Você não está delirando — os custos de viagem estão mais caros do que estiveram nos últimos cinco anos. Separamos algumas estratégias simples para manter os custos baixos mesmo enquanto as tarifas estão subindo. Não planeje suas férias antes de ler isso
Suas impressões estão certas: as viagens pós-pandemia estão mesmo mais caras. Especialistas preveem que este ano será um dos mais movimentados desde o surgimento da COVID-19 e, para muitos, já está pintando ser também o mais salgado. De acordo com um levantamento do Boston Consulting Group (BCG), o turismo brasileiro movimentou valores até 25% acima dos níveis pré-pandêmicos de 2019. Tal impulso se deu em grande parte pelo aumento dos preços, especialmente nos setores de transporte aéreo e hotelaria. Como ninguém quer desistir dos planos de cair na estrada pelo menos uma vez ao ano, a alternativa é buscar maneiras de reduzir custos.
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Os hotéis prometem ser um dos grandes investimentos nas férias, com taxas que subiram 18,2% no último ano, de acordo com a corretora brasileira XP. Também estamos sendo mais cobrados por comer fora: no mesmo período, os preços das refeições em restaurantes subiram 12% mais altos, segundo a FecomercioSP.
No meio disso tudo, há algumas boas notícias: o preço das passagens aéreas estão arrefecendo em 2024, após uma alta histórica de 47,3% no ano passado, de acordo com números do IBGE. E o custo médio da passagem para os destinos estrangeiros mais cobiçados já caiu 22% em 2024, aponta um estudo do site especializado em viagens Kayak. É o caso de Nova York, por exemplo, onde o preço médio do voo diminuiu de R$ 5.001 no ano passado para R$ 4.099 neste ano. Além disso, no caso dos voos domésticos, existe a expectativa por medidas do governo para baratear o preço das passagens. O lançamento do programa “Voa Brasil”, por exemplo, pode beneficiar cerca de 22 milhões de brasileiros.
Para quem está disposto a abrir mão de um pouco de conforto em nome da economia, as companhias aéreas low cost (baixo custo) também são uma boa pedida na hora de viajar. Alguns especialistas estão otimistas de que voos e rotas adicionais, especialmente aqueles de novas companhias low cost como Arajet e JetSmart ajudarão a diminuir as tarifas internacionais, mas isso ainda soa como chute. Por enquanto, a melhor estratégia é reservar as passagens aéreas internacionais com antecedência. De acordo com o Kayak, oito meses é o intervalo ideal, o que pode significar uma economia entre 8 e 18%.
Se você está com um orçamento limitado mas ainda quer fazer algo grande, não se desespere; ainda dá para ter férias anuais acessíveis para quem está disposto a ser flexível quanto ao timing, estratégico na escolha do destino, e a planejar tudo com antecedência. Aqui estão algumas dicas nossas e de especialistas do setor sobre como fazer isso acontecer.
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Viaje na temporada intermediária
As temporadas intermediárias são períodos em que os destinos recebem menos turistas, mas ainda estão de portas abertas. As vantagens incluem menos multidões e, muitas vezes, ótimas ofertas em hotéis e voos. Por outro lado, lojas e restaurantes podem estar fechados ou ter horários limitados. O clima também pode ser uma incógnita. No México, por exemplo, setembro e outubro são os meses mais lentos do ano para o turismo; eles também são os mais chuvosos, época em que tempestades tropicais são mais propensas a atingir ambas as costas, diz Zach Rabinor, fundador da Journey Mexico.
No entanto, não descarte destinos durante a estação chuvosa. Na Costa Rica, você pode economizar de 30% a 40% entre agosto e novembro e desfrutar de praias desertas e florestas tropicais exuberantes, diz Javier Echecopar, cofundador da Journey Costa Rica. “Esses meses são considerados chuvosos, mas geralmente com manhãs claras seguidas por chuvas à tarde”, ele diz, acrescentando que, no lado caribenho do país, a costa tende a ser muito clara durante esses meses, resultado de microclimas.
Se você está buscando bons preços acima de tudo, pode ser necessário pular os destinos da sua lista de desejos deste ano, mesmo durante as temporadas intermediárias. Durante uma viagem para Roma em março de 2023, as ruas e principais atrações estiveram mais tranquilas, mas os preços não estavam mais baratos para voos, hotéis e refeições em restaurantes.
Jenna Swan, agente de viagens da empresa Embark Beyond, diz que você encontrará melhor preço visitando cidades menos icônicas durante a baixa temporada. “Um quarto em Paris pode facilmente custar duas ou três vezes mais do que um quarto em Madri”, diz ela.
Atenção aos custos extras
Costumamos ficar tentados a aproveitar uma passagem aérea barata ou uma tarifa de hotel sem estudar o panorama geral. Ao escolher entre um voo às 6 da manhã por R$ 2.000 ou um às 10 da manhã por R$ 2.300, tenderíamos a reservar a opção aparentemente mais acessível, deixando de levar em conta que chegar ao aeroporto pode gerar custos extras: a rota de ônibus de R$ 40 pode não funciona tão cedo, o que significa R$ 150 por um Uber, ou dirigir e desembolsar até R$ 50 por dia para estacionar no aeroporto.
Além disso, as principais companhias aéreas estão adicionando mais taxas, para tudo, desde bagagens despachadas até assentos selecionados, e os sites das companhias aéreas muitas vezes usam estratégias de design conhecidas como “padrões escuros” para incentivar os consumidores a comprar extras (como um carro alugado ou seguro de viagem) durante sua compra.
Reserve uma viagem all inclusive
Antes associado a viajantes econômicos e bebidas à vontade, o modelo de resort all inclusive evoluiu, com ofertas que passam por restaurantes com estrelas Michelin, vinhos finos e atividades guiadas exclusivas. A etiqueta do preço inicial pode parecer cara, mas quando você considera tudo, obtém um valor incrível.
E as estadias all inclusive não são apenas para férias na praia. A pioneira em pacotes de viagens Club Med agora oferece propriedades em Quebec e nos Alpes. Uma família de quatro pessoas, reservando a estadia de esqui de cinco noites do Club Med em Charlevoix, Canadá, pode economizar mais de US$ 7 mil (cerca de R$ 35 mil) em comparação com uma viagem de esqui planejada por conta própria em Aspen, no Colorado, mesmo após considerar o custo da passagem aérea.
Utilize um agente de viagens
Viajantes experientes costumam pensar que podem prescindir de um agente de viagens, mas a verdade é que esses profissionais podem fazer mágica. Eles têm conexões na indústria que se traduzem em upgrades gratuitos de quartos e benefícios especiais, como créditos para resorts, café da manhã cortesia e ocasionalmente outras comodidades, como uma garrafa de vinho esperando no quarto, traslados gratuitos para o aeroporto e acesso VIP a museus e picos de aventura. Se algo der errado, eles estão disponíveis para ajudar. E sabem como conseguir ótimas ofertas. Quando entrei em contato com um agente de viagens sobre o voo exorbitante para Maiorca, ele conseguiu reduzir o custo para quase a metade do preço que eu estava pensando em gastar, combinando companhias aéreas e conexões.
Verifique a taxa de câmbio
No verão passado, viajei para a Croácia, sem perceber que o país havia adotado o euro. Quando fui em 2020, a força do dólar em relação à kuna tornava a Croácia um destino econômico. Mas agora é tão caro quanto passar férias na França ou na Itália.
Uma boa taxa de câmbio oferece poder de compra extra para maximizar sua experiência de viagem (pense: mais atividades e refeições espetaculares). No caso do Brasil, países como África do Sul, Índia, República Dominicana, além dos nossos vizinhos sul-americanos como Argentina, Uruguai, Bolívia e Peru, são exemplos onde o real vale mais do que a moeda local.
Deixe que novas rotas de voo ditem seu destino
As companhias aéreas low cost oferecem algumas de suas tarifas mais baixas ao lançar novas rotas. No final de 2023, para marcar território no Brasil, a Arajet teve passagens aéreas no trecho São Paulo – Santo Domingo, na República Dominicana, por menos de R$ 1.800, ida e volta, com as taxas inclusas. E mesmo depois que as tarifas promocionais desaparecem, ter uma nova companhia aérea em uma rota adiciona concorrência que tende a reduzir os preços. Muitas companhias aéreas importantes também estão lançando novas rotas este ano. Siga sites de viagens que acompanham essas informações.
Reconsidere os hostels
Sim, os albergues de mochileiros dos tempos pós-universitários ainda existem, mas também há uma nova safra de redes de hostels limpos e econômicos que estão atraindo multidões. Pesquise por lugares como A&O, Freehand (que se descreve como “uma rede de hotéis que combinam a cultura social de um hostel”) e Generator. De acordo com Oliver Winter, fundador da A&O, a maior marca de hostels da Europa, quase 28% dos hóspedes têm entre 25 e 34 anos. Os hostels boutique frequentemente oferecem quartos privativos com banheiro privativo, quartos com beliches para acomodar famílias ou grupos de amigos, e um espaço para preparar refeições para que você não seja obrigado a gastar todo o seu orçamento comendo fora. Eu já fiquei em um quarto de beliche em um bangalô para quatro pessoas no Freehand Miami com amigos, e parecia tão estiloso e imaculado quanto um hotel boutique, além disso, o bar, Broken Shaker, faz alguns dos melhores drinks da cidade.
Economize nas refeições (sem deixar de desfrutar muito)
Eu sempre tento reservar um quarto de hotel que inclua café da manhã na tarifa. Minha estratégia: tomar um café da manhã reforçado e tardio e depois guardar um muffin e uma banana para um lanche mais tarde que pode me sustentar até um jantar precoce.
Aproveitar as cenas de comida de rua locais também pode ser uma ótima forma de economizar bastante. Winter, da A&O, diz que Florença, na Itália, é uma cidade de comida de rua pouco conhecida (não cheia de food trucks, como os americanos podem imaginar, mas de lojas que vendem vários sanduíches quentes e frios e bebidas que você pode consumir na rua). Experimente o Da’ Vinattieri, perto do Museu Nacional de Bargello.
*Matéria originalmente publicada na edição 182 da revista Go Outside.