Um estudo recente da organização Women’s Sport Foundation, fundada pela tenista norte-americana Billie Jean King, destacou o papel do esporte no desenvolvimento de lideranças femininas.
O relatório “Play to Lead”, publicado pela Forbes, analisa as habilidades que as meninas desenvolvem ao praticar esportes na infância e na adolescência e como essas experiências impactam suas futuras carreiras e posições de liderança.
Veja também
+ Pesquisa inédita mapeia o cenário do trail run feminino no Brasil
+ Como treinar para o Rocky Mountain Games morando na cidade
+ Casal brasileiro é o primeiro a visitar os 75 Parques Nacionais do país
Danette Leighton, CEO da Women’s Sport Foundation, afirma que o estudo tem como principal objetivo reforçar a importância da prática esportiva entre meninas.
“Mesmo que elas não joguem em nível universitário ou em grandes competições, elas se tornarão líderes como professoras, médicas, advogadas, legisladoras, empresárias ou em qualquer profissão que decidam seguir”, diz.
A pesquisa coletou dados de mulheres entre 20 e 80 anos, o que permitiu uma avaliação dos impactos da participação esportiva a longo prazo. Os resultados destacam que praticar esportes na juventude pode gerar benefícios que vão além da busca por uma bolsa universitária ou uma carreira profissional no esporte.
Principais conclusões
O relatório Play to Lead focou em diversos temas-chave, incluindo as principais habilidades e características desenvolvidas pelas jovens esportistas.
“Os esportes preparam as mulheres para liderar, e as principais habilidades aprendidas são: trabalhar em equipe (73%), aprender com os erros (53%), lidar com a pressão (51%) e ultrapassar limites físicos (46%)”.
Outras conclusões importantes do estudo incluem:
– Quanto mais longa e diversificada a prática esportiva durante a juventude, especialmente em equipes mistas, maior a chance de ocupar cargos de liderança na vida adulta, particularmente posições executivas.
– Quase 50% das mulheres entrevistadas creditam o desenvolvimento de suas habilidades de liderança à prática esportiva.
– Para 67% das mulheres, as habilidades adquiridas no esporte foram levadas para a vida adulta; trabalho em equipe foi a maior lição (73%), seguido de aprender com os erros e lidar com a pressão (mais de 50%).
Muitas mulheres que praticaram esportes na juventude assumiram cargos de liderança em diversas áreas. A pesquisa também aponta que as mulheres mais jovens, especialmente as de 20 anos, enfrentam barreiras maiores para participar plenamente do esporte, como limitações financeiras, questões de segurança e treinamento inadequado, dificultando o acesso a experiências esportivas de qualidade.
Essas descobertas não apenas destacam os impactos positivos e duradouros do esporte, mas também as barreiras enfrentadas pelas mulheres ao longo do tempo. “O relatório também evidencia os desafios que ainda limitam a participação das mulheres no esporte”, comenta Leighton. Acesso equitativo ao esporte é crucial para garantir que meninas e mulheres colham seus benefícios, desde saúde até a formação de líderes.
Como manter meninas no esporte
Além de incentivar a prática esportiva, o relatório “Play to Lead” enfatiza a importância de manter as meninas envolvidas no esporte. Aos 14 anos, cerca de 7 em cada 10 meninas abandonam a prática esportiva. “Eu também fiz parte dessas estatísticas”, conta Leighton, “mas as lições que aprendi no esporte continuam a me ajudar a liderar.”
O estudo aponta que o desenvolvimento de habilidades de liderança é mais forte quanto maior o tempo no esporte. “Ainda há necessidade de investir em todos os níveis do esporte feminino.”
Muitas meninas deixam o esporte devido a experiências negativas, falta de modelos positivos e estigmas sociais. Treinadores e pais podem ajudar destacando as habilidades que estão sendo construídas. Ao investir no esporte feminino, estamos preparando a próxima geração de líderes. “A mensagem é clara: quando meninas jogam, elas lideram, e todos nós ganhamos.”