A Estação Comandante Ferraz foi criada em 1984 na ilha Rei George, na Baía do Almirantado, na Antártida. No local, pesquisadores realizavam estudos nas áreas de biologia, oceanografia, glaciologia, meteorologia e antropologia. Mas em 2012, a estação sofreu um incêndio de grandes proporções. Na ocasião, dois militares morreram e 70% das suas instalações foram perdidas.

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Oito anos depois e com um investimento de US$ 100 milhões do governo federal na obra, a unidade vai reinaugurar na quarta-feira (15), com os equipamentos mais avançados do mundo. O novo prédio foi erguido ao lado da atual base.

Nova Estação Brasileira na Antártida

De acordo com a Marinha, a estação tem uma área de 4,5 mil metros quadrados e poderá hospedar 64 pessoas. Para sustentar a construção acima da densa camada de neve que se forma no inverno, o prédio recebeu uma estrutura elevada. São pilares de sustentação que pesam até 70 toneladas e deixam a estação a mais de três metros do solo. A estação também tem uma sala de vídeo, locais para reuniões, academia de ginástica, cozinha e um ambulatório para emergências.

Segundo a Agência Brasil, como prevenção, em todas as unidades da base foram instaladas portas corta-fogo e colocados sensores de fumaça e alarmes de incêndio. Nas salas onde ficam máquinas e geradores, as paredes são feitas de material ultrarresistente. No caso de um incêndio, elas conseguem suportar o fogo durante duas horas e não permitem que ele se espalhe por outros locais antes da chegada do esquadrão anti-incêndio.

O projeto de reconstrução da estação é todo brasileiro e começou a ser executado em 2017 pela empresa China Electronics Import and Export Corporation, que venceu a licitação do governo. Devido ao clima extremo na Antártida, principalmente entres os meses de abril a outubro, a obra teve que ser dividida em três etapas. Os chineses construíram os módulos na China durante o inverno e transportaram para a Antártica nos verões de 2017, 2018 e 2019, a fim de fazer a instalação.

Pesquisas

O novo centro de pesquisas vai contar com 17 laboratórios. Cientistas da Fiocruz, por exemplo, estão entre os primeiros a trabalhar na nova estação. Eles vão desenvolver  pesquisas na área de microbiologia, a partir da análise de fungos que só existem na Antártica, e no poder medicinal desses micro-organismos. A Agência Internacional de Energia Atômica (Aeia) também já confirmou que vai desenvolver projetos meteorológicos na base brasileira.

O Brasil faz parte de um seleto grupo de 29 países que possuem estações científicas na Antártida. Esta presença é muito importante porque, de acordo com o tratado antártico, só quem desenvolve pesquisas na região poderá definir o futuro do continente gelado.