A exploração espacial ainda é um grande desafio quando se trata de submeter o corpo humano a longos períodos nas condições extremas do espaço. Aqui na Terra, estamos protegidos, mas, lá fora, precisamos lidar com inúmeras ameaças — como a radiação cósmica, a qual pode causar danos permanentes à saúde. Por isso, um grupo de cientistas russos e norte-americanos debatem algumas ideias nada ortodoxas para solucionar este grande problema, como adaptar o corpo de futuros astronautas antes destas missões.
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Eles chegam até mesmo a considerar a remoção do baço dos astronautas para reduzir os danos causados pela radiação — mas, por enquanto, isto permanece apenas no campo das ideias.
Durante a Conferência Internacional de Exploração Espacial (GLEX, sigla em inglês) deste ano, o diretor do Departamento de Segurança de Radiação de Voos Espaciais Tripulados do Instituto de Problemas Biomédicos (IBMP, sigla em inglês), da Academia Russa de Ciência, contou o seguinte: “Os nossos colegas americanos nos fizeram uma pergunta e discutimos no quadro do grupo de trabalho: do ponto de vista da radiação, vamos retirar o baço antes dos voos de longa distância para reduzir a possibilidade de danos?”.
É que o baço — órgão que também pode ajudar a fabricar (e renovar) células sanguíneas em casos de falhas na medula óssea e no fígado, bem como atuar na resposta imunológica do nosso corpo —, pode ser afetado significativamente se for submetido a uma longa viagem a outro mundo.
Segundo Vyacheslav Shurshakov, chefe do IBMP radiação é a principal barreira para um voo tripulado para Marte. Em teoria, cientistas dizem ser possível enviar para lá astronautas “modificados”, para burlar o problema. Shurshakov diz ainda que partes dos olhos poderiam ser substituídas por artificiais ou, então, áreas do cérebro poderiam ser antecipadamente tratadas para evitar o desenvolvimento de Alzheimer devido à radiação.
Enquanto Elon Musk pretende enviar humanos para Marte ainda nesta década, o espaço permanece como um ambiente hostil para o nosso corpo. Desenvolver foguetes e naves que nos levem para outros mundos é tão importante quanto evitar ao máximo os danos que as condições extremas do espaço podem nos acarretar. Para Shurshakov, as pessoas só poderiam voar para o Planeta Vermelho “uma vez na vida”, se quiserem evitar sequelas permanentes à saúde.
Texto publicado originalmente no Space Daily.