Os Jogos Olímpicos estão longe de ter um cardápio fixo quando se trata de modalidades esportivas. Enquanto a corrida de 100 metros, a ginástica e as competições de natação são presenças garantidas, a cada quatro anos novos eventos são incluídos, enquanto outros são retirados.
O break dance, chamado de “Breaking” no vocabulário olímpico, fará sua estreia nos Jogos de Paris 2024, enquanto o karatê, o beisebol e o softball saíram de cena. Mas, se você me perguntar, algumas perdas olímpicas mais impactantes aconteceram a muito tempo atrás.
Veja também
+ Quer assistir à escalada nas Olimpíadas de Paris? Saiba como
+ Quanto custa ser um atleta olímpico? Perguntamos a três nomes do outdoor
+ Como assistir ao melhor dos esportes de aventura nas Olimpíadas
Acho que o Pankration (pancrácio), um evento de luta na Antiguidade que distribuía socos e pontapés, atribuído ao pintor Teseu e sua luta contra um minotauro no labirinto, está pronto para voltar.
Há um século, quando as Olimpíadas aconteceram em Paris pela última vez, a seleção de esportes também era dramaticamente diferente, incluindo um concurso de arquitetura e combate com bastões franceses.
Queríamos ver quanto esse cardápio mudou no último século e demos uma passada em cinco competições dos Jogos de Paris de 1924 que não estão mais presentes em 2024.
Arte
Sim, você leu corretamente. Por quase 40 anos, competições de arte foram incluídas no programa olímpico, concedendo medalhas em cinco disciplinas: música, arquitetura, literatura, pintura e escultura. Eventualmente, essas competições olímpicas foram descontinuadas em 1954 devido a preocupações sobre amadorismo vs profissionalismo, mas não antes de quase 50 participantes receberem medalhas olímpicas.
Os Jogos de 1924 foram considerados o auge da era olímpica das artes, com quase 200 participantes em todas as disciplinas. Durante esses Jogos, o húngaro Alfred Hajos conquistou uma prata na arquitetura, adicionando-a às suas duas medalhas de ouro na natação dos Jogos de 1896 e se tornando um dos apenas dois participantes a ganhar uma medalha olímpica em atletismo e arte.
A arte não estava isenta de controvérsias. Em 1924, não foram concedidas medalhas na competição de música — os jurados decidiram que nenhuma das composições musicais era digna das Olimpíadas. Os jurados na arquitetura também não concederam uma medalha de ouro naquele ano.
Escalada em corda
Uma competição olímpica de curta duração dentro da ginástica, a escalada em corda participou apenas de quatro Olimpíadas (em 1896, 1904, 1924 e 1932) antes de ser eliminada após os Jogos de 1932. O formato da competição era simples: o atleta que escalasse até o topo no menor tempo ganhava. Os escaladores podiam apenas subir pela corda lisa e sem nós com as mãos (sem uso dos pés), cobrindo 7 metros (os Jogos de 1896 exigiam 12 metros de escalada e apenas dois atletas chegaram ao topo). A escalada em corda também fazia parte da competição de ginástica geral.
O ginasta tcheco Bedrich Supcik ganhou a medalha de ouro em 1924 na sua primeira competição de escalada em corda, com um tempo de 7,2 segundos. O evento era originalmente julgado de forma semelhante à ginástica, e um atleta poderia receber um 10 perfeito se escalasse a corda em menos de 9 segundos, mas após um empate de 22 pessoas em primeiro lugar, os jurados decidiram conceder as medalhas de ouro com base no tempo, garantindo o lugar de Supcik na história olímpica.
Combate com bastão francês
Canne de combat, uma arte marcial francesa que usa um bastão de madeira como arma, foi um esporte de demonstração nos Jogos de 1924, e uma homenagem à história do país anfitrião. Semelhante à esgrima, “La Canne”, como é frequentemente chamada, apresenta dois competidores lutando um contra o outro com bastões de castanha ligeiramente afunilados. Inicialmente considerada uma forma de proteção para cidadãos de classe alta em grandes cidades como Paris, ganhou uma grande popularidade no mundo esportivo. Em 1924, o esporte contou com uma única luta entre um professor universitário e um campeão francês de La Canne chamado Beauduin. O vencedor se perdeu nos anais da história.
Ciclismo em tandem
E você pensou que sua pedalada em tandem para casa depois de uma noitada de margaritas no bar já era assustadora. Que tal pedalar uma bicicleta em tandem em um velódromo inclinado para ganhar uma medalha de ouro olímpica? O ciclismo em tandem foi um evento real nos Jogos de 1924 (e por muitos anos depois). Duplas competiam frente a frente (e clipe a clipe) no velódromo pela glória olímpica. O evento foi finalmente removido após os Jogos de Munique de 1972.
A edição de 1924 dessa perseguição psicótica envolveu cinco equipes, com duas eliminatórias, uma rodada de folga e uma final com três equipes. A equipe francesa de Lucien Choury e Jean Cugnot prevaleceu na final, com a Dinamarca e os Países Baixos ocupando o segundo e o terceiro lugares, respectivamente. Mais tarde, foi relatado que, entre a semifinal e a final, o ciclista holandês Maurice Peeters consumiu uma garrafa inteira de conhaque para acalmar os nervos. Um movimento ousado, Cotton.
Tiro ao veado correndo
O tiro ainda é uma parte importante dos Jogos, mas nas primeiras décadas do século 20, essas competições eram um pouco mais dramáticas. Uma das mais celebradas foi a competição de tiro ao veado correndo. Mas calma, nenhum animal foi morto nas seis edições dos Jogos Olímpicos da modalidade.
Os atiradores na verdade atingiam uma tábua em formato de veado, que corria 22m em quatro segundos. O atleta ficava a 100m de distância e tinha quatro chances para acertar o alvo. Ao longo das edições dos Jogos Olímpicos, novas categorias foram adicionadas, até a prova ser extinta em 1956.
A velocidade com que o alvo se movia não era uniforme, já que as carroças que o carregavam às vezes eram simplesmente roladas ladeira abaixo. Diferentes áreas do alvo tinham diferentes valores de pontos, e o atirador com mais pontos ao final de 50 corridas de veado vencia.
O americano John Keith Boles venceu o evento individual em 1924. O oficial de carreira do exército serviu na Segunda Guerra Mundial e nunca mais competiu em outro evento olímpico.