Uma pesquisa do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco, do Instituto de Biologia da Universidade de São Paulo (IB-USP), sugere que os homens podem ser os principais transmissores da covid-19 em relação às mulheres.
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Os resultados do trabalho foram divulgados na plataforma medRxiv, em artigo sem revisão por pares. No processo, os revisores podem sugerir que o trabalho seja rejeitado, publicado como está ou enviado de volta aos cientistas para mais experimentos.
Segundo a pesquisa, existem diferenças entre homens e mulheres na suscetibilidade e transmissão do novo coronavírus entre casais com contato direto sem medidas de proteção. O levantamento epidemiológico foi realizado de julho de 2020 a julho de 2021, incluindo 1.744 casais brasileiros não vacinados contra a covid-19, com pelo menos um dos parceiros infectado e diagnosticado.
Os dados coletados mostraram que os homens foram os primeiros ou únicos infectados na maioria dos casos, incluindo os casais concordantes – quando ambos foram infectados – como nos discordantes, quando um dos parceiros permaneceu assintomático apesar do contato próximo com o infectado. No total, 946 homens foram infectados primeiro em comparação com 660 mulheres.
“Essa constatação corrobora e está em consonância com descobertas feitas em estudos recentes que realizamos, que já indicavam que homens podem transmitir mais o novo coronavírus”, disse Mayana Zatz, professora do IB-USP.
Outro estudo, publicado no início de agosto por pesquisadores de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco na revista Diagnostics, apontou que os homens apresentam uma carga do vírus na saliva cerca de dez vezes maior do que mulheres, particularmente até os 48 anos de idade. A diferença de carga viral não foi detectada em testes com amostras nasofaríngeas, segundo o estudo coordenado pela professora Maria Rita Passos-Bueno.
“Como o vírus da covid-19 é transmitido principalmente por gotículas de saliva, deduzimos que isso explicaria porque os homens transmitem mais vírus do que as mulheres”, disse Mayana.
*Com informações da Agência Fapesp