Coronavírus: vitamina D protege do Covid-19?

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Imagem Shutterstock

Recentemente, dois pesquisadores da Universidade de Turim, na Itália, divulgaram um documento em que alegam que a vitamina D teria um papel importante na prevenção da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Giacarlo Isaia, professor de Geratria e Presidente da Academia de Medicina de Turim, e Enzo Medico,  professor titular de Histologia dessa mesma universidade, reuniram estudos que apontavam o benefício da vitamina, destacando a redução do risco de infecções de origem viral e capacidade de reduzir danos de inflamações no pulmão. Afinal, no caso da pandemia de coronavírus, vitamina D poderia ser uma forma de prevenir a Covid-19? 

O que é vitamina D

Explica o oftalmologista Renato Leça, professor da Faculdade de Medicina do ABC e pesquisador sobre vitamina D, se trata de “um micronutriente que, entre outras funções no corpo, atua no funcionamento do sistema imunológico, auxilia na absorção de cálcio e tem papel importante no equilíbrio do açúcar no sangue”. 

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O papel dela é de um hormônio multifuncional, já que diversas células e tecidos possuem receptores para síntese da vitamina. Nos últimos anos, tem sido estudada como um nutriente que tem ação nas células de defesa. Também tem sido estudada sua relação com doenças autoimunes, como diabetes tipo 1 e esclerose múltipla. Pela capacidade de reter o cálcio no organismo, a relação dela com ossos fortes é bem conhecida, assim como a deficiência de vitamina D está associada à osteoporose.

Qual o nível de vitamina D ideal? 

Os níveis mínimos estariam na faixa de 20ng/ml. Em casos de pessoas com níveis muito baixos, os protocolos médicos indicam fazer uma dose de ataque inicial mais alta de vitamina D com orientação médica, para melhorar o estoque desta vitamina. “Depois é mantida uma dosagem que podem variar de acordo com o estado de cada paciente”, explica Leça. 

Qual a relação da vitamina D com infecções respiratórias?

Um estudo feito pela Harvard Medical School em 2009, publicado no periódico JAMA Internal Medicine, mostrou que adultos com deficiência no nutriente disseram sofrer mais de gripe, resfriado ou infecção no trato respiratório superior. Já em uma metanálise publicada em 2017 no periódico BMJ, os pesquisadores concluíram que a suplementação de vitamina D em indivíduos com deficiência ajudaria a reduzir os riscos de infecções no trato respiratório. O efeito foi observado com mais força especialmente nos pacientes com níveis muito baixos do nutriente. 

Por hora, a própria Harvard School of Medicine diz que mais pesquisas devem ser feitas ainda para comprovar a eficácia da vitamina D contra infecções respiratórias. Vale ressaltar que nenhum estudo comprovou ainda uma relação direta entre deficiência de vitamina D e maior gravidade no quadro do Covid-19, a infecção pelo coronavírus. 

Onde achar vitamina D?

Apenas 10 a 20% da quantidade de vitamina D que necessitamos é obtida por meio de alimentos. Os demais 80 a 90% necessários se formam no corpo com a exposição à luz dos raios ultravioletas (UV) do sol. Para garantir níveis adequados de vitamina D, o Ministério da Saúde recomenda, além de consumir alimentos fontes, a exposição solar de quinze a vinte minutos pelo menos três vezes por semana, sem protetor solar, até às 10h ou após as 16h. 

Se você faz atividades outdoor de dia com regularidade e tem uma alimentação variada, já criou uma rotina que favorece a formação da vitamina D. Mas em tempos de coronavírus e isolamento social, as coisas podem se complicar. Tente se expor ao sol diariamente ao menos por alguns minutos e manter a ingestão de fontes do nutriente. “Em um trabalho científico que realizamos na Faculdade de Medicina do ABC em parceria com a Unifesp, observamos que os estudantes de medicina que praticavam exercícios em quadras cobertas apresentaram níveis de vitamina D cerca de 40% menor que seus colegas que praticavam exercícios ao ar livre, e além disso, o nível médio de vitamina D do grupo da quadra mostrou-se na faixa da insuficiência, mesmo tendo uma boa alimentação”, diz Leça. 

Vitamina D nos alimentos

Peixes como salmão, atum e sardinha, fígado de boi ou de galinha, ovos são ricos do nutriente. Entre os alimentos vegetais, os cogumelos e fungos são boas fontes. Veja alguns exemplos:

1 colher (sopa) de óleo de fígado de bacalhau — 227% da quantidade diária recomendada
85 g de salmão cozido — 75% da quantidade diária recomendada
85 g de atum enlatado com água — 26% da quantidade diária recomendada
85 g de fígado de boi cozido — 7% da quantidade diária recomendada
1 ovo grande (com gema) — 7% da quantidade diária recomendada.

Coronavírus: vitamina D deve ser suplementada?

Pelo seu papel na modulação imunológica, a vitamina D é importante como prevenção de doenças em geral. Em outras palavras, ela não fará milagres, muito menos no curto prazo, embora seja importante manter seus níveis adequados, principalmente tomando sol e alimentando-se bem.

De forma mais incisiva, um estudo recém publicado por pesquisadores no Irish Medical Journal defende que tomar suplementos de vitamina D pode aumentar a resistência contra infecções respiratórias como a Covid-19 ou mesmo reduzir a gravidade dos sintomas. Os autores do estudo Declan Byrne, do St. James’s Hospital e Trinity College de Dublin, e Daniel McCartney, da Technological University of Dublin, recomendam que adultos na Irlanda consumam 20 a 50 microgramas de vitamina D por dia. 

Contudo, não é recomendado suplementar a vitamina D por conta própria, já que seu excesso pode causar danos aos rins, quadro de desidratação, fadiga, fraqueza muscular, náuseas e confusão mental. Caso desconfie que pode estar com níveis baixos, consulte seu médico. E, de todo modo, exames e suplementação na maioria dos casos podem esperar o período crítico da pandemia passar.  

 







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