Vivemos conectados. O celular se tornou uma extensão do nosso corpo — estamos com ele ao acordar, ao dormir, nas horas vagas e até em momentos em que deveríamos estar desconectados. Mas o que poucos sabem é que o uso excessivo desses aparelhos já começa a deixar marcas físicas visíveis, inclusive nos nossos dedos.
Você já reparou se o seu dedo mínimo está com alguma curvatura estranha, uma dorzinha persistente ou até mesmo uma alteração de formato? Parece exagero, mas é mais comum do que se imagina. E a pergunta que fica é: será que estamos mesmo prestando atenção nos efeitos físicos dessa dependência digital?
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Um estudo publicado no Journal of Health Research and Reviews avaliou 335 usuários de smartphones e revelou que 36,7% dos participantes apresentaram alterações visíveis na forma do dedo mínimo, com associação direta ao tempo prolongado de uso diário do celular.
Os pesquisadores observaram que as pessoas que utilizavam o aparelho por mais de cinco horas por dia estavam significativamente mais propensas a desenvolver esse tipo de alteração anatômica.
Essa adaptação do dedo é consequência do posicionamento repetitivo e prolongado em que seguramos o aparelho, geralmente apoiando o celular na base do dedo mínimo. A pressão constante e o esforço contínuo geram microtraumas e mudanças estruturais ao longo do tempo.
Além disso, com o uso intenso, os tendões e músculos da mão podem se sobrecarregar, provocando dor, rigidez e desconforto que, muitas vezes, são ignorados.
O impacto vai além do físico. Pequenas alterações como essa podem afetar a qualidade de vida e o desempenho em atividades simples do dia a dia, como escrever, digitar ou segurar objetos. E o mais preocupante é que, por serem sinais sutis e progressivos, muitos não percebem que o problema vem do excesso de celular até que a dor se torne persistente.
A saúde digital pede atenção
Mas será que só o dedo está em risco? O que mais está sendo afetado pelo uso desenfreado da tecnologia no nosso cotidiano?
De acordo com dados da Pesquisa TIC Domicílios 2023, 84% da população brasileira com 10 anos ou mais utiliza o celular para acessar a internet, sendo que grande parte desses usuários permanece conectada por mais de seis horas diárias. (Fonte: Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br).
Com essa hiperconectividade, surgem cada vez mais relatos de dores cervicais, problemas de postura, fadiga ocular, ansiedade e até distúrbios do sono. A chamada “doença digital” vai muito além dos dedos: ela impacta nossa saúde física, mental e social. Ainda que o celular seja indispensável na vida moderna, precisamos aprender a estabelecer limites saudáveis no seu uso.
Esse cenário nos convida à reflexão: como equilibrar tecnologia e bem-estar? A resposta está na informação e na conscientização. Entender os sinais do corpo, reconhecer os impactos do uso prolongado de dispositivos e buscar mudanças de hábitos são passos importantes para evitar consequências mais sérias no futuro.
O celular trouxe inúmeros benefícios para nossa rotina, mas também está cobrando seu preço. Alterações físicas, como as que ocorrem no dedo mínimo, são apenas um dos muitos alertas que nosso corpo emite diante do uso excessivo da tecnologia. Cuidar da saúde digital é tão importante quanto cuidar da alimentação ou praticar exercícios.
Aqui continua valendo o equilíbrio!
BIANCA VILELA é autora do livro Respire, palestrante, mestre em fisiologia do exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e produtora de conteúdo. Desenvolve programas de saúde em grandes empresas por todo o país há quase 20 anos. Na Go Outside fala sobre saúde no trabalho, produtividade e mudança de hábitos. Não deixe de visitar o Instagram: @biancavilelaoficial.