Há 10 anos, quase ninguém tinha ouvido falar do glúten ou no que ele significava. Mas ultimamente ele se tornou o novo odiado e as dietas “glúten-free” estouraram por aí. A moda pegou entre modelos, atrizes, e até entre atletas. Afinal, glúten faz mal para você?
Mas o que é glúten, exatamente? É uma proteína encontrada nos grãos de trigo, cevada e centeio. A maioria de nós o amava sem nem mesmo o conhecer, porque o glúten é o responsável por dar um toque especial às nossas comidas favoritas: ele faz a massa da pizza ser macia, dá ao pão a textura esponjosa, e é usado para engrossar molhos e sopas.
Uma alimentação sem glúten tem base na ciência, e realmente ajuda um problema de saúde genuíno. Para pessoas com uma disfunção digestiva crônica chamada de doença celíaca, o glúten é um mal real: o corpo deles considera até uma migalha de pão como um invasor e cria uma resposta imune.
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O problema é que essa reação imune danifica o intestino delgado, que causa um distúrbio gastrointestinal e uma deficiência nutricional. Se não tratada, essa condição pode levar ao câncer intestinal, assim como complicações como infertilidade e osteoporose.
Especialistas uma vez pensaram que a doença celíaca era um distúrbio raro, baseados no fato de que ela afetava apenas uma em cada 10 mil pessoas. Mas com o aumento de testes e conhecimento, mais pessoas perceberam porque elas se sentiam mal depois de comer um pedaço de pão, e as companhias alimentícias descobriram um novo mercado. Segundo a Fenacelbra (Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil), 2 milhões de brasileiros têm a doença.
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Agora outro problema está emergindo, e os especialistas estão descobrindo uma sensibilidade ao glúten não-celíaca. A sensibilidade a essa proteína pode levar a sintomas similares aos da doença, como dores de estômago, diarreia e inchaço. Mas, diferentemente da celíaca, a sensibilidade não prejudica o intestino. Por anos, profissionais da saúde não acreditavam que ela existisse, mas especialistas estão começando a ter conhecimento de que ela pode afetar mais de 20 milhões de americanos.
O tipo saudável de glúten
Graças ao aumento dos diagnósticos de doença celíaca, e casos de sensibilidade ao glúten, as dietas glúten-free têm emergido da obscuridade, e agora o pêndulo tem balançado completamente para outra direção. E com esse empurrão popular, as pessoas começaram a atrelar o esquivo do glúten como uma cura para diversas condições que não têm nada a ver com a celíaca, incluindo enxaquecas, fibromialgia, e a síndrome da fadiga crônica. Só porque alguns encontraram alívio, isso não quer dizer que uma dieta livre de glúten funciona em todos os casos.
E aí está a ideia de que uma dieta sem glúten é o passaporte para perder peso rapidamente. Mas não há nada mágico em uma dieta sem glúten que está fazendo você perder peso. O que está realmente trabalhando: um jantar glúten-free pode limitar seriamente o número de alimentos que você pode comer. Com poucas opções, você tem menos chances de comer demais. Mas o tiro também pode sair pela culatra, porque uma dieta livre de glúten não significa que ela não têm gorduras ou calorias. Sem o glúten para ligar os alimentos, os fabricantes geralmente usam mais gorduras e açúcares para fazê-los mais palatáveis.
Será que você deve parar de comer glúten?
Se você tem a doença celíaca ou sensibilidade ao glúten, a resposta é simples: Sim, você tem que parar. Para quem tem a doença, realmente glúten faz mal. Mas se você só quer dar uma acelerada na dieta, saiba disso: É uma dieta muito chata. Desistir do glúten pode soar tão básico quanto cortar o pão ou comer menos macarrão, mas isso é apenas uma parte do problema. Pelo fato de o glúten fazer os alimentos mais saborosos e espessos, ele é adicionado em tudo, do molho de salada ao molho de soja.
Além desse problema, você pode terminar com sérias deficiências nutricionais. Uma dieta sem glúten não é necessariamente saudável, especialmente quando as pessoas param de consumir alimentos que são fontes ricas de vitaminas e grãos e os substituem por brownies sem glúten. Na verdade, estudos sugerem que aqueles que deixam o glúten de lado podem ter deficiência de importantes nutrientes como ferro, vitamina B e fibras.
Aqui entra a importância de uma refeição planejada, a qual pode explicar porque algumas pessoas se sentem tão bem sem o glúten: eles estão comendo alimentos reais ao invés de ultraprocessados. Se você pula as besteiras sem glúten e foca nas frutas, vegetais, proteínas magras, laticínios, e grãos sem glúten como amaranto e quinoa, pode ser muito saudável. Então, não é que o glúten faz mal, mas ao tirá-lo você colocou no lugar mais variedade de alimentos saudáveis.
Seis sinais da sensibilidade ao glúten
Cerca de dois milhões de brasileiros têm a doença celíaca, causada por intolerância ao glúten, mas muitos não sabem. Essa situação acontece porque o diagnóstico do problema é difícil: pode ser confundido com doenças do intestino ou relacionado à carência de nutrientes. Dito isso, se você desconfia que tem um problema, não tire o glúten da sua dieta sem consultar um especialista. Se ficar sem glúten antes de fazer o teste, seus resultados podem aparecer negativos, mesmo que você tenha a doença.
A doença celíaca possui centenas de sintomas reconhecidos, de acordo com a Fenalcebra. Aqui estão alguns dos mais comuns:
> Diarreia crônica ou constipação;
> Excesso de gases e desconforto abdominal;
> Fadiga e dor de cabeça;
> Anemia;
> Perda de peso inexplicável;
> Nas mulheres, pode haver irregularidades menstruais.