Cientistas descobrem que o Monte Everest está ficando cada vez mais alto

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Mudança em sistema fluvial tem contribuído para elevação da montanha mais alta da Terra. Foto: Manish Donarkar / Shutterstock.

As primeiras expedições ao Everest enfrentaram muitas dificuldades. Enquanto alpinistas congelavam com roupas inadequadas e apostavam suas vidas em cordas frágeis, talvez encontrassem algum consolo em saber que, em 1924, tinham 0,2 metros a menos para escalar em comparação com seus sucessores um século depois.

Pode ser quase um passo insignificante para um alpinista, mas em termos geológicos, é bastante impressionante. Em geral, as rochas se movem lentamente. Ainda assim, o crescimento rápido do Himalaia não é uma surpresa para os cientistas, já que a placa tectônica que carrega o subcontinente indiano continua colidindo com a placa eurasiana.

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Esse processo começou há cerca de 40 milhões de anos, dobrando a crosta entre as duas placas e forçando-a em direção ao céu, formando agulhas quebradas de rocha e gelo. Então, por que todo o alvoroço sobre o Everest?

Por dois motivos: primeiro, porque é o Everest, a montanha mais alta do mundo; segundo, porque um artigo publicado na última segunda-feira (30) na revista científica Nature Geoscience argumenta que uma enchente ocorrida há 89 mil anos pode ser responsável por empurrar o Everest, de 8.848m, ainda mais alto do que alguns de seus vizinhos no Himalaia.

Pesquisas apontam para uma causa surpreendente: um rio, roubado há muito tempo por outro curso de água invasor. Os rios são agentes de erosão, mas seu consumo de terra pode ter efeitos inesperados. Há cerca de 89 mil anos, um rio poderoso anexou outro nas proximidades. Combinados, os dois se tornaram mais erosivos. Isso levou à remoção de uma parte muito maior da paisagem do Himalaia, e um enorme peso foi tirado da crosta, a camada da Terra onde vivemos.

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O Rio Arun flui ao sul do Everest, no Nepal. Foto: Reprodução / Google Maps / Explorersweb.

Na geologia, o processo de um rio roubar água de outro é chamado de pirataria de drenagem. É isso que os pesquisadores da China University of Geosciences e da University College London acreditam que aconteceu na região ao redor do Everest. A pirataria de drenagem pode explicar o curso estranho do Rio Arun, que corta as colinas e vales abaixo do Everest como um bisturi.

Esse curso tortuoso levou a equipe a realizar simulações em computador de um evento hipotético de fusão no passado. Eles teorizam que o sistema do Rio Kosi, que compreende a maioria dos rios da região, inundou o Planalto Tibetano e forçou o Rio Arun a seguir seu curso atual.

Essa crosta mais leve, diz o estudo, conseguiu flutuar mais facilmente sobre a camada do manto subjacente. No final, isso acrescentou de 15 a 50 metros à altura do Everest, servindo como um lembrete de que nada, nem mesmo uma colossal pirâmide de rocha, é imutável.

“Embora as montanhas possam parecer imóveis da perspectiva de uma vida humana, elas estão, na verdade, em constante movimento”, disse Jin-Gen Dai, geocientista da Universidade de Geociências da China, em Pequim, e autor do estudo.

Embora essa explicação explique apenas parte do aumento de altura do Everest, os cientistas a veem como um passo para entender como a montanha cresceu até se tornar o que é hoje.