Cicloativista Marina Harkot é atropelada e morta em São Paulo

Por Redação

marina harkot
Arquivo pessoal

A pesquisadora e cicloativista Marina Harkot, 28, morreu pouco depois da meia-noite deste domingo (8), após ser atropelada enquanto se deslocava de bicicleta em uma via do bairro de Pinheiros, em São Paulo. Ela não resistiu e morreu antes da chegada do socorro médico no local. O atropelamento foi na avenida Paulo VI, próximo à rua João Moura e o motorista fugiu sem prestar socorros.

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De acordo com o Uol, Mariana Braga, enfermeira e policial militar que estava de folga, passava pelo local quando percebeu uma movimentação. Ela não chegou a presenciar o atropelamento, mas decidiu parar para prestar assistência ao ver a ciclista caída no chão. Outros dois médicos teriam parado também para tentar socorrê-la.

Mariana acionou o Samu e a Polícia Militar, mas, segundo ela, Marina Harkot já estava sem vida. Segundo Mariana, um motoqueiro que disse ter seguido um Hyundai Tucson após ver o carro atingir a ciclista e, em seguida, fugir, apareceu no local. A placa do veículo que está sendo usada para investigar o responsável pelo atropelamento é a que ele conseguiu testemunhar. O caso foi registrado no 14º DP, em Pinheiros. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que a Polícia Civil tenta identificar o condutor.

Ativista de mobilidade e gênero

Cicloativista há cerca de oito anos, Marina Harkot era cientista social pela USP (Universidade de São Paulo), ativista feminista e pesquisadora de mobilidade urbana. Em 2018, concluiu um mestrado pela FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) com a dissertação de título “A bicicleta e as mulheres: mobilidade ativa, gênero e desigualdades socioterritoriais em São Paulo”. Marina Harkot era pesquisadora colaboradora do LabCidade (Laboratórios do Espaço Público e Direito à Cidade), ligado à FAU. Ela tinha em curso uma pesquisa de doutorado, também pela FAU, em que estudava a segregação socioterritorial a partir de abordagens de gênero, raça e sexualidade. Ela participava também do grupo de trabalho de gênero da organização Ciclocidade.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, policiais do 14º DP “realizam diligências em busca de elementos que auxiliem na identificação e localização do condutor do veículo”. “A autoridade policial está à disposição para prestar esclarecimentos aos familiares da vítima”, diz o texto. Os PMs constaram pelo sistema Detecta que o automóvel passou por diversas vias próximas ao acidente momentos antes. Já a policial militar que tentou prestar os primeiros socorros à Marina nega ter visto o atropelamento e diz que quem informou a placa do carro foi um motoqueiro. A SSP afirma que o delegado conseguiu contato com o homem que consta como proprietário do veículo, mas que ele disse ter vendido o carro em 2017. Segundo a secretaria, o homem se comprometeu a apresentar o documento de transferência de propriedade do automóvel à polícia.

A comunidade cicloativista de São Paulo está profundamente entristecida. “Perdemos uma das vozes mais inteligentes e articuladas da mobilidade por bicicleta”, disse Márcia Fernog, da Ciclocidade, em seu perfil. “Isso que vocês chamam de trânsito é barbárie. Justiça por Marina. E por todas as vítimas da violência nas ruas. ISSO NAO É NORMAL”, desabafou a ativista Aline Cavalcante. Querida na comunidade, ativa na militância e presente nas atividades comunitárias, Marina deixa um vazio enorme.







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