Moeses Fiamoncini é o primeiro brasileiro a escalar o Dhaulagiri e o verdadeiro cume do Manaslu

Por Redação

Moeses Fiamoncini quer se tornar o primeiro brasileiro a concluir o projeto de escalar as 14 montanhas mais altas do mundo. Foto: Arquivo Pessoal.

Em sua última expedição no Himalaia, o brasileiro Moeses Fiamoncini se tornou o primeiro alpinista do país a escalar o Dhaulagiri e o verdadeiro cume do Manaslu.

No dia 20 de setembro, às 06:21 no horário local nepalês, Moeses chegou ao cume do Manaslu sem oxigênio suplementar e a companhia de sherpas.

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Com 8.163 metros, o Manaslu é a oitava montanha mais alta do mundo. Esse foi o segundo cume de Moeses no local, mas em 2018 ainda não havia confirmação sobre a verdadeira altura do Manaslu.

Visual surreal no acampamento perto do topo do Manaslu. Foto: Arquivo Pessoal.

“Naquela época, ao lado renomado alpinista espanhol Sergi Mingote, que infelizmente veio  a falecer em uma escalada de inverno em 2021 no K2, pensávamos ter alcançado o verdadeiro cume, onde todos chegavam”, conta Moeses.

“Mas em 2021 uma foto de drone comprovou o que todos suspeitavam e o debate parece ter terminado. Agora a comunidade montanhista concorda que os escaladores devem chegar ao cume atual para completar a subida”, afirma o paranaense, que com oito montanhas escaladas acima dos 8.000 ultrapassou o renomado montanhista Waldemar Niclevicz.

Pouco mais de uma semana depois do Manaslu, a jornada até o cume do Dhaulagiri, a sétima montanha mais alta do mundo (8.176 metros), foi bem mais desafiadora para o alpinista.

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Além do esforço físico, escalada ao Dhaulagiri exigiu muito da parte mental do alpinista. Foto: Arquivo Pessoal.

Em 2019, um acidente a 8.120 metros de altitude o impediu de chegar ao topo “Faltavam apenas 47 metros para atingir o cume, mas, ao cruzar uma parede de pedra coberta por 30 centímetros de neve, acabei escorregando e cai 20 metros. Meu capacete quebrou e meu macacão, luvas e botas ficaram cheios de neve”, relembra o escalador, que estava sem sherpa e oxigênio, e quase morreu por hipotermia.

Até por isso, a escalada exigiu muito mais pela parte psicológica do que física. “Quando estava bem próximo do cume, onde aconteceu o acidente em 2019, comecei a ter muitas reflexões sobre os acontecimentos ocorridos e comecei a sentir uma tristeza muito forte no peito. Comecei a lembrar que só tinham se passado quatro anos, e de amigos queridos não estavam mais ali.”

Escalador paranaense celebra uma temporada de sucesso no Himalaia. Foto: Arquivo Pessoal.

Naquela expedição do outono de 2019, o espanhol Sergi Mingote, o chileno Juan Pablo Mohr, o paquistanês Ali Sadpara, o búlgaro Atanas Skatov e o grego Antonios Sykaris estavam no acampamento base do Dhaulagiri com Moeses. Infelizmente todos acabaram falecendo nos últimos anos, em diferentes acidentes em montanhas acima dos 8.000.

“Lembro que perto do cume quase desisti, muitos pensamentos dominaram minha mente, mas pude ouvir a voz de Sergi e Juan Pablo me dizendo que eu poderia chegar ao cume. Naquele momento, com muitas lágrimas nos olhos, comecei a caminhar de novo cheio de certeza de que os dois estavam ali e permaneceram comigo até o cume! Quando passei pela parte mais difícil da escalada, justamente onde tinha tido o acidente em 2019, fiquei de joelhos e agradeci”, relata Moeses. “Dedico este cume em memória desses grandes alpinistas e amigos que perderam suas vidas em busca de seus sonhos”, finaliza o escalador.

Com oito montanhas acima dos 8.000 conquistadas, Moeses Fiamoncini quer se tornar o primeiro brasileiro a concluir o projeto das 14 montanhas mais altas do mundo.  Em agosto desse ano, ele escalou o Gasherbrum I (8.068 metros) e completou a escalada das cinco montanhas com mais de oito mil metros de altitude localizadas no Paquistão.

Além dessas montanhas ele também já escalou o Everest (8.849), o Nanga Parbat (8.126 metros) e o K2 (8.611 metros) em 2019; o Broad Peak (8.051 metros) e o Gasherbrum II (8.035 metros) em 2022.







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