Ser diagnosticado com câncer pode ser uma situação desesperadora e representar uma mudança total na rotina e vida de uma pessoa. O atleta paralímpico João Carlos, teve que lidar com o diagnóstico de câncer 5 vezes que nos últimos 15 anos, resultando na amputação de uma de suas pernas e de perda de mais da metade do pulmão esquerdo. Contudo, o que poderia ser motivo para se entregar, fez com que João Saci, como é conhecido nas redes sociais, continuasse em frente, conquistando mais de 40 medalhas no esporte e que se tornasse escritor e palestrante.

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O atleta, hoje com 32 anos, recebeu o primeiro diagnóstico aos 17 anos, “Foi um grande choque pra mim e mudou minha vida para sempre. Aos 17 anos descobriram o primeiro câncer, que se localizava no joelho, e para evitar maiores complicações com o alastramento do câncer pelo meu corpo, tive de tomar uma difícil decisão, permitindo que amputassem a minha a perna”.

Na época João praticava natação apenas de forma amadora, mas após a amputação decidiu se dedicar ao esporte com mais seriedade e competir como atleta. Uma no depois, em 2002, ele se tornou campeão brasileiro de natação, na modalidade 100 metros costas e campeão do Open de natação paralímpica em 2003 nos 100 metros costas.

Em 2004, o atleta alcançou o primeiro lugar na natação nos Jogos paralímpicos do Brasil 2004, na modalidade 100 metros costas, inclusive contando como índice classificatório para a paralímpiada de Atenas. Naquele mesmo ano seria segundo colocado no Campeonato brasileiro paralímpico, 50 metros livre

Novas descobertas

Contudo no ano de 2005, já com 4 anos atuando como atleta profissional, no auge da carreira, outra notícia veio novamente abalar o mundo de João Carlos. “Descobri estar com doze nódulos no pulmão, mais um câncer. Após a retirada dos nódulos, através de uma cirurgia, precisei ainda ir para São Paulo fazer um transplante de medula e assim proceder com o tratamento contra o câncer. Foram alguns dos dias mais dolorosos e difíceis da minha vida”, revela.

Naquele período, o atleta teve depressão e pensou até em tirar a própria vida. “Pensei que não valia mais a pena viver, que nada daquilo fazia sentido. Pensava que morrer podia ser a solução para acabar com tanto sofrimento”.

No entanto, após o tratamento João conheceu um novo amor e encontrou na sua então namorada motivação para seguir adiante. Em 2006, pouco tempo depois de fazer o tratamento contra o câncer, resolveu se mudar para o Rio Grande do Sul para se casar e viver seu grande amor.

Mais surpresas da vida

Anos depois, João mudou-se para Florianópolis, onde mais uma vez foi diagnosticado com câncer no pulmão. Em 2010, devido a descoberta de mais um câncer, teria de realizar uma cirurgia que removeu metade do seu pulmão esquerdo, limitando para sempre sua capacidade aeróbica e respiratória. “O médico me disse que eu jamais teria a mesma capacidade e que isso seria um limitante para minha vida como desportista. Mas não me deixei abater e segui lutando”, conta o atleta, que logo após a retirada de parte do meu pulmão, foi  campeão regional de natação paralímpica.

Apesar das limitações, João Carlos seguiu conquistando medalhas e participando de competições, subindo ao pódio mais de 40 vezes nos últimos anos. Além disso, praticou corridas de aventura e provas que continuamente testam a resistência do corpo e da mente.

Em 2017, João descobriu o CrossFit e se apaixonou pela modalidade. “Isto me motivou a fazer uma campanha na internet para comprar uma prótese especial para corrida, que custava 50 mil reais. A campanha arrecadou 60 mil reais. A partir daquele instante percebi que a minha história tinha o poder de motivar a outros.”

Após ter sido considerado curado do câncer em 2015, após 5 anos sem o aparecimento de um novo caso, foi surpreendido no ano seguinte, em 2016, com a descoberta de mais um tumor, removido cirurgicamente. Era o quinto câncer em 15 anos de muita luta, tratamentos e intervenções cirúrgicas.

Inspirando outras pessoas

Hoje João faz palestras sobre a sua história, mas com o objetivo se mostrar que é possível vencer as adversidades. “Quero mostrar que a dor tem uma capacidade enorme de ensinar. Todo mundo tem alguma dor e que essa dor vista por um outro ponto de vista pode trazer um grande crescimento”.

Em fevereiro de 2019, João Carlos lançou seu livro, “Nascido para Vencer”, quando completou 13 anos da realização do transplante de medula, uma data emblemática para ele. Naquele mesmo ano, foi de Porto Alegre até Goiânia de carro, fazendo nestes quase 2000 quilômetros de percurso paradas em diversas cidades, para realizar mini palestras e eventos de lançamento do livro: “Foi uma experiência incrível, de poder ter um contato bem próximo com as pessoas e impactar vidas. Foi um dos momentos mais emocionantes e gratificantes de tudo que vivi.”

Em abril deste ano, o atleta pretende realizar uma nova e emocionante aventura: chegar ao acampamento base do Monte Everest.







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