Kirsty Coventry fez história nesta quinta-feira (20). Aos 41 anos, a ex-nadadora e bicampeã olímpica do Zimbábue tornou-se a primeira mulher e a primeira africana a presidir o Comitê Olímpico Internacional (COI), um marco nos 131 anos da entidade. Sua vitória surpreendente veio logo no primeiro turno, deixando para trás concorrentes de peso, incluindo o britânico Sebastian Coe.
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Coventry garantiu 49 dos 97 votos, conquistando a maioria absoluta e consolidando-se como uma das figuras mais influentes do esporte mundial. Em contrapartida, Coe, favorito para muitos devido à sua trajetória impecável — duas medalhas de ouro olímpicas, liderança nos Jogos de Londres 2012 e presidência da World Athletics desde 2015 —, recebeu apenas oito votos e terminou em terceiro lugar, atrás do espanhol Juan Antonio Samaranch.
“A menina que começou a nadar no Zimbábue jamais imaginou que um dia estaria aqui”, disse Coventry, emocionada, ao ter sua vitória confirmada pelo presidente cessante do COI, Thomas Bach. “Ser a primeira mulher e a primeira africana a assumir este cargo é um orgulho imenso. Espero que essa eleição sirva de inspiração para outros sonharem alto. Hoje, quebramos barreiras, e sei da responsabilidade que carrego.”
Coventry também ressaltou seu compromisso com o esporte como ferramenta de transformação social. “O esporte tem um poder único de unir, inspirar e criar oportunidades. Quero garantir que ele seja usado ao máximo para mudar vidas. O futuro do Movimento Olímpico é brilhante, e estou pronta para essa missão.”
Kirsty Coventry delivers her acceptance speech after being elected as the 10th President of the International Olympic Committee, and the first female President in IOC history. pic.twitter.com/3BXf9kK0dI
— IOC MEDIA (@iocmedia) March 20, 2025
A ascensão de Coventry, no entanto, não veio sem controvérsias. Sua campanha começou de forma discreta e seu plano de governo foi considerado genérico por muitas pessoas. Nos bastidores, porém, a articulação de Bach e de membros influentes do COI foi determinante para sua vitória. Além disso, sua atuação como ministra do Esporte no governo do Zimbábue — alvo de sanções do Reino Unido por violações democráticas — levanta questionamentos sobre sua independência e seu compromisso com mudanças no COI. Muitos a enxergam como uma extensão da gestão de Bach, que, aliás, permanecerá na entidade como presidente honorário.
Coventry assumirá oficialmente o cargo em 23 de junho, no Dia Olímpico, quando Bach encerrará seu mandato de 12 anos.