NA ARQUITETURA, o tema “sustentabilidade” está longe de ser novo: desde os anos 1970, quando o petróleo virou uma potente “arma” geopolítica e monetária na relação entre os países, profissionais da construção civil têm cada vez mais procurado novas fontes de energia. Ideias de como construir uma casa sustentável devem se tornar cada vez mais populares.
No entanto, se a maioria das construtoras segue ignorando as práticas sustentáveis, pelo menos ainda resta uma esperança: segundo uma pesquisa recente feita pela ONG norteamericana Global Wellness, 81% das pessoas entre 20 e 39 anos (que geralmente estão adquirindo seu primeiro imóvel) se mostram dispostas a pagar um pouco mais por uma “casa sustentável”.
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Em outras palavras, a varanda gourmet e o loft descolado têm perdido importância diante de uma casa sustentável que utilize energia e materiais limpos, pensada na orientação correta em relação ao sol e aos ventos e erguida com base em projetos inteligentes em relação a conforto térmico e durabilidade da edificação. Na tentativa de construir a “casa sustentável ideal”, conversamos com João Paulo Generoso, proprietário da Atos Arquitetura, escritório com base em Campinas (SP) que carrega o selo de duas respeitadas instituições da “construção responsável” – o Green Building Council e a Comunidad Internacional Arquitectura Responsable.
- Estrutura eficaz – A alvenaria dá lugar a metais leves, como aço galvanizado, ou a vigas de madeira, que têm como características a praticidade na construção e a alta resistência. Essa escolha economiza 80% de água e permite que a casa sustentável fique pronta na metade do tempo, se comparada aos sistemas convencionais de construção.
- Parede limpa – O uso de placas “cimentícias” sem amianto na parte externa e de gesso no lado interno tem se mostrado eficiente no desempenho térmico e acústico.
- Reuso da água (para lavar o quintal e regar as plantas)
Água da chuva: é captada pela cobertura da casa e direcionada à cisterna por uma tubulação de PVC. Antes de chegar à cisterna (a), porém, a água passa por dois filtros, que separam as folhas. Apesar de não ser potável, a água da cisterna deve ser tratada com cloro e, então, bombeada para as torneiras do jardim e descargas dos banheiros.
Tratamento de esgoto: as águas cinza caem em uma caixa de gordura (b1), onde é feita a primeira filtragem. Em seguida, encontram-se com as águas negras em um tanque séptico (b2), que fará a sedimentação das substâncias sólidas. A próxima parada é em filtros biológicos (b3), que trata a água com bactérias para reduzir a camada orgânica e, em seguida, jogá-la na cisterna.
- Placas solares – Capta e armazena a radiação solar para aquecer a água (que será usada em chuveiros, torneiras e piscina).
- Placas fotovoltaicas – Diferentemente das placas solares, elas captam a luz do sol e, através de um conversor instalado na residência, geram energia elétrica. É um investimento de médio a longo prazo.
- Teto verde – Não é só aparência, mas um bom isolante térmico em uma casa bioclimática.
Sol: entender a trajetória dos raios solares (no verão e no inverno) é determinante para definir a posição das janelas e outras aberturas na casa sustentável, resultando em maior iluminação e aquecimento.
Ventos: têm a função de resfriar ambientes internos. O ar é captado por grelhas e resfriado em galerias subterrâneas ou em espelhos d’água. Em regiões com vento constante, ele pode ser aproveitado para gerar energia através de um sistema eólico.
- Iluminação Lâmpadas de LED consomem menos energia e poluem menos do que as lâmpadas fluorescentes.
- Vida autossustentável
Hortas e árvores frutíferas: assim você terá sempre alimentos frescos e orgânicos à disposição. (c1)
Sistema de compostagem: seu lixo orgânico (não reciclável) vai virar adubo para o jardim e a horta. (c2)
*Reportagem publicada na edição nº 1454 de setembro de 2017.