Um novo estudo publicado esta semana na revista Science Advances oferece uma das visões mais abrangentes do que está acontecendo com as geleiras do Himalaia – e o que isso significa para as pessoas que vivem abaixo deles.

O estudo, liderado por Joshua Maurer, um Ph.D pela Universidade de Columbia, analisou 40 anos de imagens de satélite de cerca de 650 geleiras em mais de 1.930 km da Índia, China, Nepal e Butão. Um dos maiores estudos de perda de gelo até hoje (na área e no tempo), não apenas confirma que a mudança climática é o principal fator contribuinte para o recuo glacial na Ásia, mas também revela a rapidez com que as temperaturas estão mudando o planeta. Segundo o estudo, as geleiras da região vêm perdendo o equivalente a mais de 45 centímetros de gelo por ano desde a virada do milênio – o dobro da taxa entre 1975 e 2000.

“Provavelmente, a coisa mais surpreendente [que descobrimos] seria o fato de vermos uma quantidade similar de geleiras derretendo em uma região tão grande e climaticamente complexa”, diz Maurer. “Isso destaca o fato de que há uma força climática abrangente que afeta todas essas geleiras de forma semelhante”.

Nos últimos anos, uma média de 8 bilhões de toneladas de água por ano – equivalente a 3,2 milhões de piscinas olímpicas – saem da região, o que apresenta alguns novos problemas: primeiro, muita água e, em seguida, insuficiente. De acordo com Maurer, à medida que a água derretida aumenta, as inundações glaciais (GLOFs), ou explosões catastróficas de transbordamento de águas glaciais contidas anteriormente, começarão a ser uma séria ameaça. (Um GLOF no Butão matou 21 pessoas em 1994. O Imja Tsho do Nepal, um lago glacial no Vale do Khumbu, foi submetido a uma emergência em 2016 para reduzir o risco de inundações.) Então, enquanto as geleiras continuam a recuar, a água que elas fornecem para quase 2 bilhões de pessoas está  projetada para diminuir e, eventualmente, desaparecer.

Outro estudo, conduzido pelo International Center for Integrated Mountain Development e publicado em fevereiro de 2019, teve afirmações igualmente alarmantes: mesmo se as emissões globais do mundo inteiro fossem zero até 2050, um terço do gelo da região Hindu Kush-Himalaya ainda derreteria. Se o mundo não chegar à taxa zero, poderemos ver a perda de até dois terços do gelo naquela região até 2100.

Nas altas montanhas da Ásia o derretimento se tornou macabro. No Everest, os corpos de alpinistas mortos estão derretendo do gelo, provocando debates sobre o que fazer com eles. Os resíduos humanos nos picos mais altos do mundo também estão se mostrando um problema de risco biológico, contaminando as fontes de água à medida que descongelam.

Maurer diz que, apesar das notícias deprimentes, precisamos de estudos como esse para nos prepararmos para o que está por vir.

“Em estudos sobre mudança climática há sempre uma má notícia”, diz ele. “Mas eles são necessários para que saibamos o que podemos esperar em termos de futuras mudanças.”







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