O BRASIL TEM mais de 23 mil grutas e cavernas catalogadas, segundo o Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (Canie) de 2022.
São tesouros escondidos em cavidades rochosas, que contam com um vasto e riquíssimo universo que ainda tem muito a ser descoberto. Entre os estados mais abundantes nessas formações rochosas, estão Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Goiás, Paraná e Mato Grosso do Sul.
A tarefa de selecionar as melhores cavernas brasileiras entre nossas 23 mil não é fácil, muito menos factível. Como comparar cavernas tão distintas, porém igualmente belas, que existem em lugares como Bonito (MS) e Chapada Diamantina (BA)? Impossível.
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Mas aceitamos o desafio de selecionar sete que valem demais a visita, pois revelam um pouco da fascinante vida escondida na penumbra e no breu das tocas.
Muitos parques contam com restrições de horários, dias de visita e regras internas, por isso se informe muito bem antes de partir.
CAVERNA DA ÁGUA SUJA
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Localizado no sul do Estado de São Paulo, entre as cidades de Apiaí e Iporanga, o Petar (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira) é um dos parques paulistas mais antigos e possui mais de 350 cavernas. São cerca de 35.000 hectares de sítios paleontológicos, arqueológicos e históricos, considerados hoje um patrimônio da humanidade reconhecido pela Unesco.
A trilha para a Caverna da Água Suja tem 1h de duração, a partir do posto de controle do Núcleo Santana. A entrada da caverna é molhada e fica ao lado do rio Bethary, com quatro metros de altura e cheia de formações cobertas por tons esverdeados da mata. São quase 2 km de trilha interna, que varia com níveis de água de até 30 cm – exceto alguns poços mais fundos, com água até o tronco, porém sem trechos de nado.
Como chegar: Entre as cidades de Apiaí e Iporanga, o Petar está localizado a cerca de 200 km de Curitiba (PR) e aproximadamente 330 km da cidade de São Paulo, pela rodovia SP-165.
Onde ficar: O melhor lugar para descanso é Iporanga (SP)
Acesso: É preciso contratar guias credenciados
GRUTA DO JANELÃO
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Encravado no norte de Minas Gerais, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (MG) possui cerca de 56.400 hectares e ocupa terras dos municípios de Januária, São João das Missões e Itacarambi, bem próximos ao rio São Francisco. Essa Unidade de Conservação foi criada em 1999 para proteger seus sítios arqueológicos milenares, com pinturas rupestres feitas entre 500 e 9.000 anos atrás, além de suas cavernas de porte imponentes, interligados por diversas trilhas. A Gruta do Janelão é a principal atração do parque. Tem distância de 4,8 km (ida e volta), com tempo total estimado
para a visita de 5h30.
Como chegar: Voe até Montes Claros e dirija cerca de 190 km até Itacarambi, cidade-base mais perto do parque.
Onde ficar: A infraestrutura de hotéis e restaurantes em Januária é melhor do que em Itacarambi. Mas quem preferir não ter de dirigir todos os dias da estadia até a entrada do parque pode se hospedar em Itacarambi.
Acesso ao parque: A visitação deve ser agendada por meio de e-mail para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio; cavernas.peruacu@icmbio.gov.br). É necessária a contratação de um condutor (guia) para visitar o parque.
ABISMO ANHUMAS E GRUTA DO LAGO AZUL
A Gruta do Lago Azul (MS) é uma das mais importantes cavernas do patrimônio espeleológico nacional. Trata-se de um único salão com 100 metros de comprimento, que se destaca com a iluminação natural e o azul-turquesa das águas. É um patrimônio protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e que foi profundamente explorado em 1992.
No local, pesquisadores encontraram uma série de fósseis de mamíferos que viveram durante o período geológico do Pleistoceno, há 12.000 anos. Não muito longe da gruta, foi descoberta, em 1970, uma pequena fenda entre rochas no solo após um grande incêndio na região.
A fenda se abria para um abismo de 72 metros de profundidade. Ali, havia uma caverna parcialmente submersa, com um lago cristalino e uma floresta de cones de calcário – com o maior cone já registrado na literatura mundial, no Abismo de Anhumas, que fica submerso e tem 19 metros de altura.
Como chegar: Há acesso aéreo ou rodoviário via Campo Grande (Bonito fica a cerca de 300 km da capital). As cavernas estão a 23 km de estrada de terra da cidade.
Onde ficar: Há boas pousadas na cidade de Bonito.
Acesso às cavernas: É necessário acompanhamento de guia credenciado em Bonito (bonitour.com.br).
CAVERNA TERRA RONCA I E II E ANGÉLICA
O Parque Estadual de Terra Ronca (GO) tem 57.000 hectares de área no nordeste goiano, quase divisa com a Bahia, onde está catalogado um complexo com 200 cavernas “secas” e outras 60 “molhadas” (cortadas por um rio). Apenas 17 delas são abertas ao público, enquanto em outras 49 só é permitida a entrada de pesquisadores.
A caverna da Angélica tem 17 km de extensão e cerca de dez salões. Considerada uma das mais bonitas do Brasil, tem acesso por meio de uma praia fluvial. O barulho que ecoa entre os labirintos das cavernas Terra Ronca I e II deram nome ao parque. São 96 metros de altura com salões amplos e uma dolina de 80 metros de altitude que se abre e acolhe diversas araras que vivem por ali.
Como chegar: O Parque de Terra Ronca fica a aproximadamente 400 km de Brasília e mais de 600 km de Goiânia e se situa entre São Domingos e Guarani de Goiás.
Onde ficar: Hospede-se na cidade de São Domingos.
Acesso às cavernas: É necessário acompanhamento de guia credenciado pelo parque. O telefone da sede é (62) 3439-6005.
GRUTA LAPA DOCE
A mais famosa das cavernas da Chapada Diamantina (BA), a gruta Lapa Doce foi descoberta em 1986 e está localizada em Iraquara, município cercado por cachoeiras, cavernas e grutas. A Lapa Doce possui 20 km mapeados, sendo 850 metros abertos à visitação. Seu maior salão tem impressionantes 60 metros de largura – lá, a visitação só é permitida em grupos de, no máximo, 12 pessoas. Além da beleza e das formações, a gruta se diferencia das demais encontradas na região por ser arejada e na sua maioria, plana.
Como chegar: O principal ponto de partida é a cidade de Lençóis. De lá, é preciso seguir pela rodovia BA-144 por cerca de 12 km até chegar à BR-242 (sentido Iraquara).
Onde ficar: Hospede-se em alguma pousada na simpaticíssima cidade de Lençóis (BA).
Acesso à caverna: Não é necessário agendamento, porém você precisa contratar um guia credenciado pelas operadoras locais da cidade.
CAVERNA DO DIABO
Vizinho ao Petar, o Parque Estadual Caverna do Diabo (SP) tem sua própria área e foi criado em 2008 a partir do mosaico de Unidades de Conservação de Jacupiranga. A área conta com mais de 40.000 hectares, abrangendo os municípios de Barra do Turvo, Cajati, Eldorado e Iporanga, no sul de São Paulo, na região do Vale do Ribeira. A maior caverna do estado, e considerada uma das mais bonitas, a caverna do Diabo tem mais de 6.000 metros de extensão, mas apenas 600 metros estão abertos à visitação. Dentro dela, há salões grandiosos.
Como chegar: O Parque Estadual Caverna do Diabo fica a 287 km da cidade de São Paulo e pode ser acessado pela rodovia Régis Bittencourt.
Onde ficar: É possível se hospedar em Eldorado ou nas cidades vizinhas.
Acesso à caverna: Agendamento e guias através do telefone (13) 3871-1759.
GRUTA DO MAQUINÉ
Localizada em Cordisburgo, a 120 km de Belo Horizonte (MG), a Gruta de Maquiné foi descoberta em 1825 pelo fazendeiro Joaquim Maria Maquiné. A partir de 1834 a gruta foi explorada cientificamente por Peter Wilhelm Lund, um naturalista dinamarquês
Com seus imensos salões é o berço da paleontologia no Brasil, tem 650 metros de extensão distribuídos em sete salões, atingindo 18 metros de profundidade. Os salões são muito amplos, o maior deles tem 160 metros de comprimento. Ela oferece uma viagem subterrânea em meio às belezas naturais da caverna que é uma das mais visitadas do Brasil
Durante o percurso se deparamos com centenas de estalactites, estalagmites e outras formações que formam belas esculturas naturais. Muitas delas, que se assemelham com animais ou outras formas que vem a nossa imaginação.
A gruta está distribuída em sete salões, o primeiro deles é o Salão Vestíbulo, ainda na entrada da caverna iluminado naturalmente, depois temos uma sequência de salões nomeados pelas formações que apresentam, como a Sala das Colunas, Altar ou Trono, do Carneiro, Salão das Piscinas, Salão das Fadas, até chegar ao último que é o maior de todos.
O Salão do Cemitério é o maior deles nomeado devido a quantidade de ossadas que foram encontraram nele. Este salão tem mais de 160 metros de comprimento e nele está o local chamado de cama de Peter Lund, local que ele usava para dormir.
Como chegar: O monumento está localizado a 5 km da sede municipal de Cordisburgo, na rodovia MG 421. Saindo de Belo Horizonte, o principal acesso para Cordisburgo é através da BR 040 e, em seguida, pela MG 231, no trevo próximo a cidade de Paraopeba.
Acesso à caverna: Agendamento e guias através do Instagram contato@grutadomaquine.com.br.
*Matéria atualizada em 21/06/2024.