Um megaevento tomou as ruas do centro do Cairo, capital do Egito, no último sábado (3).
Ao todo, 22 múmias deixaram o Museu Egípcio do Cairo, onde estiveram por mais de um século, para uma nova casa, um novo museu no Cairo. Transportadas em veículos feitos sob encomenda, 18 reis e 4 rainhas foram transportados com honra de desfile diante de um público encantado às margens do Rio Nilo. O evento estava à altura de faraós e transmitido pela televisão estatal e pela internet; veja o vídeo:
O espetáculo multimilionário marcou a inauguração do Museu Nacional da Civilização Egípcia, a nova instituição para onde os monarcas foram transferidos. A operação delicada foi cuidadosamente planejada para preservar a integridade das múmias milenares. Foram desenvolvidas cápsulas preenchidas com nitrogênio para manter a sua conservação, e cada uma das múmias foi transportada em um carro personalizado que levava o nome do rei ou da rainha na sua lateral. Os veículos foram equipados com amortecedores especiais para evitar qualquer tipo de dano em decorrência do translado.
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Levadas em ordem cronológica, numa verdadeira aula de história ao vivo, a carreata durou pouco mais de uma hora e foi acompanhada por um show de luzes e trilha sonora ao vivo executada pela Orquestra do Egito. O comboio foi escoltado por carruagens antigas puxadas por cavalos e batedores ao longo do percurso de 7 quilômetros até o novo museu. A maioria parte das 22 múmias, descobertas por volta de 1881, não saía do Museu Egípcio desde o início do século 20.
O primeiro faraó a abrir o percurso foi o faraó Seqenenre Taa, do século 16 a.C., o primeiro da fila e Ramsés IX, do século 11 a.C., o último. O mais famoso é Ramsés II, conhecido pelo acordo de Kadesh, considerado o primeiro tratado de paz da história, assinado em 1259 a.C.
A mumificação era um costume na cultura egípcia porque se acreditava que o morto precisaria do corpo na vida eterna. As técnicas de preservação revelam que os egípcios dominavam com profundidade diversos processos químicos e físicos.
O novo Museu Nacional da Civilização Egípcia
As autoridades egípcias esperam que o novo museu no Cairo, que será inaugurado totalmente neste mês, ajude a revitalizar o turismo – uma fonte primária de moeda estrangeira para o país. Inaugurado parcialmente em 2017, o Museu Nacional da Civilização Egípcia abriu oficialmente as portas no dia seguinte ao desfile, no domingo (4), no distrito de Fustat, ao sul da capital egípcia.
O museu possui uma área de 135 mil metros quadrados e conta com um acervo de 50 mil artefatos que contemplam a civilização egípcia do período pré-histórico até hoje. As múmias que chegaram na noite de sábado foram recebidas pelo Presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, e agora passarão por um tratamento até serem expostas no Salão Real das Múmias, que tem previsão de ser aberto ao público em 18 de abril.