Entregadores e a pandemia: veja vídeo do coletivo Bicicleteiros

Por Verônica Mambrini

entregadores e a pandemia
Imagem: Luciana Cury/ @lucianacury e @lucianacury.fotografia

Neste momento, tem gente na rua por ignorância. Tem gente na rua por capricho ou desaforo. Mas também tem gente na rua por necessidade, e para que quem não precisa sair de casa assim o faça. É o caso dos entregadores de bike que trabalham para aplicativos como Rappi, iFood e Uber Eats. O coletivo de ciclistas Bicicleteiros resolveu documentar o que pensam estes trabalhadores, dando voz à eles no vídeo “Entregadores e a pandemia”. 

“Eu tenho a vontade de documentar a realidade dessa turma tem mais de um ano, desde que eles surgiram em massa, mas acabou não rolando antes da quarentena. Fazer este vídeo durante na quarentena veio mais pelo senso de urgência de documentar um momento inédito nas vidas de todo mundo – dar a voz pra quem tá de fato se arriscando nas ruas”, conta George Queiroz, diretor de vídeos, 43 anos. “Dar a voz significa pra gente escutá-los sem tentar fazer julgamentos, sem querer dar nenhuma outra visão que não as deles, sem censura e vamos aprender com eles.”

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O Bicicleteiros começou em 2016 como um projeto pessoal e independente de Queiroz de gravar documentários curtos sobre os vários perfis de ciclistas e suas histórias sobre bicicleta. São vídeos são gravados nas ruas, durante o pedal, com a câmera em cima da bike. Nos deslocamentos urbanos, Queiroz conheceu a jornalista Adriana Marmo, 54 anos,
e a fotógrafa Luciana Cury, 48 anos, coautores do vídeo sobre os entregadores. “Pautas e bicicleteiros com histórias pra contar é o que não falta”, diz Queiroz.

Entregadores e a pandemia: gravar com segurança 

Além dos riscos de contágio com o coronavírus, quem pedala dezenas de quilômetros por dia para sobreviver em grandes cidades como São Paulo está exposto a mais um risco na quarentena. O trânsito está mais perigoso, como apontam relatórios da Ciclocidade. A percepção do coletivo é a mesma. “Com a cidade mais vazia, tomei finas criminosas que não tomava faz muito tempo”, conta Queiroz, que precisou resolver um problema na rua, de bike, no começo da quarentena. “O fato dos índices de acidente de trânsito em São Paulo não terem caído provou isso.”

De acordo com os entregadores entrevistados no vídeo, os aplicativos não dão informações consistentes sobre como trabalhar com segurança durante a emergência do coronavírus. Além disso, não há nenhum auxílio com EPIs como máscara e luvas. Acaba ficando a critério dos entregadores adotar ou não seu uso. Com menor demanda de clientes e mais desempregados tentando a sorte nos aplicativos, as condições de trabalho ficaram ainda mais difíceis. 

Para registrar os depoimentos, eles respeitaram o distanciamento de segurança entre entrevistadoras e entrevistados. “Gravamos suas falas/áudios em seus próprios celulares, para em edição juntarmos com as imagens, assim evitamos manipulação de microfones”, conta Luciana Cury.