Fora da curva

FREE SOLO SKATE: Marcos Camazano mandando o slide na beira do abismo, no Yosemite (Foto: Octavio Scholz)

Um grupo de brasileiros decide explorar o Parque Nacional do Yosemite – meca da escalada nos EUA – de um jeito diferente: em um libertador rolê de skate

Por Bruno Romano

DESBRAVAR A NATUREZA da Califórnia era o plano de uma trupe de cinco paulistanos, acostumados a desvendar as pistas de skate e os swells da área, no último mês de junho. Mas a ideia de deixar as pranchas de lado logo foi por água abaixo, assim que esta ladeira da foto apareceu no caminho. A cena instigou o skatista Marcos Camazano a mandar um slide na beira de um penhasco próximo ao Glacier Point, com vista para um dos cenários mais icônicos da cadeia de montanha que corta o Parque Nacional do Yosemite, nos Estados Unidos. “Outros viajantes que passavam por ali não entendiam o que a gente estava fazendo no meio do nada com um skate”, lembra Marcos.

Para dar vida a essa bela obra do acaso, a galera agiu rápido. Gente embaixo da piramba avisando a chegada de carros, posicionamento do fotógrafo, e três descidas no gás para garantir o clique. O registro a dois passos do abismo marcou o auge de uma expedição com largada e chegada em Long Beach, e rolês em Fresno e São Francisco.

“Além de vários lugares bons para andar de skate, é a cultura do esporte na Califórnia que me atrai”, diz Marcos, de 31 anos, profissional há uma década. “Você sempre vê muita gente andando bem de skate por lá, principalmente crianças, e eu sonho em ver isso acontecendo no Brasil”, afirma. Ele não diz da boca para fora. Nos últimos tempos, ele tem usado a inspiração californiana para trazer ainda mais conhecimento para a nova geração nacional. Há dois anos, Marcos liderou a criação do projeto social Quintal Skate, que hoje atende 120 crianças e jovens da zona sul de São Paulo.

A ligação entre skate, evolução pessoal, expressão e liberdade fazem parte agora do dia a dia de aprendizado da molecada. Essa nova onda do esporte, em um lugar com poucas alternativas saudáveis ao ar livre, tem confirmado que shapes e rodinhas podem, sim, rodar por bons caminhos. “Sempre volto ao Brasil ainda mais motivado a trabalhar com isso e a apostar em projetos sociais”, reflete. Se a essência de lugares como o Yosemite é se integrar ao ambiente e desfrutá-lo em harmonia, a improvável descida dos brasileiros foi mais um capítulo da história. Dropar uma de suas estradas, mais acostumadas a receber trekkeiros e escaladores, pode bem ser uma investida “fora da curva”, mas em perfeita sintonia com o lugar.







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