A big rider brasileira Maya Gabeira, 37 anos, anunciou na última segunda-feira (20) que irá se afastar do surf profissional de ondas grandes.
A atleta de 37 anos foi pioneira na modalidade e quebrou o recorde de maior onda surfada por uma mulher em 2020, ao encarar uma craca de 22,4 metros em Nazaré, Portugal.
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Maya também foi quatro vezes vencedora do prêmio XXL de melhor performance feminina. Em 2013, ela sofreu um caldo quase fatal em Nazaré e precisou ser reanimada por socorristas.
“Muito obrigado por todo o apoio e amor que vocês me deram nesses anos todos. Foram 20 anos surfando ondas gigantes. Estou finalmente pronta para me afastar do surf profissional e do surf de ondas gigantes, e encontrar alguma outra coisa. Cumpri o meu propósito”, escreveu Maya nas redes sociais.
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Além de big rider, o amor de Maya pelo oceano a levou a atuar como ativista ambiental, servindo como embaixadora da UNESCO. Além disso, a surfista escreveu vários livros infantis.
Maya também protagoniza o documentário Maya and the Wave. Nele, a cineasta Stephanie Johnes acompanhou Gabeira por quase uma década, registrando alguns dos momentos mais altos e mais baixos de sua carreira.
Johnes estava presente durante um acidente catastrófico em 2013 que quase tirou a vida de Maya e a transformou em um ponto central de debate sobre a postura dos surfistas em relação às mulheres no surf de ondas gigantes.
“Quando comecei essa vida, era impensável que uma mulher competisse com homem, que uma mulher fosse surfar a maior onda do ano entre homens e mulheres, que Nazaré existisse, que recordes mundiais para mulheres existissem. Tanta coisa mudou. Há tantas mulheres hoje em dia. Sou muito orgulhosa e honrada por ter sido parte da transformação dessa indústria, desse esporte, desse estilo de vida”, disse Maya.
Leia abaixo o anúncio da aposentadoria de Maya:
“Eu só queria vir aqui e desejar feliz ano novo. Muito obrigado por todo o apoio e amor que vocês me deram nesses anos todos. Foram 20 anos surfando ondas gigantes. Estou finalmente pronta para me afastar do surfe profissional e do surfe de ondas gigantes, e encontrar alguma outra coisa. Cumpri o meu propósito. Quando comecei essa vida era impensável que uma mulher competisse com homem, que uma mulher fosse surfar a maior onda do ano entre homens e mulheres, que Nazaré existisse, que recordes mundiais para mulheres existissem. Tanta coisa mudou. Há tantas mulheres hoje em dia. Sou muito orgulhosa e honrada por ter sido parte da transformação dessa indústria, desse esporte, desse estilo de vida. Ele me mudou também. Digo isso para as pessoas que me apoiaram, me ajudaram e para as pessoas que me desafiaram, me criticaram, por vezes me odiaram, mas eu entendo. Eu era osso duro de roer. Eu queria demais, queria aprender e queria viver coisas que nem todo mundo entenderia o porquê, mas fiz. Foi difícil para mim não me sentir ferida às vezes, mas tudo serviu seu propósito. Muito obrigado por prestar atenção em mim, me enviarem suas energias, seus pensamentos, seu amor, seu apoio. Senti isso, e me mudou em tantos jeitos. Eu deixei o Brasil tão jovem e não sabia o que faria da minha vida. Vivi em muitos países. Basicamente é como se o inglês fosse minha primeira língua a essa altura. Aprender diferentes línguas, aprender diferentes culturas, diferentes trabalhos, de escritora a ativista. Tive tantas oportunidades incríveis no meu caminho e sou muito grata. Vou continuar fazendo muitas dessas coisas, mas é a hora de me afastar do surfe profissional. Esse é meu último mês em Nazaré e estou curtindo cada momento. Não há nada como acordar e pensar: “Essa pode ser a última vez que vejo ondas como essas.” Sabe, ser ressuscitada e ter uma experiência real de como quão rápida a vida pode ir embora. Ainda me encanto com a perspectiva que a gente pensa sobre as coisas pode nos dar um novo jeito de experiência, do dia, do pôr do sol, do nascer do sol. Então quis vir aqui e dizer o quão grata eu sou por todos, pelo amor, pelo apoio, pelos desafios, pelas críticas, pelo ódio, por tudo que me fez ser quem sou. Agora estou pronta para seguir em frente e continuar servindo e levando uma vida com propósito. Espero impactar mais a vida das pessoas. Acho que é para isso que estou aqui. Estamos aqui para mudar a gente. Com esperança isso pode levar outros a mudarem a si mesmos. Entrei no surfe para me entender e pela liberdade que me dava. E estou me afastando do surfe me sentindo tão livre, com a mente tão livre, com o coração tão completo. Não tenho arrependimentos. Sei que escolhi a carreira certa. Nos primeiros anos da minha vida e eu era sábia quando deixei minha casa ainda adolescente. Sem saber o que diabos iria fazer, mas sentindo meu coração palpitar pelo surf. Fui abençoada. Obrigada por fazer parte disso”