PORTA DE ENTRADA para o Polo Norte, o arquipélago de Lofoten, na Noruega, é um paraíso inóspito do kitesurf, com ventos cortantes, água agitada e um cenário surreal de pequenas vilas pesqueiras espremidas por enormes vales rochosos.
Velejar entre os fiordes noruegueses não é apenas sinônimo de contemplação da natureza: a adrenalina também pode falar mais alto na “terra do sol da meia-noite”, com temperaturas congelantes e condições climáticas que mudam a qualquer momento.
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Acostumado a enfrentar ciclones e tempestades com seu kitesurf, Reno Romeu é um dos grandes atletas do Brasil na modalidade. São dois títulos nacionais, além de um currículo expressivo – que inclui até uma entrada no Guinness World Records como recordista de giros de 360 graus no ar.
Há alguns anos, o carioca deixou de lado a rotina das competições e decidiu cruzar o mundo em busca de novas aventuras. Desde então, já explorou fronteiras desconhecidas na Mongólia, Bolívia, Irlanda, Islândia e agora Lofoten, onde vivenciou um ambiente totalmente diferente do que já tinha visto.
“Em Lofoten é tudo totalmente imprevisível. Eu não tinha informação de nada, de alguém que já velejou por lá ou dos melhores picos para as sessões. Toda a previsão de tempo, do vento, precisava ser feita por satélite. Eu ficava monitorando os mapas e às vezes dirigíamos até quatro horas para achar um local adequado para o kite. Isso sempre tendo em mente um lugar com um cenário bonito, porque sou apaixonado pela fotografia, e esse foi um dos motivos que me fizeram viajar para a Noruega”, explica Reno.
Mesmo no fim da primavera, o kitesurfista velejou sob condições extremas e temperaturas negativas. Nem botinha, luva, capuz e roupa de borracha conseguiram aliviar o
perrengue. “Foi uma loucura, acho que é uma coisa que não vou fazer com muita frequência”, brinca o carioca, destacando a sessão sob 9°C negativos.
“Nesse dia entrei na água e em poucos minutos tudo virou gelo. Olhei para a barra do meu kite e ela refletia; era água cristalizada. Todo respingo de água que vinha do deslizar do kite – e que me atingia em cheio – congelava. A barra, trapézio, minha luva, tudo ficou congelado. Uma sensação térmica que eu nunca tinha vivido”, relembra Reno Romeu.
De volta ao Brasil, o especialista em manobras aéreas espera alçar voos ainda mais desafiadores. “Hoje estou completamente focado neste projeto de explorar o inusitado. São experiências malucas de tentar realizar algo que ninguém tenha feito”, conta o kitesurfista, que no ano passado gravou com sua GoPro um salto sobre uma ilha no Rio de Janeiro e teve o vídeo assistido mais de 50 milhões de vezes.
“É um sinal de que o kite está atingindo um público cada vez maior. Então nessas loucuras também tento passar uma mensagem para as pessoas acreditarem nos seus sonhos, dentro ou fora da comunidade do kite. Tem muita gente infeliz com seu trabalho, sua rotina, então nos meus vídeos e expedições procuro sempre trazer o recado para que todos corram atrás daquilo que desejam”, finaliza o atleta de 32 anos.