Natação em águas abertas inaugura nova era do Rocky Mountain Games em Juquitiba

Por Redação

FAZENDÃO AQUÁTICO: Atletas experientes e iniciantes participam da estreia da modalidade no Rocky Mountain Games. Foto: Ricardo Leizer / RMG.

Conhecido por reunir a tribo dos esportes de montanha, o Rocky Mountain Games abriu as portas para uma nova modalidade, no último sábado (15), no Fazendão de Juquitiba (SP): a natação em águas abertas.

Esporte que conta com referências como a campeã olímpica e mundial Ana Marcela Cunha, a natação outdoor tem ganhado cada vez mais visibilidade no Brasil, e o número de praticantes também não para de crescer.

Em Juquitiba foram cerca de 80 atletas, divididos nas distâncias de 750m, 1.500m e 3.000m. O palco da disputa foi a Represa Cachoeira do França, um oásis de água limpa, cercado de natureza e ar puro no interior paulista.

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Como toda prática outdoor, as variáveis que englobam as águas abertas são muitas: temperatura, água turva, correntes e vento são apenas alguns dos obstáculos. Por isso, além do esforço físico, a modalidade exige muita habilidade mental do atleta para se adaptar a todas as circunstâncias.

Campeã dos 1.500m em Juquitiba, a experiente triatleta Nah Pinheiro, 40, sabe bem disso. Ela nada em piscinas desde 1984, mas há apenas quatro migrou para as águas livres. “As águas abertas merecem todo esse crescimento e reconhecimento”, afirma a medalhista de ouro no Fazendão.

A veterana Nah Pinheiro mostrou técnica e raça para vencer nos 1.500m feminino. Foto: Therson Mehl.

Quando soube da inclusão das águas abertas no Rocky Mountain Games, a nadadora ficou curiosa para saber como seria a estrutura da prova inédita na Represa Cachoeira do França.

“Com muitos iniciantes, é importante ter provas com pilares fortes de segurança (caiaque, salva-vidas, hidratação) para que a experiência seja memorável e todos se sintam encorajados a continuar a nadar”, destaca Nah, que possui o canal do YouTube Coração Azul, onde compartilha dicas e tudo sobre a sua vivência no esporte.

“E a represa Cachoeira do França foi maravilhosa: água limpa cercada de verde, especial para qualquer estreia. As boias sinalizadoras estavam impecáveis: plena distância entre elas para uma boa navegação. Ponto de hidratação para quem faria mais de uma volta e espaço para estender a canga para os torcedores. Tudo redondinho”, afirma a nadadora, que mesmo com toda a bagagem no esporte precisou superar um perrengue dentro da água.

“Na prova eu tive um micro pânico e precisei nadar de costas depois da segunda boia. Acredito que pela roupa de borracha, senti muito calor, e provavelmente o mental querendo me sabotar. Mas, em questão de segundos, acolhi tudo que acontecia e trabalhei a mente para que ficasse tranquila e continuasse a nadar. Foi o que aconteceu: na segunda volta eu já estava com o nado encaixado, aproveitando cada braçada naquele lugar esplêndido e ainda levei um troféu para sempre lembrar dessa superação mental”, relembra a campeã.

Fazendão entre amigos

O bombeiro militar Joelmir Zanon (último à dir.) reuniu sua turma de amigos para competir no Fazendão. Foto: Therson Mehl.

Quem também migrou das piscinas para as águas abertas há pouco tempo foi o bombeiro militar Joelmir Zanon, 44, que aproveitou a oportunidade do Rocky Mountain Games para reunir amigos que compartilham o mesmo gosto pelo esporte.

Nas águas da Cachoeira do França, Joelmir nadou ao lado da esposa e de mais três amigos. Ao final da prova, nem mesmo o cansaço e os braços doloridos foram capaz de tirar o sorriso do rosto da galera. Em depoimento à Go Outside, Zanon contou que encara a natação como um desafio pessoal, mas também como uma forma de reunir amigos e família.

“Ao comentar com alguns amigos da academia acabamos fechando esse grupo heterogêneo para o RMG. Minha esposa fez a nossa inscrição e da minha filha Joana, de 11 anos, que participou do Acampamento Go Outside. Isso foi ótimo para fazermos a prova despreocupados, além de proporcionar para a Joana uma interação com outros crianças e com a natureza: ela tomou café da manhã na chegada, fez trilha, canoagem, slackline, jogou e almoçou”, conta o nadador.

Pódio dos 3.000m masculino em Juquitiba, categoria vencida por Murilo Bianchini. Foto: Arquivo Pessoal.

Dentro da água, sua esposa Ana Beatriz levou para casa o troféu de 4° lugar nos 1.500m feminino, enquanto o amigo Lucas foi o quinto nos 1.500m masculino. Mas para a turma, o ponto alto da prova foi compartilhar um dia de céu azul e água convidativa com a tribo de outros esportes.

“Essa interação com a natureza e com outros esportes de aventura foi sensacional. Tudo acontecendo ao mesmo tempo. Ver os cachorros do canicross se refrescando no lago pós-prova, a galera de diferentes idades praticando MTB, as corridas em geral. A arena também, montada com locais de alimentação, atividades como arremesso de machado, música, etc. No próximo ano estaremos de volta com certeza, e quem sabe com uma equipe ainda maior”, finaliza o nadador.

Estreante no pódio
Figura carimbada no RMG, Carol Carpi escolheu Juquitiba para fazer sua estreia em provas de águas abertas. Foto: Therson Mehl.

Os benefícios da natação em águas abertas são diversos: é um esporte que deixa corpo e mente resilientes, aumenta nossa capacidade de adaptação e reação, além de fortalecer a autonomia e tomada de decisão.

Para estimular novas pessoas a se arriscarem na água, o Rocky Mountain Games Juquitiba também buscou colocar distâncias menores, para ser inclusivo e incentivar a todos.

Isso foi um dos motivos que encorajou a multiatleta Carol Carpi a competir pela primeira vez em águas abertas. Veterana do RMG, ela já fez trail run, canicross e MTB. Desta vez, a atleta conta que precisou superar o medo e a ansiedade para conseguir cruzar a linha de chegada.

“Um dos meus esportes de base na adolescência sempre foi a natação, mas até pouco tempo nunca tinha nadado em águas abertas. Sempre foi desafiador para mim. E isso é algo que não dá pra fazer sem programação, uma estrutura”, relata Carol.

“Mas a Cachoeira do França foi o ambiente perfeito para essa primeira experiência em provas. A estrutura do Rocky Mountain Games, com botes, stand ups, me deixou muito protegida e segura. Qualquer levantada de cabeça já tinha alguém perguntando se estava tudo bem”, assegura a atleta, que ficou em terceiro na distância de 750m.

A tribo da natação em Juquitiba, modalidade que chegou para ficar no Rocky Mountain Games. Foto: Therson Mehl.

Para ela, a distância mais curta, de 750 metros, acabou sendo a ideal.

“No começo eu estava me sentindo agitada, com a respiração curta, não conseguia me acalmar. Mas comecei a me adaptar nadando de costas, de peito, como dava. Quando cheguei na última boia foi o momento em que finalmente consegui relaxar, colocar a cabeça na água e nadar os últimos 100 metros muito bem”, relembra Carol, que já está se preparando para a prova de 2025 e quer melhorar a performance.

“Sou uma pessoa que gosta de esporte, de movimento, e se for na natureza melhor ainda. Foi muito bom expor meu corpo a esse novo desafio, e como já tinha a experiência da natação na juventude, o Rocky Mountain Games abriu um novo mundo para mim, pois agora sinto que posso me desafiar a nadar onde eu estiver”, finaliza Carol.

Veja abaixo mais depoimentos de atletas que participaram da natação em Juquitiba:

“Para mim, a prova foi uma experiência incrível e desafiadora, e a organização do evento foi impecável. A natação em águas abertas oferece diversos benefícios tanto físicos quanto mentais, condicionamento físico, resistência e adaptação, consciência ambiental, socialização e diversos outros. Só tem a somar”Murilo Bianchini, campeão dos 3.000m masculino.

“Achei um nível técnico bom. Diversos atletas, desde os de ponta (tinha atleta do clube Pinheiros) até os iniciantes. Para uma primeira vez, ficou uma ótima impressão, além da ótima organização e comprometimento. Uma água calma e cristalina e com um visual deslumbrante. Ao redor de muitas árvores e verde, que dá uma sensação de estar junto com a natureza e tranquilidade. Muito bom. Não conhecia o local e recomendo muito a partir de agora”Rodrigo Garrigos, treinador da assessoria esportiva Blue Shark Treinamento.

OS CAMPEÕES DA NATAÇÃO DO RMG JUQUITIBA 2024

750m

Alexandre Manzan
Sahmla Gabriel

1.500m

Bruno Correia Noronha
Nah Pinheiro

3.000m

Murilo Bianchini
Sofia Silveira Sigrist

O Circuito Rocky Mountain Games termina em Campos do Jordão em 26 e 27 de outubro. O evento tem patrocínio da Francis e Cerveja Patagonia, com apoio da Tim, Prefeitura de Juquitiba e Mynd. Realização da Rocky Mountain Sports Content e a mídia oficial é a Go Outside.