Você consegue viajar sem um smartphone? Um novo estudo pediu a 24 viajantes que assumissem esse desafio e relatassem suas experiências durante um período de “desintoxicação digital” durante a viagem.

O objetivo era descobrir o quão diferente seria uma experiência de viagem sem o smartphone. Se isso geraria pânico ou liberdade aos voluntários da pesquisa.

As conclusões de um estudo – “Turning it off: Emotions in Digital-Free Travel” – desenvolvido pelas universidades de East Anglia, de Greenwich e de Tecnologia de Auckland foi publicado no Journal of Travel Research. Os pesquisadores analisaram as emoções dos participantes antes de desconectarem, durante a desconexão e depois de novamente se conectarem.

“Num mundo cada vez mais conectado, as pessoas habituaram-se a ter acesso constante a informação e a vários serviços fornecidos por diferentes aplicações. Contudo, muitas pessoas estão a ficar saturadas das ligações através da tecnologia”, sublinha ao jornal o pesquisador principal Wenjie Cai, da Universidade de Greenwich, e há uma procura crescente por turismo ‘analógico’. “Os participantes relataram que não só se relacionaram mais com outros viajantes e locais, como também passaram mais tempo com os seus companheiros de viagem”, destacou Wenjie Cai.

Ansiedade a sintomas de privação

A maioria dos participantes era da geração do millennials, descrita por um pesquisador como tendo “uma alta dependência de tecnologias digitais em suas vidas diárias”. Esses jovens “tendiam a ter reações emocionais mais fortes ao fato de estarem desconectados do que alguns de nossos participantes mais velhos”.

De acordo com o estudo, os primeiros dias foram os mais difíceis, repletos de “uma mistura de frustração, preocupação, isolamento e ansiedade”, e os participantes expressaram preocupações sobre situações de emergência e não conseguir ajuda. Eles também tinham que praticar novas habilidades:

“Os viajantes nesse estágio eram forçados a viajar de uma maneira antiquada, navegando usando um mapa impresso, conversando com estranhos e lendo horários de ônibus impressos. Dois de nossos participantes até desistiram nesta fase, pois acharam a experiência emocional insuportável”, descreve o estudo.

Os participantes sofreram mais ansiedade e frustração em destinos urbanos, devido à necessidade de orientação, acesso instantâneo a informação e recomendações digitais; enquanto aqueles que optaram por destinos naturais e rurais revelaram sintomas de privação digital pelas dificuldades de comunicações e pela incapacidade de “matar o tempo”.

Imersão no local

Gradualmente, no entanto, os que aderiram o desafio começaram a gostar da experiência. Além disso, eles se sentiram mais imersos em seu destino, fizeram amizade com os habitantes locais e tiveram melhores experiências com os companheiros de viagem. Quando eles chegaram em casa e se reconectaram com seus smartphones e redes sociais, a antecipação inicial deles se transformou em decepção quando perceberam como essas conexões on-line podem ser distrativas e superficiais.

Os autores do estudo sugerem que as operadoras de turismo prestem atenção a essas descobertas e considerem oferecer experiências de viagem de “desintoxicação digital”.







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