Fernanda Maciel escala a Pirâmide de Carstensz, pico mais alto da Oceania, em tempo recorde

Por Jade Rezende

Fernanda Maciel escala a Pirâmide de Carstensz
Foto: Red Bull Media House

A ultramaratonista brasileira Fernanda Maciel acaba de conquistar o quinto dos Sete Cumes e ainda adicionou novos recordes ao seu extenso currículo. A mineira completou a rota desde a base até o pico da Pirâmide de Carstensz, montanha mais alta da Oceania, em apenas 1 hora e 48 minutos. Com o feito, ela conquistou dois recordes de FKT (Fastest Known Time), o tempo total de subida e descida na montanha, e o recorde feminino de subida, realizado em 1 hora e 04 minutos.

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“Meu objetivo era fazer o percurso em 2h, e eu consegui em 1h48. Estou muito feliz, por ter feito bem mais rápido do que eu achava, além de ter feito em condições climáticas ruins, como neve, chuva e pedras bem escorregadias que me fizeram desacelerar, e é uma montanha muito alta. Então, você está milhares de metros acima e tentando dar o máximo mental e fisicamente e tem todo esse ambiente ao seu redor mostrando que é muito perigoso onde você está”, conta Fernanda.

A atleta percorreu, sem suporte de oxigênio suplementar, uma distância total de 4.300m, com um desnível positivo de 582mD+ e 1.164m de ganho acumulado. O feito marca o quinto pico concluído em sua jornada dos maiores cumes: Kilimanjaro, Aconcágua, Monte Vinson, Elbrus e Carstensz. Para a lista dos Sete Cumes, agora faltam o Everest e o Denali.

Fernanda Maciel escala a Pirâmide de Carstensz
Foto: Red Bull Media House

A Pirâmide de Carstensz

O pico mais alto da Oceania fica na ilha da Nova Guiné, na província indonésia da Papua. Por estar em uma área de conflitos civis entre os povos originários e o governo da Indonésia, a montanha estava fechada desde 2019 para turistas e aventureiros. A liberação para escalada aconteceu em outubro, mas o pico já está fechado novamente.

Fernanda aproveitou a janela e, mesmo com as burocracias, conseguiu chegar até o local após cinco anos de espera para escalar no local. “O clima lá é de tensão”, conta a ultramaratonista à Go Outside. “É como se fosse “terra de ninguém”, não existe um líder único. Se alguém lá fala que você não vai escalar a montanha, não tem o que fazer”, completa.

Além dos desafios burocráticos de estar lá, o pico, que é um grande paredão de calcário, também tem as suas dificuldades técnicas. “Percebi quão técnico era quando estava checando a rota. Muitos dizem ‘é fácil’, ou ‘é curto’, mas não é. É um caminho muito longo e técnico. As cordas são velhas e muitas, então você pode se confundir com qual corda usar, dependendo do lugar que você está”, relembra.

Localizado em meio a densas florestas tropicais, a Pirâmide de Carstensz possui terreno rochoso com seções íngremes que requerem habilidades técnicas específicas de alpinismo. A ultramaratonista realizou 2.200m do percurso correndo, e encarou a maior parte da escalada sozinha. Fernanda recebeu assistência do montanhista Carlos Santalena nas seções mais perigosas, como uma passagem alta e de linha tênue, em que ele a ajudou segurando uma corda fixada em dois pilares próximos ao cume para facilitar seu salto sem nenhum ferimento.

Fernanda Maciel escala a Pirâmide de Carstensz
Foto: Red Bull Media House

A mineira soma essa conquista da Pirâmide de Carstensz a outros recordes mundiais, como o de ser a primeira mulher a subir e descer o Aconcágua, na Argentina, em menos de 24 horas, e mais recentemente repetiu o feito no Monte Vinson, na Antártida, onde foi recordista mundial de subida mais rápida (6h40min) e de tempo somando tanto subida quanto descida (9h41min). Fernanda ainda é a primeira mulher a correr o Caminho de Santiago de Compostela (860km, em 10 dias) e a primeira colocada do Ultra Trail Mont Fuji (169km).