira-dama do surf: a lendária Rell Kapolioka’ehukai Sunn.

Surfista de base regular e de alma, de Makaha, Oahu, Havaí, Sunn foi uma profissional do topo do ranking nos anos 1970 e 80, mas mais lembrada como a personificação da graça e cordialidade havaiana, e por sua luta desafiadora contra o câncer de mama.

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Sunn foi diagnosticada com câncer de mama quando tinha 32 anos; segundo o veredicto do médico, ela teria restantes alguns meses de vida.

Ao invés de se submeter à doença e ao prognóstico do doutor, Sunn fez exatamente o contrário: escolheu viver em plenitude. Nos 15 anos seguintes, encarou a vida com paixão, vivendo cada dia como se fosse o último.

Rell Sunn – The Spirit of Aloha | Aloha Surf Guide

Sua batalha contra a doença envolveria quimioterapia, radiação, transplantes de medula óssea e mastectomia.

Ela entrou em coma em 1988 e se recuperou; ela teve seis meses de vida em 1991. Mas meses e às vezes até anos se passaram com Sunn em saúde aparentemente perfeita, já que ela surfava diariamente, andava de bicicleta e viajava (incluindo uma expedição de surf inédita à China em 1986).

Ela trabalhou como DJ de rádio, operadora de computador e fisioterapeuta. Sunn se casou pela terceira vez em 1994, com Dave Parmenter, ex-surfista profissional da Califórnia, 10 anos mais novo que ela.

Rell Sunn, a Rainha de Makaha

Seu nome do meio, Kapolioka’ehukai, significa “coração do mar” em havaiano.

Freqüentemente chamada de “Rainha de Makaha”, Rell era a quintessência da mulher aquática, destacando-se em todos os esportes com água, incluindo surf, bodysurf, caça submarina e canoagem em águas abertas. Ela também era instrutora de Hula.

No início dos anos 70, Rell foi fundamental para estabelecer a Women’s Professional Surfing Association (Associação Profissional de Surf) e fundar o torneio de surf profissional feminino, no qual no primeiro ano ela terminou em terceiro lugar.

Em uma cultura onde proficiência na água é amplamente respeitada e os salva-vidas quase deificados, em 1977 Sunn foi homenageada por ser nomeada a primeira mulher salva-vidas do Havaí.

“Em parte devido a sua longa luta contra o câncer, Sunn era frequentemente apresentada na mídia do surf como nada menos do que uma beatífica santo surfista,” escreveu Matt Warshaw em sua Enciclopédia do Surf.

“A pior sensação. Você está no hospital e pega o resultado da mamografia. Eles estão te testando, e daí você vê um médico, ele relê o exame, tira fotos. Está ficando escuro; ligo para o meu médico e ele diz: “Ah, sim, eles me contaram que você tem câncer. Eu era jovem, tinha 32 anos. Não é comum ter câncer de mama nessa idade. O médico dizia que sabendo do que ele sabia e do meu corpo jovem e dos meus hormônios, eu talvez tivesse um ano de vida,” conta Rell Sunn no vídeo abaixo.

Segundo o escritor de surf e jornalista Warshaw, ela tinha outros lados: era faixa preta de judô, contava piadas sujas e às vezes exibia um temperamento terrível. Ela poderia ser doce e carnal ao mesmo tempo. “O surfe de um a um metro e meio em Makaha é um som tão bom”, disse ela ao jornal de surf de Bruce Jenkins em 1994, “é quase sexual”.

Durante sua batalha contra a doença, Rell afetou indelevelmente cada pessoa com a qual entrou em contato.

Sunn tinha 47 anos no início de 1998 quando morreu em sua casa em Makaha, no dia 2 de janeiro.

Três mil pessoas se reuniram para o memorial à beira-mar, durante o qual suas cinzas foram espalhadas nas ondas de Makaha, e seu falecimento foi notado em um artigo de três colunas no New York Times, no qual ela foi chamada de “um tesouro do estado”.

No vídeo abaixo, o havaiano Kalani Robb fala sobre o legado de Rell Sunn, e enfatiza como a “auntie” Sunn tinha estilo bonito, algo que para ele é crucial no surf. Ele conta também como se inspira na postura de Sunn para servir de apoio e auxiliar a nova geração. 

Sunn apareceu em cerca de uma dúzia de filmes, vídeos e documentários de surf, incluindo Super Session (1975), Liquid Stage: The Lure of Surfing (1995) e Modern Legends in Hawaiian Surf (1995). Heart of the Sea: Kapolioka’ehukai, um documentário sobre Sunn, foi lançado em 2002.

Ela foi introduzida no International Surfing Hall of Fame em 1991. Em 1996, ela foi introduzida na Caminhada da Fama do Surf em Huntington Beach e recebeu o Surf Prêmio Waterman Achievement da Industry Manufacturers Association; no ano seguinte, ela foi introduzida no Hall da Fama dos Esportes do Havaí.







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