Vomitando sangue sob 900 metros: espeleólogo é resgatado após 9 dias preso em caverna da Turquia

Por Isabella Rosario, da Outside USA

Vomitando sangue sob 900 metros: espeólogo é resgatado após 9 dias preso em caverna da Turquia
Imagem: Reprodução/Global News/Facebook

Como se vomitar sangue não fosse ruim o suficiente, imagine passar por isso preso em uma caverna de 900 metros de profundidade do outro lado do mundo: foi o que aconteceu com o pesquisador americano Mark Dickey durante uma expedição para explorar a caverna Morca, na Turquia.

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Depois de passar quase duas semanas no subsolo com graves problemas estomacais, o homem de 40 anos foi retirado para um local seguro em uma maca pouco depois da meia-noite de terça-feira, 12 de setembro, informou a Federação Espeleológica da Turquia em um comunicado.

“É incrível estar acima do solo novamente”, disse Dickey aos repórteres na terça-feira. “Fiquei no subsolo por muito mais tempo do que esperava… Foi uma aventura muito louca, mas estou na superfície em segurança. Eu ainda estou vivo.”

A complicada missão de resgate envolveu cerca de 190 especialistas de toda a Europa, incluindo médicos, paramédicos e espeleólogos, segundo a Associated Press. Muitas das equipes de resgate acamparam perto da abertura da caverna nas montanhas Taurus, no sul da Turquia.

A corrida para salvar Dickey também gerou manchetes em todo o mundo. Equipes de TV captaram imagens dele emergindo da caverna.

Ele próprio um espeleólogo experiente, Dickey estava em uma expedição mapeando o sistema de cavernas de Morca, com 1.275 metros de profundidade, para a Associação do Grupo de Espeleologia da Anatólia, quando ficou doente em 31 de agosto. Ele não conseguiu sair da caverna sozinho, de acordo com um grupo de resgate em cavernas com sede em Nova Jersey ao qual ele é afiliado.

“Apenas os espeleólogos mais experientes são capazes de alcançá-lo para prestar ajuda”, disse a Equipe de Resposta Inicial de Nova Jersey em comunicado na semana passada. “A localização é muito remota e os recursos hídricos locais são limitados.”

A partir de domingo, 3 de setembro, os médicos começaram a administrar fluidos intravenosos e sangue em Dickey dentro da caverna fria, onde a temperatura oscilava entre 3,8 e 5,5 graus Celsius. Uma equipe incluindo um médico e três ou quatro outros socorristas se revezaram ao lado de Dickey. Não está claro o que causou a doença de Dickey.

Depois que Dickey foi estabilizado clinicamente, as autoridades começaram a tentar retirá-lo no sábado, 9 de setembro.

Para evacuar Dickey, as equipes de resgate tiveram que alargar algumas das passagens estreitas das cavernas, instalar cordas para içá-lo em poços verticais e montar acampamentos para descansar ao longo do caminho, informou a Associated Press. A caverna Morca, a qual o espeleólogo ficou preso, é a terceira mais profunda da Turquia, atingindo quase 1,3 km abaixo do solo.

O vídeo de Dickey sendo retirado da caverna mostra-o amarrado firmemente a uma maca, enquanto a equipe de resgate o manobra lentamente em cantos apertados. Assista:

Depois que ele emergiu, membros da equipe de resgate comemoraram e alguns compartilharam suas histórias com os repórteres. Zsofia Zador, anestesista húngara, disse à BBC que foi o seu primeiro “grande resgate para mim como médica”.

“Esta é uma caverna bastante difícil porque existem algumas passagens pequenas e estreitas e os poços são bastante lamacentos, por isso não é a caverna mais fácil de atravessar”, disse Zador.

Em uma postagem no Facebook de sua cama de hospital na terça-feira, Dickey agradeceu às pessoas “pela manifestação de apoio e votos de felicidades”.

“Foi uma experiência assustadora e o mais próximo da morte que já estive”, disse Dickey. “Eu realmente aprecio todas as pessoas envolvidas em salvar minha vida e me ajudar a escapar das profundezas de uma caverna.”