Quem deseja chegar ao topo do Mont Blanc, a partir da popular Rota Goûter, agora terá que fazer um depósito caução de 15 mil euros (cerca de R$ 80 mil) para cobrir os custos caso precise ser resgatado, ou na pior das hipóteses, morrer.
A medida foi imposta na última semana, pelo prefeito Jean-Marc Peille, da cidade de Saint-Gervais-les-Bains, onde normalmente se começa a expedição à montanha mais alta dos Alpes pelo lado francês.
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Segundo o prefeito, a decisão foi tomada em resposta às dezenas de pessoas que se desafiavam a subir o monte sem experiência necessária e se aventuravam em um “jogo de roleta russa”.
O depósito considerável é dividido em duas partes: 10 mil euros, cerca de 55 mil reais, cobrem o custo de um resgate na montanha e 5 mil euros, em torno de 27 mil reais, cobrem o custo de um funeral.
A onda de calor intensa e prolongada, que se alastrou por toda Europa, tornou as condições na montanha ainda mais perigosas.
Em meados de julho, devido a fortes desmoronamentos, guias locais suspenderam até 15 de agosto suas operações ao longo da rota até 15 de agosto. A administração local aconselhou fortemente as pessoas a evitarem a expedição.
Em publicação no Twitter, Peillex disse que dezenas de “pseudo-alpinistas” ignoraram os avisos. Ele descreveu como cinco visitantes romenos recentemente tentaram a subir a montanha “usando shorts, tênis e chapéus de palha” e tiveram que retornar com a polícia.
#saintgervais #montblanc pic.twitter.com/dBOTZcdNG1
— Jean-Marc PEILLEX (@PEILLEX) August 3, 2022
“As pessoas querem escalar com a morte nas mochilas”, acrescentou. “Então, vamos antecipar o custo de resgatá-los e de seu enterro, porque é inaceitável que os contribuintes franceses paguem a conta”.
Embora seja menos usado, o pico de Mont Blanc também pode também ser alcançado por outro caminho pela Itália, tomando a rota de Ratti pela cidade de Courmayeur. Roberto Rota, o prefeito da cidade, não concordou com a decisão do prefeito francês e afirmou que o lado italiano “não limitará a subida de alpinistas”.
“Nós, como administradores, podemos nos limitar a relatar condições abaixo do ideal ao longo das rotas, mas pedir um depósito para subir até o topo é realmente surreal”, disse Rota ao jornal italiano Corriere della Sera.
Desde que 11 pessoas morreram no início de julho, quando uma enorme parede de gelo se soltou de uma geleira no lado norte da Marmolada, o pico mais alto das Dolomitas italianas, o debate sobre a segurança das atividades em montanhas na Europa aumentou.