Manual prático de como sobreviver a desastres naturais

Por Jason Daley e Maria Clara Vergueiro

Manual prático de como sobreviver a desastres naturais
Imagem: NOAA/Unsplash

O enlouquecimento global está te deixando maluco? A nós também. Por isso preparamos este guia para você enfrentar e sobreviver a desastres naturais como tsunamis, furacões, terremotos e mais.

No Brasil, podemos ficar aliviados por não estarmos em grande risco de passar por alguns fenômenos. Mas é sempre bom estar preparado em caso de viagens para outros lugares do mundo que enfrentam esses desastres.

Veja as nossas dicas para sobreviver aos seguintes desastres naturais:

Furacões

Senhor de muitos nomes (por exemplo, tufão no sudeste da Ásia e ciclone tropical na Índia e na Austrália), um furacão pode fazer um belo estrago por onde passa. Em 2004, o Brasil sentiu na região Sul os efeitos de um ciclone extratropical, batizado de Catarina.

Calma: nós, brasileiros, podemos respirar aliviados quando se trata desse assunto. Segundo especialistas, furacões que se formam no hemisfério Norte não atravessam a linha do Equador porque de lá até aqui a rotação da Terra muda e os pulveriza. Além disso, a temperatura elevada do mar brasileiro, aliada a nossa condição dos ventos e da umidade, impede que eles se formem nesta parte do planeta. O máximo que podemos encarar são ciclones raríssimos como o Catarina ou ventos muito fortes.

Imagem:
John Middelkoop/Unsplash

Mas caso você esteja em algum lugar do mundo que sofra com esse fenômeno, saiba que vestir um capacete é uma boa estratégia ao presenciar um furacão. “As pessoas costumam morrer ao serem atingidas por objetos carregados por um furacão”, diz Harold Brooks, pesquisador Laboratório Nacional de Tempestades Severas em Oklahoma, EUA. “Recomendamos o uso de capacete mesmo que você esteja num porão.”

Chuvas e enchentes

Em 2011, não apenas o Brasil, mas países como Estados Unidos, Paquistão e Austrália viram suas cidades desaparecer no meio das águas de chuvas torrenciais. Além do aquecimento global, a expansão urbana e o aumento da canalização dos rios também viraram uma receita para enchentes.

Caso você esteja no seu carro no meio de uma enchente, reduza a velocidade imediatamente e evite passar perto de rios e córregos. A CET recomenda não dirigir por locais alagados onde não se tem boa visão da rua. Se for preciso atravessar um trecho alagado, mantenha o carro acelerado e não troque de marcha.

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Terremotos

De acordo com o geólogo Ideval Souza Costa, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), as áreas mais propensas a terremotos são na América, em toda a costa do continente voltada para o oceano Pacífico (ufa!), incluindo a região dos Andes. Por aqui, não veremos terremotos de alcances catastróficos, graças à posição que o Brasil ocupa na placa Sul-Americana, distante o suficiente de seus vizinhos andinos. Os poucos tremores que sentimos são “sobras” de terremotos que vêm de lá.

Caso você enfrente esse que é um dos principais desastres naturais em algum lugar do mundo, lembre-se que a reação natural de gritar por socorro e lutar para fugir não é o ideal para sobreviver. Gritar pode te fazer inalar toxinas e movimentos repentinos podem deslocar grandes escombros para cima de você. Cubra a boca para bloquear a poeira e bata em alguma coisa para chamar a atenção do resgate.

Antes de viajar para um lugar famoso pela ocorrência de terremotos, como Japão e Chile, leve com você as informações do consulado brasileiro, para procurar ajuda em caso de emergência. O site itamaraty.gov.br fornece uma lista completa de todos os consulados brasileiros no mundo.

Vulcões

A cada ano, 60 dos 1.500 vulcões potencialmente ativos no mundo entram em erupção. A maioria apenas cospe algumas poucas cinzas, mas pode ocorrer uma erupção maior. Há bilhões de anos o Brasil já teve vulcões em seu território, quando ainda estava grudado no continente africano. Hoje, só restou um, inativo há mais de um milhão de anos: o arquipélago de Fernando de Noronha.

Imagem: Yosh Ginsu/Unsplash

Óculos, máscaras e mangas compridas são itens obrigatórios nas zonas estendidas de abrangência das cinzas de um vulcão em erupção. As cinzas também precisam ser removidas das casas e prédios assim que a situação estiver segura – a maior causa de mortes em erupções é o colapso de telhados devido ao acúmulo de cinzas.

Vai fazer uma caminhada perto de um vulcão? Ouça seu guia. No mundo todo, poucos especialistas sabem mesmo prever atividades vulcânicas, então pesquisadores como Robert Buchwaldt, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, estão ensinando os locais a identificar pistas de erupções. Exemplos? “Um inchaço em algumas regiões do vulcão, formação de fissuras e plantas morrendo ao redor.”

Tsunamis

 

Tsunamis não ocorrem por si só – são desencadeados por terremotos, deslizamentos subaquáticos e até mesmo impactos de meteoros. Justamente por isso, não existe possibilidade de vermos um tsunami lambendo as praias do litoral brasileiro, já que estamos bem localizados na placa da América do Sul.

Em um mundo ideal, sensores instalados no oceano acionam sirenes e sistemas de aviso quando há sinais de tsunamis, que dão às comunidades tempo suficiente para evacuar a costa. Mas em muitas partes do mundo onde não há esse tipo de preparo a única saída é observar a natureza. Uma maré subindo ou baixando na hora errada é sinal certo de tsunami.

Vá para o segundo andar ou para o telhado de um edifício, suba numa árvore ou, em último caso, segure um colete salva-vidas ou outro objeto que boie. Lembre-se: os tsunamis podem durar até dez horas, e a primeira onda nem sempre é a pior.

Se você estiver na água de caiaque, veleiro ou lancha antes de um tsunami chegar, vá o máximo que conseguir na direção do alto mar. Você será levantado pelas ondas, claro, mas se estiver em águas profundas o suficiente, não será empurrado para a costa.

Para sobreviver a desastres naturais, esteja sempre atento às recomendações de autoridades do país em que você estiver.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de maio de 2012)