Comer emocional em tempos de pandemia: quando há um excesso? Não podemos negar que muitas vezes buscamos algum alimento para preencher algum vazio no nosso dia a dia, seja para dar aquele break no trabalho, seja por algum momento estressante ou simplesmente para passar o tempo. Após 1 ano de pandemia e isolamento social, ansiedade ou até mesmo ociosidade se tornou algo muito comum, e para variar a alimentação está presente nesses momentos.
Com o advento do trabalho remoto, o acesso a diversos tipos de alimentos durante o duia aumentaram. O que antes era escasso no momento de trabalho, se resumindo a cafeteria da empresa, ou a alguma lanchonete perto do trabalho, agora virou a despensa de casa ou a geladeira, onde as opções podem variar de algum alimento leve, até opções ricas em gorduras, açúcares ou aditivos químicos.
Para falar do assunto, convidei o nutricionista esportivo e youtuber Thiago Freitas. Segundo ele, essa maior oferta alimentar contribui para o aumento do consumo alimentar, em especial os alimentos com maior poder de trazer prazer imediato, como doces ou petiscos de uma forma geral. E entendam que o ato de comer com o foco em trazer algum conforto é perfeitamente normal, e muitas vezes saudável. O mais importante é saber identificar quando essa busca está em excesso, ou está trazendo alguns desequilíbrios.
“E para entender melhor esse fator, é preciso entender que existe uma fome ‘emocional’. Ela normalmente pode aparecer em algum momento de insegurança, ou como recompensa por um sentimento desagradável que podemos ter no dia a dia. De uma forma geral, ela é bem específica, ou seja, é uma vontade de algum alimento que nós gostamos, como uma pizza no meio da tarde, ou comer um pedaço de chocolate no meio da manhã, ou eventualmente comer um lanche antes de dormir. Essa fome emocional não respeita a fome fisiológica, pois é comum ela surgir após uma refeição, ou seja, não estamos buscando alimentos para saciar a fome, e sim para possivelmente lidar com alguma emoção”, diz o especialista.
É possível identificar os gatilhos que nos fazem buscar esses alimentos e algumas perguntas podem ajudar como: “estou com fome ou com vontade de comer?” ou “ao comer esse alimento, eu vou matar a minha fome, ou simplesmente preencher algum possível vazio emocional ou de tempo no meu dia?”. Toda vez que realizamos essa pausa antes de comer, geramos a possibilidade de entender o que está acontecendo, além de lidar melhor com o sentimento que nos faz buscar o alimento específico.
Portanto, não há a necessidade de controlar 100% o que comer durante o dia, o mais importante é: ao comer, realmente saboreie o alimento, tire um tempo para comer e degustar esse alimento, prestando atenção em todas as nuances, desde o aroma, até a textura e o sabor, pois assim sinalizaremos ao nosso cérebro que estamos comendo, gerando maior saciedade e possivelmente comendo menos vezes durante o dia. São pequenos passos realizados durante o dia, que irão melhorar a nossa relação com a comida e com os sentimentos.
BIANCA VILELA é autora do livro Respire, mestre em fisiologia do exercício pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), palestrante e produtora de conteúdo. Desenvolve programas de saúde in company em grandes empresas por todo o país há mais de 15 anos. Na Go Outside fala sobre saúde no trabalho, produtividade e mudança de hábitos. Instagram: @biancavilelaoficial