Travessias brasileiras: como fazer a Estrada Real

Por Redação

Estrada Real
Imagem: Shutterstock

A Estrada Real tem suas origens no século 17, com a necessidade de caminhos que ligassem a exploração do ouro e do diamante no Brasil colonial aos portos. Ela é feita de vias de acesso, trilhas e depois estradas abertas por pelos escravos, que passaram a agregar entrepostos comerciais, pontos de parada, cidades e vilas históricas. Esse traçado serviu de cenário à Inconfidência Mineira, principal movimento de contestação à Coroa portuguesa naquela época, liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

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A Estrada Real ligava a antiga Vila Rica, hoje Ouro Preto, ao porto de Paraty, no Rio de Janeiro. Esse era o chamado Caminho Velho. Com a necessidade da Coroa portuguesa de escoar mais rapidamente os produtos da mineração em direção aos portos do Rio para que pudessem ser enviados à Europa levou à abertura de um Caminho Novo. Mais tarde, com a descoberta das pedras preciosas na região do Serro, a estrada foi estendida até o Arraial do Tejuco, atual Diamantina.

Hoje, a Estrada Velha foi revitalizada como um percurso turístico, que recupera a história, arquitetura e gastronomia mineiras. Essa iniciativa é resultado de uma parceria do governo estadual com entidades como a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e o Instituto Estrada Real. São 162 municípios mineiros situados na área de influência da Estrada Real, que se beneficiam do turismo cultural, religioso, histórico e rural, ecoturismo e turismo de aventura.

O projeto da Estrada Real como projeto turístico considera que esses os caminhos tradicionais se estendiam por mais de 1.400 quilômetros, distribuídos por três vias principais:

– Caminho Velho ou Estrada Velha, ligando Paraty, no litoral do Rio de Janeiro, a Ouro Preto, nas Minas Gerais, passando por Cunha, São João del-Rei e Tiradentes;

– Caminho Novo, ligando o porto e cidade do Rio de Janeiro a Ouro Preto, passando pela região das atuais Petrópolis, Juiz de Fora e Barbacena;

– Caminho dos Diamantes: ligando Ouro Preto a Diamantina, também nas Minas Gerais; 

– Caminho do Sabarabuçu: ligando Catas Altas a Glaura (distrito de Ouro Preto); esse caminho, identificado recentemente, constituir-se-ia numa extensão do Caminho Velho, que assim passava a atingir as vilas de Sabará e Caeté, numa variante que seguia o rio das Velhas e a serra da Piedade.

Por quais cidades passa a Estrada Real?

De acordo com os registros históricos, no auge da utilização da estrada, haveriam às suas margens 179 povoações, sendo 163 em Minas Gerais, 8 no Rio de Janeiro e 8 em São Paulo. 

Entre as cidades que mais se desenvolveram e ganharam relevância, estão Diamantina, Ouro Preto, Mariana, São João del Rei, Rio das Mortes, Conceição do Rio Verde, Baependi, Pouso Alto, Itanhandu, Passa-Quatro, Guaratinguetá, Cunha, Taubaté e Paraty. 

Onde começa e onde termina a estrada real?

A Estrada Real começa em Minas Gerais: em Diamantina, se for considerado o Caminho dos Diamantes e Ouro Preto se forem considerados os Caminhos Novo e Velho. O fim da Estrada Real é Paraty, no Rio de Janeiro. 

Qual o roteiro da Estrada Real?

O roteiro depende do caminho escolhido. No site do Instituto Estrada Real, é possível escolher o caminho desejado e planejar a viagem, com a quilometragem total, fazer o download do roteiro por GPS, do mapa e da altimetria. O roteiro planilhado dá também a informação trecho por trecho, detalhando distância, dificuldade física e técnica, e informações como se o trecho tem bastante sombra e qual a inclinação média das subidas.  

Quantos dias para percorrer a Estrada Real?

O Caminho dos Diamantes 395 km que podem ser percorridos em 8 dias de bike, 27 dias a pé, 4 dias de carro e 14 dias a cavalo. No Caminho Novo, são 515 km, percorríveis em 11 dias de bike, 35 dias a pé, 6 dias de carro e 18 dias a cavalo. No Caminho Novo, são 710 km, que demoram 15 dias de bike, 48 dias a pé, 8 dias de carro e 24 dias a cavalo. 

Como fazer a Estrada Real?

É possível fazer a Estrada Real a pé, de bike, a cavalo ou de carro. Dos 710 km do Caminho Velho, apenas 11,5% é em estrada asfaltada, sendo que a maioria, 82,5%, é por estrada de terra. Uma pequena parte, de 6%, pode ser percorrida por trilhas pelas montanhas, tendo a alternativa de estradas também.

No site do Instituto Estrada Real, há um guia completo de serviços, com hospedagens, restaurantes, atrações turísticas nas principais cidades e atividades e passeios propostos.