A cidade de Ubatuba é bem conhecida dos surfistas paulistas, mas as suas 75 praias também abrigam ótimas opções para os aventureiros que curtem mato com vista para o mar. Uma boa pedida é a Travessia da baía do Saco das Bananas. A travessia começa na praia da Caçandoca, batendo o pique na praia da Tabatinga, e retornando de bike até o ponto inicial. Ao todo, são 32 quilômetros: 20 a pé até Tabatinga (completados em cerca de quatro horas) e mais 12 quilômetros em cima da magrela, por estradas.

Se preferir – a aí inclua duas penas a mais no seu programa de índio – dá para fazer tudo de bike. Eu optei pelo plano A e para isso, guardei a minha bicicleta em Tabatinga – a dica aqui é pedir um cantinho nos restaurantes Deck ou Vida Mansa – e seguir de carro até Caçandoca, de onde comecei o trekking.

1º parte – Caçandoca até Simão

Em Caçandoca, encontre uma trilha no canto direito da praia. Saiba que para achá-la é necessário, às vezes, atravessar um riozinho e por isso calce o tênis depois. Esta trilhazinha leva à praia da Caçandoquinha, mais bonita e vazia do que sua irmã. Aproveite o visual para se alongar, preparando os músculos para a grande pernada.

Também no canto direito da caçula, atravesse uma ponte azul e siga pela trilha à direita, seguindo em paralelo a uma cerca. Após uns 200 metros, vire à esquerda na bifurcação e suba. Após esse ponto a trilha é bem demarcada e sem muitas bifurcações. É sempre seguir pela principal. E o legal é que a partir desse ponto, a bela Ilhabela vira pano de fundo até o fim da travessia.

Com mais meia hora de caminhada, do alto de um morro, tem uma casa de onde há uma visão 360 graus da região. E o melhor: o morador dela vende um dos melhores doces de banana do mundo. Aproveite para repor as energias.

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Mais quatro quilômetros percorridos – em aproximadamente 40 minutos – e surge uma construção abandonada, a antiga escola da região. Contorne a casa pela direita. Antes de continuar o percurso principal, há uma opção imperdível: pegar a trilha à esquerda, descendo até a praia do Saco das Bananas, um pedaço de areia muito simpático, com águas calmas, que te convidam a um banho. Depois volte para a escola abandonada, pegue a trilha da direita e ande por mais dois quilômetros.

Quase próximo à praia, preste atenção numa trilha à esquerda, que dá acesso à areia. Desça a piramba e respire fundo para ter a visão de uma das praias mais bonitas do Brasil: a praia do Simão, pico procurado pelos surfistas por causa das suas ondas tubulares no canto esquerdo.

No horizonte, ilhas e mais ilhas: a Ilhabela, a dos Búzios e da Vitória. Motivo triplo para fazer uma parada, comer um lanchinho, hidratar o corpo e, se você é habilidoso na modalidade “jacaré”, pegar um dos mais insanos da sua vida.

No canto direito da praia há um interessante costão rochoso e talvez uma das menores cachoeiras do mundo, com apenas algumas gostas de queda, mas que no contexto se transforma numa ducha superenergizante.

2º parte – Simão até Ponta Aguda

Depois da vida boa, é hora seguir a travessia do Saco das Bananas. Há uma trilhazinha atrás de uma casa, que fica no meio da praia do Simão. Depois de uma subida pelo meio de uma mata bem fechada, encontra-se a trilha principal, a qual deve ser seguida pela direita. Se você não encontrar esta entrada, peça uma indicação para o morador ou retorne para o canto esquerdo, na mesma trilha da chegada, que é a principal.

Ande mais cinco quilômetros até uma bifurcação. À direita há uma estrada de terra, que pode ser uma primeira opção de resgate (caso você já esteja se arrastando) ou um caminho mais rápido até o ponto final, em Tabatinga. Mas como pular do ônibus fica feio, escolha a trilha da direita e prepare o corpo e a mente para mais dez quilômetros de trekking com praias de babar. A primeira já fará você agradecer por ter continuado: a da Lagoa, como o nome já entrega, abriga uma incrível lagoa de água doce no canto esquerdo, de frente para o mar. Ali é assim: um tibum no mar e outro na lagoa, pra tirar o sal.

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Depois, siga pela praia até o canto direito e procure pela trilha. Aqui as trilhas são menos usadas e por isso, mais fechadas. Vale usar uma calça e camiseta de manga comprida. Ande mais dois quilômetros e chegue a Ponta Aguda, um braço de mar sem areia (costa de pedras), que garante boas fotos e a primeira visão do outro lado da travessia.

Depois retorne mais ou menos um quilômetro pela mesma trilha e preste atenção na primeira trilha que aparecer à esquerda – se você perdê-la, irá perceber que está voltando pelo mesmo caminho para a praia da Lagoa, volte e procure essa entrada. Caminhe mais dois quilômetros até a dita praia da Ponta Aguda, já mais mavucada, com um barzinho bem no centro.

HORA DO BANHO: Na praia da Lagoa dá para tirar o sal do corpo num tibum de água doce

3º parte – Ponta Aguda até Tabatinga e volta de bike

Depois de tomar um refrigerante, a opção em Ponta Aguda é seguir pela costeira, numa escalaminhada bem bacana, com aproximadamente meia hora até a praia da Figueira, a última mais deserta da travessia. Portanto, aproveite a paz e energia do local.

Entre na trilha que passa ao lado de uma casa no meio da praia e termina numa estrada de terra, siga pela esquerda por mais uns dois quilômetros até o asfalto da Rio-Santos e de lá retorne sentido Tabatinga. Resgate a bike e prepare-se para um pedal curtinho, de 12 quilômetros (meia hora): cinco quilômetros pela Rio-Santos e seis por chão de terra até a Caçandoca, final do inesquecível passeio.

Travessia do Saco das Bananas: anota aí

Dificuldade: de moderada a difícil

Total: 20 quilômetros de trekking mais 12 de bike

Tempo: quatro horas andando e meia hora pedalando

Total de subidas somada: 1.200 metros de altitude

O que levar e vestir para a Travessia do Saco das Bananas: tênis para andar em trilhas com solado aderente; roupa leve e de secagem rápida; mochila pequena com bolsa de hidratação; tocador de mp3; máquina fotográfica (claro!); lanche de trilha; óculos de sol; boné; protetor solar; sunga ou biquíni.

Para chegar à Caçandoca: siga pela BR-101 sentido Santos-Rio até o km 77, entre na estrada de terra e ande mais seis quilômetros até a praia.

 

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de outubro de 2007 e atualizada em dezembro de 2019)