Como Jonas Vingegaard controlou o medo e a ansiedade para vencer o Tour de France

Por Redação

Família em primeiro lugar: Jonas ao lado da filha e de sua companheira, Trine Hansen, que o ajudaram a dominar a ansiedade. Foto: Reprodução / Instagram.

É algo para dar esperança a todos que ainda estão sonhando por aí. Vencedor do Tour de France, Jonas Vingegaard não era um prodígio do ciclismo quando adolescente.

Muito pelo contrário: quando jovem, o dinamarquês raramente ganhava corridas na ultracompetitiva cena júnior local e acabou dominado pela ansiedade e pelos pensamentos negativos.

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Os nervos eram tantos que Jonas costumava vomitar regularmente antes das corridas. Seus pais um dia até chegaram a questionar se isso era o que ele realmente queria continuar fazendo. “É o que eu amo”, foi sua resposta.

À medida que envelhecia e ganhava espaço nos círculos de ciclismo dinamarqueses, as preocupações não desapareceram.

No campeonato mundial sub-23 de 2018, em Innsbruck, como seu então gerente de equipe, Christian Andersen, lembrou ao jornal L’Equipe, ele não conseguiu lidar com a pressão.

“Antes de a corrida começar, ele estava se tremendo todo. Sempre foi assim: quando ele sabia que poderia conseguir um bom resultado, ficava paralisado.” Vingegaard terminou a prova em 64º lugar, mais de dez minutos atrás do primeiro.

Foi uma história semelhante quando ele ganhou a camisa do líder em seu primeiro ano com a equipe Jumbo-Visma, no Tour da Polônia de 2019. Ele não dormiu na noite seguinte nem comeu nada na manhã seguinte. Sem surpresa, a vitória geral não veio.

Vingegaard acordava e revirava na cabeça tudo o que podia dar errado nas corridas. “Ele estava dominado por seus pensamentos. Admito que, a certa altura, fui um pouco dura e disse a ele que não era o fim do mundo”, relatou sua namorada, Trine Hansen, ao periódico francês.

Onze anos mais velha, Trine foi diretora de marketing da ColoQuick, a empresa de laticínios que patrocinou a equipe de ciclismo Continental pela qual ele competiu entre 2016 e 2018.

“Não é sempre que você conhece alguém assim, com um coração de ouro. Ele era muito calmo, nunca de mau humor ou exigente. Ele não tentou impressionar, eu gostei disso”, disse ela.

Logo após ingressar na ColoQuick, Jonas trabalhou em uma fábrica de embalagens de pescado, o que ajudou na sua organização e planejamento.

“Ele não achava que se tornaria profissional. Ele disse que queria ser banqueiro e eu me via como a esposa de um banqueiro”, conta.

Uma vez que ele chegou ao WorldTour, havia soluções práticas para sua ansiedade pré-corrida. A equipe holandesa o levou para uma academia que ajudou na preparação mental e no treinamento em 2019.

Trine também ajudou. Algumas das respostas foram mais simples: um caso de ouvir suas músicas favoritas ou conversar com colegas de equipe ou funcionários da equipe sobre algo diferente de andar de bicicleta para parar o ciclo.

Mais recentemente, Trine também sugeriu que ele tirasse um novo número de telefone antes do Tour de France 2022 para evitar solicitações desnecessárias.

Ela explica que Vingegaard é alguém que tenta agradar os outros, às vezes em detrimento de si mesmo.

“Jonas é muito introvertido e é alguém que está sempre procurando fazer os outros felizes, a ponto de esquecer de si mesmo. Ele deixou as pessoas decidirem por ele por um longo tempo. Hoje, ele se comunica melhor com sua equipe.”

Além de todo o seu trabalho de preparação e altitude, o Tour de 2022 também foi o culminar desse trabalho mental. Externamente, não havia paralisia ou medo na maneira como ele corria a caminho de sua maior recompensa: a primeira vitória no Tour de France.