Los Glaciares: escalador brasileiro realiza façanha inédita na Patagônia

Por Redação

Arjuna Sundara a caminho de mais um cume no Parque Nacional de Los Glaciares. Foto: Arquivo Pessoal.

O escalador brasileiro Arjuna Sundara realizou um feito inédito para a escalada do País: linkar na mesma brecha a temida sequência das três agulhas do Parque Nacional Los Glaciares: Aguja de la S (2.330 m), Aguja Saint Exupery (2.558 m) e Aguja Rafael Juaréz (2.450 m), localizada nas proximidades de El Chalten, na Patagônia Argentina.

Sob muito frio e condições adversas, foram necessários três dias para completar a escalada. Durante a ascensão, Arjuna teve como parceiro de cordada o norte-americano Kevin Thibodeau.

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Em um local remoto, onde até os resgates são problemáticos, os escaladores precisaram obter uma permissão especial no centro de visitantes do Parque de Los Glaciares, que é o segundo maior Parque Nacional argentino. O acesso foi feito via Sendero do Fitz Roy.

Até então, o feito não havia sido realizado por nenhum escalador brasileiro. Confira abaixo o depoimento de Sundara sobre os três dias de escalada.

Primeiro dia:

“Eu e o amigo Kevin partimos de Chalten às 10 horas da manhã. A missão do dia era caminhar os 16 km até o pé da Aguja D la S e alcançar o cume naquele mesmo dia. Objetivo alcançado às 20 horas num clima muito frio, onde não se podia sentir os dedos dos pés e das mãos. Fizemos um registro rápido no cume e descemos para um platô para fazer uma comida e dormir. Estava tão frio, -7°C, que eu não consegui dormir. Fizemos o melhor que podíamos com o que tínhamos ali.”

Segundo dia:

“A vista lá de cima era tão linda que você esquece do frio que passou a noite toda; você esquece o cansaço e só o que você sente é a paz, a plenitude e a vontade de continuar.
Às 8 horas estávamos alimentados, com as mochilas nas costas e fazendo os rapeis que dão acesso à Aguja Saint Exupery.

Depois de muita escalada, chegamos ao cume da Saint Exupery às 19:30 horas. ‘Uau’ chegar no segundo cume foi algo surreal. A felicidade bateu forte e só o que senti foi a gratidão por poder estar nesse momento com o amigo Kevin vivendo um sonho que estava se tornando uma realidade. Curtimos bastante esse cume, que visual. Rapelamos uns 100 metros e encontramos um platô 5 estrelas para passar a noite.”

Terceiro dia:

“Com a energia lá em cima iniciamos a travessia para alcançar a Aguja Rafael Juaréz. Levamos cinco horas para resolver essa travessia, na qual encontramos muitas rochas podres e a necessidade de tomar as decisões certas. Vamos em frente, estamos na Rafael Juaréz escalando rapidamente para chegar nas duas últimas enfiadas crux para alcançar o terceiro cume dessa fria brecha. As duas últimas enfiadas foram um presente, duas enfiadas cheias numa parede bem vertical. Às 15:50 eu e o Kevin chegamos ao cume da Aguja Rafael Juaréz. Sim, nos conseguimos linkar três agulhas na mesma brecha. Estou muito feliz e orgulho do meu grande amigo, você mandou muito ‘Titan’. Nós conseguimos.”







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