Viajar é uma delícia, e as fronteiras aos poucos estão reabrindo para o Brasil. Embora o dólar e o euro estejam ainda bastante proibitivos, quem já tinha uma viagem planejada ou não mede esforços para tirar um sonho do papel está se organizando. A boa notícia é que há algumas novidades interessantes em como levar dinheiro em viagens, que vão permitir fazer seu dinheiro render mais e são mais seguras.
Até pouco tempo atrás, as opções eram levar dinheiro em espécie comprado em casa de câmbio (geralmente dólar ou euro, para serem trocados localmente em destinos com outras moedas), cartões pré-pagos e cartão de crédito. Recentemente, as fintechs estão oferecendo contas globais que permitem converter reais diretamente para outras moedas com taxas muito mais vantajosas e a possibilidade de retornar para reais as “sobras” da viagem, sem grandes burocracias e poucas taxas. Vamos entender melhor cada uma das alternativas de como levar dinheiro em viagens.
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A alternativa menos vantajosa é o cartão de crédito. Apesar da praticidade e conveniência, custa caro: você paga IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) de 6,38%, a taxa de spread do banco e está sujeito à oscilação de câmbio do dólar. A taxa de conversão para dólar antigamente era a data de fechamento mensal do cartão, mas desde março de 2020, compras feitas em moeda estrangeira com cartão de crédito chegam na fatura, obrigatoriamente, com o valor da cotação do dia em que foram realizadas. Até então, os bancos poderiam optar por cobrar o valor referente à data do fechamento da fatura – e a maioria trabalhava dessa forma. Fique de olho: se os gastos forem em outras moedas diferentes do dólar americano, o banco realiza duas conversões – do real para o dólar e do dólar para a outra moeda -, o que significa que são cobradas duas taxas de câmbio e dois spreads diferentes, o que pode ser um susto na hora que a fatura chega.
Levar dinheiro em espécie pode ser econômico do ponto de vista das taxas: você pode esperar um momento favorável para comprar moeda, paga IOF de 1,1% e mais a taxa de administração da casa de câmbio. O inconveniente é levar altas quantias em notas, ficando sujeito a perdas e furtos.
Como levar dinheiro em viagens: cartão pré-pago
Das opções mais modernas, o cartão pré-pago tem sido o preferido. O mais popular e aceito é o Visa Travel Money, o primeiro disponível, em 2011, com uma bandeira amplamente aceita. Basicamente, é um cartão pré-pago com status de crédito, disponibilizado exclusivamente para quem pretende viajar ao exterior. Com ele, o usuário poderá realizar compras e sacar dinheiro nos terminais eletrônicos com rapidez e praticidade, livre de burocracias. Ele é recarregável e multi-moeda, ou seja, é possível carregar 6 diferentes moedas no mesmo Travel Money (Euro, Dólar Americano, Libra Esterlina, Dólar Australiano, Dólar Canadense e Dólar Neozelandês).
Contas globais entram em cena
As compras e saques são realizados na moeda local do país em que o usuário estiver, com as devidas conversões. Diversos bancos e casas de câmbio disponibilizam o cartão, usando dólar como moeda base para conversão de outras moedas. A desvantagem do VTM está nas taxas cobradas pelos serviços: o IOF de 6,38% é cobrado sobre a funcionalidade do crédito na cobrança pela compra do dinheiro em espécie e, posteriormente, sobre qualquer transferência que você solicitar para recarga. Alguns caixas eletrônicos, dependendo da localidade, cobram taxas por saque. Como Visa Travel Money tem aplicativo, é possível acessar o extrato, alterar senha, bloquear ou desbloquear o cartão, o que dá mais segurança.
A novidade no mercado são as contas globais: bancos que permitem que você abra uma conta na qual transfere reais com taxas mais vantajosas. As principais diferenças são que você envia o dinheiro de uma conta local brasileira para sua conta global por remessa internacional, na cotação comercial em vez de turismo, mais vantajosa. Além disso, o IOF é mais baixo, e para enviar a remessa você pode escolher o serviço que tiver o spread e cotação mais baixos. Tudo somado, a economia pode valer muito a pena, especialmente para quem viaja bastante e vai usar sempre o cartão da conta global. Muitas delas não cobram taxas de manutenção e estão enviando o plástico gratuitamente para o Brasil. Vamos às principais opções:
C6 Bank
O C6 Bank é um banco digital que oferece a possibilidade de Conta Global Dólar e Conta Global Euro, diretamente pelo app do C6 Bank. As duas são independentes e cada uma conta com seu cartão de débito internacional Mastercard. Após abrir a conta global, é só fazer a remessa. O app faz a conversão em moeda estrangeira automaticamente para a Conta Global de destino e basta usar o cartão de débito internacional para compras no exterior, em lojas físicas ou sites, e realizar saques em caixas eletrônicos no destino. A cotação para a remessa é em dólar comercial e o spread é de 2% para transações feitas de segunda a sexta, exceto feriado, das 9h às 18h (horário de Brasília) com IOF (1,1%), equivalente ao de compra de moeda em espécie. O C6 tem convênio com a rede Cirrus para saques, com tarifa de US$ 5, no caso da Conta Global Dólar, e € 5, no caso da Conta Global Euro. É possível retornar dinheiro para a sua conta no Brasil pelo app do C6 Bank, pagando IOF de retorno de 0,38%. O C6 cobra uma taxa de US$ 30 para abertura da conta e emissão do cartão e não tem taxa de manutenção, cobrando tarifa apenas de algumas operações.
Como levar dinheiro em viagens: Passfolio
A Passfolio, fintech americana com sede em São Francisco, anunciou o lançamento de um cartão de débito em dólares para brasileiros, a partir de 1º de novembro. Disponível nas versões física e digital sob a bandeira Mastercard, as taxas aplicadas são bem menores do que conversões convencionais ou transações internacionais. A Passfolio cobra spread de 0,38% para depósitos em reais na conta e de 1,45% no câmbio para dólar. Os depósitos podem ser feitos por TED ou remessa internacional, e a conta não tem taxas de manutenção nem para transações no exterior. Além de usar em viagens, o cartão pode ser usado para compras online em lojas como Amazon, Apple e eBay e para colocar saldo diretamente em carteiras digitais como a do PayPal, Google e Samsung.
Bs2
A solução do banco digital Bs2 segue a mesma linha: sua conta internacional com cartão de débito em dólar, sem taxa de manutenção da conta e saques em ATMs credenciados à rede MasterCard (alguns ATMs cobram taxa de saque). É preciso ter a conta nacional da Bs2 e então abrir uma conta internacional, podendo assim transferir valores em reais para dólar entre elas, e vice-versa. A Bs2 pede apenas documento de identificação para criar a conta em seu aplicativo e pedir o cartão. Em viagens, é possível sacar em moedas locais em qualquer ATM vinculado à rede Cirrus; nesse caso, a conversão se dará diretamente entre dólar (da sua conta internacional) e a moeda local. No caso de pagamentos em moedas diferentes de dólar, o valor será convertido no ato da transação e debitado da conta em dólar, com spread de 2% em cima do valor da compra. Para converter reais em dólares, o IOF é de 1,1%; na operação inversa, a taxa é de 0,38%, mais spread de 2% em cima da última cotação do dólar comercial do Bs2. Por enquanto a conta internacional BS2 está disponível somente em dólares americanos, mas a fintech pretende liberar outras moedas em breve.
Nomad
A Nomad Global é uma empresa brasileira que, em parceria com o banco americano Evolve Bank & Trust possibilita a não residentes criarem uma conta digital gratuitamente e movimentarem o dinheiro em dólar. Ao criar a conta, o cliente deve pedir o cartão físico, e pode ganhar US$ 15 de cashback ao transferir a primeira remessa internacional por TED ou PIX de no mínimo US$ 100 dentro de 15 dias após a abertura da conta. O cartão de débito internacional é bandeira Mastercard, a mesma do virtual, compatível com Apple Pay, Google Pay e Samsung Pay. A Nomad está enviando o cartão gratuitamente, por tempo limitado, nos Estados Unidos ou no Brasil. O cartão é aceito em 20 países, entre eles Estados Unidos, Brasil, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Japão, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Singapura, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido. O custo das operações é de IOF de 1,1%, mais spread de 2% sobre a remessa. A Nomad tem opção de carteiras de investimentos para quem não quiser deixar o dinheiro parado entre viagens.