Uma pesquisa liderada pela Autoridade de Bombeiros do estado de Victoria, na Austrália, descobriu que a crise ambiental e as mudanças climáticas estão influenciando diretamente no aumento do número de dias que um incêndio nas matas nativas pode durar – causando estragos sem precedentes.
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Além da destruição pontual, o estudo mostrou também que esse comportamento pode gerar uma “mudança significativa” no calendário da temporada de incêndios florestais na região, muito importante para o ecossistema australiano.
Realizada em parceria entre o departamento do Corpo de Bombeiros local, formado exclusivamente por voluntários, a Monash University e de institutos sediados nos EUA, a pesquisa foi publicada no International Journal of Wildland Fire, e usou 12 modelos para simular e prever o risco de queimadas na região.
Foram considerados cenários de emissões intermediárias e altas de gases de efeito estufa até o final do século para projetar condições futuras.
Em um cenário de emissões intermediárias, que se baseia nas tendências atuais com as emissões atingindo um pico global em 2040, as simulações mostraram aumento na pontuação do Índice de Perigo de Incêndio Florestal em partes do estado. No sudeste, por exemplo, houve aumento de 20% no índice de periculosidade.
O índice leva em consideração temperatura, umidade relativa, vento e seca na determinação do risco de incêndio, com uma pontuação de 25 considerada um dia de risco de incêndio “muito alto”.
No final do século, o mesmo modelo previa um aumento de 66% no número de dias de risco “muito alto” de incêndio no nordeste do estado, representando cerca de 29dias de queimadas incessantes.
No pior cenário de crise climática, em que as emissões de gases de efeito estufa continuam a aumentar ao longo deste século, as simulações mostraram aumentos entre 10% e 20% nas pontuações do índice de perigo de incêndio regionais, com a maior mudança projetada no noroeste do estado. Neste cenário de altas emissões, os pesquisadores projetaram que o número de dias de risco de incêndio “muito alto” poderia aumentar em até 200% em cinco áreas de Victoria.
“Já entendemos que as mudanças climáticas representam um risco significativo”, disse em coletiva de imprensa a Dra. Sarah Harris, chefe de pesquisa e desenvolvimento da entidade e uma das líderes do estudo. “Estamos procurando novas maneiras de entender nosso risco, mas também o que podemos fazer para nos adaptar a eles e evitá-los”, garantiu.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas divulgou na semana passada um relatório abrangente, concluindo que a temporada de incêndios na Austrália se prolongou desde 1950 e deve piorar, baseadas principalmente no aquecimento global e mudanças climáticas em geral.