Gabriel e a Montanha: filme sobre Gabriel Buchmann chega na Netflix

Por Mario Mele e Redação

O filme Gabriel e a Montanha, baseado na história do economista Gabriel Buchmann e premiado em Cannes em 2017, acabou de chegar na Netflix.

Em julho de 2009, o brasileiro estava nos últimos dias de uma viagem pela Ásia e África que já durava um ano quando foi dado como desaparecido. Seu corpo foi achado duas semanas depois, em uma área isolada na base do Monte Mulanje, no Maláui. Depois de ter subido os 3.000 metros da montanha, Gabriel, que tinha experiência nesse tipo de escalada, foi pego pelo mau tempo e se perdeu durante a descida. Ele não resistiu à fadiga e à hipotermia, morrendo aos 28 anos de idade.

 

Assista o trailer de Gabriel e a Montanha, agora disponível na Netflix:

A história de Gabriel Buchmann também virou o livro Gabriel, as Montanhas e o Mundo. Escrito pela mãe de Gabriel, Fátima Chaves de Melo Buchmann, e pela jornalista Alícia Uchoa, o livro reconta fatos marcantes dentro do contexto de cada destino visitado pelo economista, sem, no entanto, seguir uma ordem cronológica. Há diversos e-mails — escritos por Gabriel Buchmann à família e à namorada, Cristina — que ajudam na contextualização dos fatos. Em 353 dias, Gabriel visitou 38 países da Europa, Ásia e África. Por isso o livro reúne também 70 registros fotográficos relevantes desta sua trajetória.

Depois de escalar o Mulanje, Gabriel pretendia retornar ao Brasil, de onde embarcaria para os Estados Unidos para iniciar um curso de doutorado em políticas públicas na Universidade da Califórnia. Nas últimas mensagens trocadas com a mãe e com Cristina, com quem se encontrou durante a viagem, ele se mostrava simplesmente encantado com o continente africano: vestia-se com mantos coloridos iguais aos dos habitantes da tribo Massai, havia feito doação em dinheiro para ajudar um garoto a concluir seus estudos e explorou montanhas como o Kilimanjaro (5.895 metros), além do Mulanje.

Tanto o filme quanto o livro mostram que Gabriel Buchmann estava mais vivo que nunca. Na época, relatou da seguinte forma*:

“Teve um dia que ultrapassou os limites do surrealismo…Passei a manhã com duas jiboias enroladas no pescoço e brincando com umas najas gigantes com uns locais, depois, à tarde, larguei minha moto e peguei um elefante pra ir pra um cyber café pra escrever meu personal statement pra Stanford descrevendo quão nerd eu sou… Bem, a coexistência desses dois conceitos, elefante e Stanford, numa mesma serena tarde de janeiro até eu achei surreal…”

“Cada dia desde que parti tem sido uma sucessão de acontecimentos extraordinários e de pessoas fascinantes… Ontem, por exemplo, num dia corriqueiro, passei a tarde numa cachoeira de água cor de leite num parque nacional repleto de ursos e tigres, com um piloto de caça canadense, um pescador do Alaska e uma médica holandesa.”

“Etapa mundo comunista-ortodoxo-budista cumprida, parto pra rodar pelo mundo indiano, depois pelo pouco que me conheço, sei que não conseguirei resistir a ir pro Nepal pra cruzar o Himalaia no auge do inverno, e depois cruzo o mundo árabe – Paquistão, Irã e Síria – pra cair na África, origem dos povos e onde não faço ideia do que me espera… Já me resignei a deixar a costa oeste africana pra uma próxima viagem e farei a rota Cairo-Cape Town com o que estiver pelo caminho antes de voltar pra casa no fim de julho…”

“Já caí de cavalo, quando o meu cavalo mongol caiu de cabeça num buraco coberto pela neve, me estabaquei de moto duas vezes e fui assaltado com faca em PnonPhen, mas  cheguei inteiro até aqui – só 20 quilos mais leve do que em abril e 12 do que quando comecei a viagem. No mais, tô cheio de energia e disposição e cheio de garra. Pode mandar mais 10 continentes que eu mato no peito e atravesso. Neste momento da minha vida, a estrada é minha casa, e um lar, doce lar. Show de bola são os caminhos do mundo!”

* Trechos retirados do livro Gabriel, as Montanhas e o Mundo.







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