Em casa, Rocky Mountain Games presenteia atletas com dia épico no Fazendão

Por Redação

Rocky Mountain Games reuniu atletas de todas as tribos no Fazendão, em Juquitiba. Foto: Marcelo Maragni.

Quintal da família Rocky Mountain Games, o Fazendão mais uma vez se transformou no palco perfeito para uma grande celebração dos esportes outdoor

Cercado pela Mata Atlântica e a menos de 100 quilômetros de São Paulo, o Fazendão foi palco, no último sábado (14), de mais uma edição do Rocky Mountain Games, o maior festival de cultura e esportes de montanha do país. Em sua segunda etapa da temporada, o evento levou mais de 800 atletas para o coração de Juquitiba, em um dia marcado por trilhas fluídas, disputas acirradas e a energia bruta da natureza como pano de fundo.

Nem mesmo a friaca do início da manhã, com temperatura abaixo dos 10°C, foi capaz de frear o ânimo dos atletas. A adrenalina, a promessa de sol e a arena lotada logo trataram de esquentar o clima para as largadas das modalidades Trail Run, Canicross, MTB, Gravel, Duathlon, além das novidades da etapa Natação em Águas Abertas, e-MTB, Trekking Experience e Aquathlon.

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Mais uma vez, o Rocky Mountain Games no Fazendão reuniu um elenco estrelado do outdoor brasileiro: a multiatleta Camila Nicolau, que faz parte do Hall da Fama da Corrida de Aventura; o ídolo do triathlon Alexandre Manzan; o irreverente e carismático Luciano KDra, legend do MTB; a campeã do Trail Run Giovanna Martins; os veteranos da bike Edivando de Souza Cruz e Osvaldão, além do jovem promissor Luigi Caputo, cria do Fazendão, foram alguns exemplos de atletas que ajudaram a abrilhantar as disputas.

Além das provas, a arena do Rocky Mountain Games ofereceu um clima de festival completo, com atividades gratuitas para crianças, show de rock com a banda Johnny Monster Experience, food trucks e muitas ativações dos patrocinadores, criando um ambiente perfeito para amigos e familiares curtirem juntos um dia clássico em meio à natureza do Fazendão.

Abraços molhados

Largada da natação na Cachoeira Represa do França. Foto: Marcelo Maragni / Rocky Mountain Games.

De volta à programação do Rocky Mountain Games, a Natação em Águas Abertas voltou com tudo na Represa Cachoeira do França, no Fazendão. Com percursos de 750m, 1.500m e 3.000m, a prova reuniu atletas de diferentes perfis em um dia marcado por histórias de superação e abraços molhados na linha de chegada.

Com a temperatura da boia marcando 19°C, a água exigiu dos nadadores coragem e resistência. Muitos optaram por wetsuits, outros preferiram encarar o frio na pele — o que não mudou o fato de que a disputa foi de altíssimo nível.

Água gelada exigiu resistência e coragem dos nadadores. Foto: Marcelo Maragni / Rocky Mountain Games.

Entre os destaques da prova, a veterana Marta Mitsui Izo, de 55 anos, mostrou por que é uma lenda das águas abertas no Brasil. Em 2006, ela se tornou a quinta mulher brasileira a atravessar o Canal da Mancha e, desde então, acumulou façanhas como nadar 193 km no Rio Hudson, em Nova York. No Fazendão, Marta chegou ligeiramente atrasada para a largada dos 3.000m — culpa de sua participação no Canicross, onde correu 5 km com sua cachorrinha, Maria —, mas não deixou a performance de lado.

“É uma delícia nadar nessa represa. A água estava ótima, e o espírito do evento é maravilhoso. Não vim para ganhar, vim para prestigiar. Aqui a gente sente a natureza de verdade, e ainda dá para brincar com o cachorro e nadar em um lugar incrível”, contou Marta, sorrindo, ao cruzar a linha de chegada na 10ª colocação geral.

Com percursos de 750m, 1.500m e 3.000m, a prova foi marcada pela superação. Foto: Marcelo Maragni / Rocky Mountain Games.

Quem brilhou no topo do pódio feminino foi Catarina Ganzeli Winkler, completando as quatro voltas da prova de 3.000m em 38:01.651. O segundo lugar ficou com Jhennifer Cristina Dornelas, jovem promessa do projeto social Talentos do Capão, enquanto Isabela Ricardi completou o pódio em terceiro.

Jhennifer, de apenas 18 anos, que nunca havia nadado uma prova com saídas e entradas da água, encarou o desafio com uma pitada de nervosismo e superação: “Foi minha primeira vez numa prova assim e eu estava bem preocupada. Mas deu tudo certo e estou muito feliz!”

A nadadora integra o Talentos do Capão, projeto que promove a inclusão de jovens por meio do esporte. Além da natação, a ONG oferece atividades como triathlon, balé e judô para mais de 200 crianças e adolescentes na comunidade do Capão Redondo, em São Paulo. Agora, o grupo se mobiliza para arrecadar fundos para participar de competições nos EUA e no Egito.

No masculino, quem levou a melhor foi Murilo Bianchini, com o tempo de 36:44, seguido por Celso Renato Bassan e Patrick Winkler, que completaram o pódio na segunda e terceira colocação, respectivamente.

Superpoderes na trilha

As e-MTBs voltaram ao Festival a todo vapor. Foto: Marcelo Maragni / Rocky Mountain Games.

Com direito a performances rápidas, técnicas e cheias de flow, a e-MTB voltou com força total ao Rocky Mountain Games — e mostrou, de novo, que chegou para ficar. Depois da estreia em Campos do Jordão no ano passado, a modalidade elétrica fez sua primeira aparição em Juquitiba, com percursos divididos entre 25 km (Super Light) e 50 km (Turbo Pro).

Quem comandou a diversão foi Luciano “KDRA” Lancellotti, de 58 anos, lenda viva do BMX e do mountain bike brasileiro, que agora também acelera de e-bike. Em seu debute no RMG, ele vibrou com a atmosfera do evento: “É uma prova maravilhosa, num lugar especialíssimo, em plena Mata Atlântica. E essa mistura de esportes: canicross, trilha, bike, é o que faz o Rocky Mountain Games ser tão único. Estou amarradão de estar aqui!”.

Grande embaixador da cultura das duas rodas, KDRA também resumiu a sensação de pilotar com assistência elétrica: “É como ganhar uma capa de super-herói”, brincou. “A e-MTB tem esse lado inclusivo, mas também reinventa o que a gente sempre fez. Bicicleta com superpoderes? Recomendo demais!”, finalizou o legend, que mais uma vez fez jus à fama de quem domina as trilhas há décadas.

No final, Diego Gabriel Marcolin liderou entre os homens da Turbo Pro, enquanto Lorrany Tolentino foi a grande destaque entre as mulheres.

Fortes emoções no Trail 

A largada do Trail é um dos pontos altos do evento. Foto: Marcelo Maragni / Rocky Mountain Games.

O Trail Run voltou a lotar a linha de largada do Rocky Mountain Games — e, mais uma vez, entregou uma prova à altura da paixão dos corredores por natureza e desafio.

Em Juquitiba, os percursos de 6 km, 12 km e 21 km combinaram altimetria moderada com trechos de pura Mata Atlântica, trilhas técnicas e visuais deslumbrantes às margens da Represa Cachoeira do França.

Fera do trail nacional, Giovanna Martins botou os 21K no bolso. Foto: Marcelo Maragni / Rocky Mountain Games.

Nos 21 km, quem brilhou foi a paulista Giovanna Martins, de 43 anos, um dos maiores nomes do trail run nacional. Vinda de uma exigente performance no Circuito Brasileiro, ela voou baixo no Fazendão e cruzou a linha de chegada em 1:53:05, com mais de 13 minutos de vantagem sobre a segunda colocada, Miriam dos Santos. Luana Teixeira completou o pódio em terceiro.

“Eu amo todos os percursos do Rocky Mountain Games. E hoje eu estava precisando correr, soltar as pernas depois do Circuito Brasileiro. Foi a minha primeira vez em Juquitiba e não imaginava que existia um lugar como esse tão perto de São Paulo”, disse Giovanna, que arrematou. “O Rocky não é só uma corrida — é uma celebração. Tem arena para as crianças, para a família inteira. É um evento completo. Agradeço a todos os patrocinadores que me apoiaram, e a Jeep que deu o incentivo para a gente vir para cá”.

O percurso do Trail Run em Juquitiba é uma verdadeira imersão na natureza do Fazendão. Foto: Marcelo Maragni / Rocky Mountain Games.

Mas foi nos 12K que a emoção bateu mais forte. A campeã foi a polivalente Carol Carpi, que foi às lágrimas depois de uma vitória recheada por fortes lembranças no Fazendão. Há três anos, ela venceu o canicross nessa mesma etapa ao lado de Nala, sua eterna companheira border collie, que estampou até capa na revista Go Outside. Pouco tempo depois, Nala infelizmente nos deixou. Desde então, Carol seguiu firme no outdoor, brilhando no MTB, na natação e agora também no trail do Rocky Mountain Games.

“Essa prova tem muitas memórias e muitas emoções pra mim. Três anos atrás, ganhei o canicross com a Nala aqui. Lembro que quebrei o pulso na largada e mesmo assim seguimos. Hoje, quando desci aquele trecho, pensei: a última vez que corri aqui foi com ela. E senti que ela estava comigo o tempo todo”, contou Carol, que não conseguiu conter as lágrimas. “Esses últimos dois quilômetros foram pura emoção. Muita gratidão por estar aqui”, completou Carpi.

No 6 km Feminino, Mayara Carneiro garantiu o primeiro lugar, enquanto no Masculino as vitórias ficaram com Gustavo Valverde nos 6 km, William Pacheco nos 12 km e Ayslan Miragaia, que dominou com maestria os desafiadores 21 km.

Pilotagem à prova

Cabeça fria e leitura de terreno afiada foram a chave para o sucesso nas provas de bike do RMG. Foto: Marcelo Maragni / Rocky Mountain Games.

O bicho pegou nas disputas de bike do Rocky Mountain Games em Juquitiba. Contrariando as previsões, as trilhas não amanheceram lamacentas, mas isso não significou nenhum alívio para os ciclistas. Com atletas de ponta e um ritmo absurdo, se manter no pelotão da frente foi uma missão dura tanto no MTB como no Gravel; exigindo cabeça fria e leitura de terreno afiada.

Quem mostrou força total nas pernas foi o experiente Edivando Souza Cruz, 47 anos, que encarou os single tracks fluidos e intensos com maestria para cruzar a linha de chegada dos 50 km do MTB em primeiro, em um duelo pra lá de acirrado contra o segundo colocado, Felipe Santos de Melo.

“A gente sabia que ia ter um percurso muito seletivo, até pelo relato do pessoal que já competiu aqui antes. Então sabia que ia precisar de muita pilotagem”, destacou Edivando, dono de diversos títulos e uma verdadeira lenda viva do MTB nacional. “Não consegui sair bem no início, mas encaixei um ritmo estável, sem quebrar. Aos poucos, fui ganhando posições. A galera foi sentindo o desgaste no fim, e eu consegui manter a tocada”, acrescentou. A questão também de poder fazer duas voltas no circuito, você acaba criando uma tática ali sabendo que você vai enfrentar aquela subida, aquela descida de novo”, finalizou o ciclista.

Percurso do Fazendão equilibra técnica e fluidez. Foto: Marcelo Maragni / Rocky Mountain Games.

Nos 50 km do MTB Feminino, Lilian Perrenoud levou a melhor, enquanto Livia Garcia e Jefferson da Silva foram ao topo do pódio na distância de 25 km.

Na Gravel, o clima foi de pura descontração na arena do Rocky Mountain Games. A categoria de 40 km contou com a presença de dois gigantes: Alexandre Manzan e Osvaldão. Campeão em Juquitiba em 2024, Manzan — um dos nomes mais lendários do triathlon mundial — voltou ao evento para encarar o desafio com um espírito bem tranquilo.

“É uma das provas mais legais do Brasil”, disse Manzan. “Tem esse clima de família, de confraternização… O Rocky Mountain Games tem essa mistura que eu acho muito legal, porque é um evento esportivo de verdade.” Para ele, uma das coisas que mais encanta é a interação entre atletas de todas as modalidades.

“No fim de semana, a gente tem contato com outros esportistas. Eu sou fã de esporte, então adoro ver a galera da corrida. Enquanto estávamos alinhados, vimos o pessoal do duathlon, já torcemos pelos amigos que estavam competindo”, diz. Essa interação é muito especial. A gente termina a prova, conversa com o pessoal do trail, do canicross… Eles torcem pela gente, a gente torce por eles. Isso é muito bacana, de verdade.”

Alegria nas patas

William Oliveira ao lado da inseparável Tonha. Foto: Marcelo Maragni / Rocky Mountain Games.

O canicross foi quem  abriu o sábado de aventuras no Fazendão. Entre trilhas amigáveis, natureza por todos os lados e uma energia contagiante de tutores e cães, a prova de 6 km foi pura celebração — com direito a muita corrida, latidos e companheirismo.

No masculino, quem levou a melhor foi o campeão sul-americano William Oliveira, correndo ao lado da inseparável Tonha, de 3 anos. No feminino, o topo do pódio ficou com Andreia Ribeiro.

“Essa etapa aqui é a que eu mais gosto, porque realmente tem um percurso cross-country, que é o conceito original do canicross”, explicou William, feliz com mais uma vitória. “Muita gente acha que canicross é tipo trail run, mas é diferente. Aqui, o percurso é rolado, dá pra correr o tempo todo, é como tem que ser. Por isso, essa prova é especial pra mim.”

William, que já é figurinha carimbada no Rocky Mountain Games, faz questão de marcar presença sempre que pode — e Juquitiba é parada obrigatória no seu calendário. “Continuo vindo sempre, só não falto. Posso até faltar outras etapas, mas essa aqui… essa é sensacional! Não é um percurso fácil, tem vários sobe e desce, mas venho aqui e me divirto pra caramba.”

O Rocky Mountain Games é pura superação para todos. Foto: Marcelo Maragni.

Diversão e aventura

Vista aérea do Rocky Mountain Games 2025 em Juquitiba. Foto: Marcelo Maragni.

Além das provas, a arena do Rocky Mountain Games contou com o Acampamento Go Outside de Aventura, direcionado aos pequenos aproveitarem o dia enquanto seus pais ou responsáveis competiam. Em Juquitiba, mais de 30 meninos e meninas entre 4 e 13 anos se divertiram com canoagem, trekking e outras atividades. Todos os inscritos ganharam camiseta especial, medalha, além de lanche.

A terceira e última etapa do Circuito Rocky Mountain Games acontece em Campos do Jordão (SP), dias 26 e 27 de outubro.

O evento tem patrocínio da Jeep e da Porto, com apoio de Patagonia, Mynd e Deuter. É uma realização da Rocky Mountain Sports Content e a mídia oficial é a Go Outside.

Confira mais fotos e detalhes em nossas próximas atualizações.

OS CAMPEÕES DE JUQUITIBA

MTB 50

  • Lilian Perrenoud
  • Edivando de Souza Cruz

MTB 25

  • Livia Gabriele Azevedo Garcia
  • Jefferson Mendes Alves da Silva

Aquathlon

  • Nah Pinheiro
  • Gustavo Verona Carvalho

Canicross

  • Andreia Rocha Ribeiro
  • Willian Fabricio de Oliveira

Duathlon

  • Camila Nicolau
  • Luigi Caputo

E-MTB Turbo Pro

  • Lorrany Tolentino
  • Diego Gabriel Marcolin

Gravel

  • Tania Gabriela Verniers
  • Diogo Malagon

Natação 750 m

  • Leticia Ribeiro Souza
  • Miguel Lima Takeda

Natação 1.500 m

  • Fabiana Miura
  • Magnum Amaral Ferreira Ruiz

Natação 3.000 m

  • Catarina Ganzeli Winkler
  • Murilo Bianchini

Trail Run 6K

  • Mayara Dias Carneiro
  • Gustavo Valverde Lopes Silva

Trail Run 12K

  • Carol Carpi
  • Willian Pacheco da Silva

Trail Run 21K

  • Giovanna Martins
  • Ayslan Miragaia

A lista completa de resultados pode ser vista aqui.