Como evitar a compulsão por doces?

Por Bianca Vilela*

compulsão por doces
Imagem: Shutterstock

Quem aí nunca sentiu aquela “culpa no cartório” ao consumir doces? Na verdade, um excesso de doces ou comida ultra processada, chamado por muitas pessoas também de compulsão por doces. Muitos alegam ter um paladar infantil, mesmo na fase adulta. Ok, ainda que crianças tenham uma propensão natural a sabores mais doces, o fato é que tanto adultos quanto crianças deveriam evitar alimentos excessivamente açucarados e ultra processados.  

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Gostar de doces não é a mesma coisa que ter paladar infantil, e nem sempre significa ter compulsão por doces. Mas tendemos a relacionar alimentos como balas, pirulitos, cachorro-quente, pastel, pizza, hambúrguer e salgadinhos à infância, porque de alguma maneira, eles nos levam a uma memória afetiva, nos trazendo um prazer e bem-estar imediatos. Comemos bolinho de chuva lembrando de nossas avós, pizza recordando bons momentos na pizzaria com pais, irmãos e amigos, ou aquele pastel revivendo nostálgicos domingos de feira livre. Construímos nossas recordações por meio da comida e de momentos ao redor da mesa. 

Para nos aprofundarmos neste tema, convidei a nutricionista que é expert em nutrição materno infantil Nathalia Escudeiro. “Entender esta relação é muito importante, já que na maioria das vezes, quando estamos ansiosos, tristes ou estressados, buscamos estes alimentos para nos consolar e trazer um sentimento agradável. Claro, fisiologicamente, a gordura e o açúcar causam reações químicas no cérebro, com liberação de neurotransmissores que nos trazem bem-estar quase que instantaneamente. Porém, se algum alimento te traz lembranças afetivas, estas liberações podem começar muito antes de colocá-lo na boca”, afirma a especialista.

Durante a jornada de trabalho, nos deparamos com situações que nos farão buscar consolo imediato. E, não à toa, mantemos a gaveta do escritório recheada com guloseimas. Há também os momentos em que buscamos, nesta gaveta, uma recompensa. A recompensa por um obstáculo superado, um reconhecimento profissional, ou pelo sucesso de uma reunião importante. 

Segundo Nathalia, o sinal de alerta de uma possível compulsão por doces começa quando a única alternativa para alcançar o alívio e bem-estar ocorre através da comida. Ou, no caso da compulsão por doces, a pessoa perde o controle da quantidade ingerida. Neste sentido, vale a pena se atentar a 3 pontos importantes:

1. Restrição total!

A necessidade de comer um docinho pode estar relacionada à dietas restritivas. Nosso organismo, precisa de uma quantidade mínima de calorias por dia para manter atividades básicas como bombear sangue, respirar, digerir alimentos, piscar, manter temperatura corporal. Chamamos isto de metabolismo basal. Em caso de dietas muito restritivas em calorias – e sem acompanhamento – ao final do dia, nosso corpo exigirá mais energia, e nada mais rápido do que o carboidrato para nos fornecer estas calorias faltantes. A mesma coisa pode acontecer com dietas de restrição a carboidratos, pois ao final do dia precisaremos buscar uma maneira mais rápida de conseguir energia, e as guloseimas se encaixam perfeitamente neste quesito. Pois é, dietas muito restritivas podem levar justamente à compulsão por doces e à falta de controle. 

2. Desorganização e falta de planejamento

Manter uma rotina alimentar organizada é fundamental para não ficar à mercê das guloseimas. Afinal, se você encaixá-las durante o seu dia, evitará o consumo em excesso, principalmente se você estiver em processo de reeducação alimentar. Se o seu dia não tem horários para as refeições, a fome e a vontade comer se confundirão, aumentando o risco de comer mais do que precisava, ou de matar a fome com alimentos ultraprocessados. Organize seu dia e suas refeições, e inclua momentos para as guloseimas.

3. Comer consciente e com prazer

Precisamos refletir o motivo de nossas escolhas por determinado alimento, e em que momento o estou consumindo. Se busco conforto na comida, é preciso ficar atento se estou realmente aproveitando essa escolha, ou se como tão rápido que termino querendo mais – o que pavimenta o caminho para a compulsão por doces. Comer com atenção plena é fundamental para não consumir em excesso. Lembram que neurotransmissores podem ser liberados ainda antes de consumir o alimento, devido às memórias afetivas? Pois bem, use isto a seu favor! Ao escolher um alimento que te remeta algum sentimento de conforto, aproveite, coma devagar, repasse histórias e momentos na sua cabeça, deguste… isso ajudará a diminuir a quantidade consumida, pois a sensação de bem-estar chegará mais cedo.

Qual o melhor caminho? Certamente promover mudanças graduais e sem cobranças. Vamos tentar? 

BIANCA VILELA é mestre em fisiologia do exercício pela 
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), palestrante 
e produtora de conteúdo. Desenvolve programas de saúde 
in company em grandes empresas por todo o país há mais 
de 15 anos. Na Go Outside fala sobre saúde no trabalho, 
produtividade e mudança de hábitos. 

Instagram: @biancavilelaoficial

 







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